Chefe do Departamento de Desenvolvimento Global do Futebol da FIFA, Wenger apresentou a análise técnica da primeira fase do Mundial neste domingo (4) e disse que havia uma tendência de defesas protegendo o centro do último terço, o que significava que as equipes eram forçadas a usar pelas laterais para criar chances.
"As equipes bloqueiam o centro do campo, então elas abrem mais pelos flancos. Isso significa que as melhores equipes que têm os melhores jogadores abertos têm a melhor chance de ganhar a Copa do Mundo", disse o ex-treinador do Arsenal.
Jürgen Klinsmann, que é membro do Grupo de Estudos Técnicos da FIFA, disse que o padrão de fechamento da defesa também estava impactando o número de chutes a gol de fora da área.
"É realmente difícil para as equipes romperem o meio", disse o alemão. "As linhas defensivas e do meio-campo estão tão próximas que não há chance de disparar (para o gol)".
Esse padrão defensivo também levou a uma redução de 33% em relação à Copa da Rússia no número de "mano a mano" (atacantes que partem para cima dos defensores para tentar o drible).
Klinsmann disse que os dados favorecem mais as equipes sul-americanas do que as europeias.
"É a maneira deles de fazer as coisas. É o amor ainda pelo futebol de rua, os garotos vão para cima, um contra o outro. Portanto, não é surpreendente que eles estejam liderando (as estatísticas)", disse o ex-atacante da Alemanha.
Goleiros passadores
Outra grande mudança foi a frequência com que os goleiros se disponibilizaram para receber passes, subindo de 443 vezes durante a fase de grupos na Rússia para 726 no Catar.
"Isto significa que o nível técnico de um goleiro que distribui o jogo com os pés se tornou um elemento vital na qualidade de uma equipe", disse Wenger.
"Agora eles fazem parte da equipe, é a parte moderna da equipe", acrescentou.
Wenger revelou também que o maior tempo de acréscimo no final das partidas no Catar estava tendo pouco impacto nos jogos, mas poderia exigir mais do físico dos jogadores.