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Análise: falta de experiência pode assombrar a jovem seleção dos EUA?

Joel Barnett
Análise: falta de experiência pode assombrar a jovem seleção dos EUA?
Análise: falta de experiência pode assombrar a jovem seleção dos EUA?Profimedia
Com uma média de idade de 23 anos, os Estados Unidos foram os mais jovens dos times a conquistarem uma vaga para a Copa do Mundo do Catar. Para se ter uma ideia, o combinado norte-americano é dois anos mais jovem que a média de idade da seleção de Gana (25 anos), que é a mais próxima neste quesito.

Introdução

Os EUA não conseguiram se classificar para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia – a primeira ausência da seleção norte-americana desde o México, em 1986 – mas esta nova equipe, sob o comando do técnico Gregg Berhalter (49), mostra muita coragem, empolgação e promessa.

Berhalter despontou como uma das grandes estrelas da seleção dos EUA como jogador na campanha da Coreia do Sul e do Japão, em 2002, quando os norte-americanos chegaram às quartas de final. Quando os EUA entrarem em campo contra o País de Gales, ele será o primeiro homem a representar o país na Copa como jogador e treinador.

Mas sua equipe jovem e inexperiente precisará maximizar seu potencial, caso deseje ter a mesma sorte que o comandante teve há 20 anos, só que desta vez no Oriente Médio.

Ao fim de uma Eliminatória desnecessariamente apertada para o Mundial de 2022, os EUA acabaram superando a Costa Rica no saldo de gols para selar sua vaga automática no Catar. A equipe ficou atrás de Canadá e México na qualificação da Concacaf.

Mas o fracasso anterior para se classificar para o Mundial de 2018 foi pesado para a seleção local e os seus torcedores, com cada tropeço trazendo de volta memórias dolorosas de sua derrota por 2 a 1 para Trinidad e Tobago, em 2017 – o jogo que selou o destino norte-americano na última Copa.

O co-anfitrião da próxima Copa do Mundo, em 2026, teve seu melhor resultado na edição inaugural da competição, no Uruguai, em 1930, onde terminou em terceiro lugar, porém poucos apostam que o time é capaz de repetir tal façanha no Catar.

O lateral DeAndre Yedlin é o único veterano de Copa do Mundo na equipe. Ele fez a sua estreia pela seleção norte-americana na Copa do Mundo do Brasil, em 2014.

O jogador, de 29 anos, soma 75 partidas pelos Estados Unidos. Os outros jogadores mais experientes do plantel são Kellyn Acosta (53 jogos), Christian Pulisic (52), Jordan Morris (49) e Tim Ream (46).

Pontos fortes

Pulisic, do Chelsea, é indiscutivelmente o menino de ouro da seleção dos Estados Unidos e está entre os jogadores a serem observados no torneio.

O meio-campista, de 24 anos, não foi acionado com frequência pelos Blues na Premier League, jogando apenas um jogo completo - a derrota por 2 a 0 para o Manchester City -, mas continua sendo uma boa perspectiva para os EUA, e faz parte de uma ameaça pelas pontas.

Pulisic terá a companhia do veloz Tim Weah (22) - filho do vencedor da Bola de Ouro de 1995 e presidente da Libéria, George Weah. Tim joga no Lille, campeão da Ligue 1 de 2019.

Competindo por uma vaga no time titular estará Brenden Aaronson (22), do Leeds United, cuja energia forma a base do meio-campo ao lado de Gio Reyna (20) - o filho veloz de Claudio Reyna, ex-jogador de Manchester City, Rangers e EUA. Reyna joga pelo Borussia Dortmund e é conhecido por seu controle e sua visão de jogo.

Pontos fracos

Há duas preocupações principais para os EUA que podem ser um pouco problemáticas: a dupla de zaga e os atacantes. A defesa costumava ser a força norte-americana em torneios anteriores, mas as lesões atingiram duramente a equipe.

Walker Zimmerman (29) se destacou durante as Eliminatórias, mas seu companheiro de defesa Miles Robinson (25) está fora da Copa do Mundo após sofrer uma lesão no tendão de Aquiles em maio. Chris Richards (22) sofreu uma lesão no tendão e não se recuperou a tempo e, apesar de sua experiência, John Brooks (29) acabou não sendo convocado.

A ausência deles abre as portas para Ream, de 35 anos, capitão do Fulham. Ele fez sua estreia pelos EUA em um empate em 0 a 0 contra El Salvador, em setembro de 2021, e fará sua primeira aparição na Copa do Mundo, embora provavelmente esteja no banco de reservas.

Enquanto isso, no ataque, Josh Sargent (22), do Norwich City, Jesus Ferreira (21), do FC Dallas, Jordan Siebatcheu (26), do Union Berlin, e Ricardo Pepi (19), do Groningen, tiveram muitas oportunidades de assumir a posição de centroavante, mas dos 20 gols marcados em 14 partidas pelas Eliminatórias, apenas quatro foram de algum deles.

Apesar de marcar regularmente por seus clubes, o problema tem sido traduzir esta força ofensiva no cenário internacional. Claramente frustrado, Berhalter excluiu Pepi e Siebatcheu de sua convocação final para a Copa do Mundo, uma das decisões mais surpreendentes tomadas pelo comandante norte-americano.

"No caso de [excluir Pepi da equipe], foi uma conversa muito difícil de se ter com ele", disse Berhalter aos repórteres. “É sempre difícil quando um cara te ajuda a chegar à Copa do Mundo, marca três gols nas Eliminatórias e não vai fazer parte do grupo".

Time titular

Turner; Dest, Zimmerman, Long e Robinson; McKennie, Adams e Musah; Weah, Ferreira e Pulisic.

Os Estados Unidos terão uma das seleções mais jovens da Copa do Mundo, mas será que a falta de experiência joga contra eles?

Zack Steffen (27) foi inicialmente a escolha no gol, mas sua carreira entrou em declínio desde sua transferência do Columbus Crew - um time que Berhalter treinou - para o Manchester City, e empréstimos subsequentes para Fortuna Dusseldorf e Middlesbrough.

Ele era uma aposta justa para ser incluído no time, mas foi excluído da convocação.

Em seu lugar está o goleiro do Arsenal Matt Turner (28), que deve ser titular contra o País de Gales, apesar de atuar pelo Arsenal em apenas algumas partidas da Liga Europa nesta temporada.

O resto da equipe fala por si com Sergiño Dest (22), do Milan, Zimmerman (29), do Nashville SC, Aaron Long (30), do New York Red Bulls, e Antonee Robinson (25), do Fulham, formando a linha de quatro defensores.

Weston McKennie (24), da Juventus, se recuperou de uma lesão na coxa e voltou a jogar como titular na semana passada. O jogador, de 24 anos, que tem 37 jogos pela seleção, será encaixado em um meio-campo jovem, que conta com Tyler Adams (23), do Leeds United, e Yunus Musah (19), do Valencia.

Apesar de ter sido convocado para 11 dos 12 mais recentes compromissos dos Estados Unidos – e ter atuado em seis confrontos –, o ponta Paul Arriola (27), do FC Dallas, não foi convocado para esta Copa do Mundo.

No ataque, o companheiro de equipe de Arriola, Ferreira, será parceiro de Weah, do Lille, e da estrela do Chelsea, Pulisic, apesar de o treinador dos Blues, Graham Potter, frequentemente acioná-lo como um ala.

Briga por posição

Os EUA nomearam sua segunda seleção mais jovem da história para a Copa, com 25 de seus 26 jogadores prontos para fazer sua estreia no maior palco do mundo, no Catar.

Apesar da idade, McKennie, Musah e Adams se estabeleceram como o trio titular de meio-campo dos EUA e carinhosamente foram apelidados de 'MMA'.

Berhalter sabe mexer com outras opções no meio, especialmente na posição de Musah, com Aaronson e Reyna mais do que capazes, mas o jovem meia do Valencia é visto como um atleta consistente e é uma aposta certeira para entrar em campo em todas as partidas.

Adams também é visto como quase insubstituível no onze ideal de Berhalter, com atuações sólidas pelo Leeds nesta temporada, praticando pressão alta na formação desenhada por Jesse Marsch no clube inglês. O papel é semelhante ao que o comandante norte-americano quer que ele desempenhe.

Mas longe dos titulares absolutos, a competição por vagas é acirrada.

Quatorze jogadores atuam nas principais ligas do mundo - Inglaterra, Alemanha, Espanha, França e Itália -, com cinco jogando na Liga dos Campeões. O palco pode estar armado para o nascimento de uma estrela.

Previsão

Os EUA enfrentarão Inglaterra, País de Gales e Irã no Grupo B, mas é a partida de estreia contra o País de Gales, em 21 de novembro, no Al Rayyan Stadium, que pode ser chave para as pretensões da equipe.

Ambas as seleções batalham de igual para igual para se classificar, mas as lesões e a falta de experiência podem voltar a assombrar a seleção norte-americana. Se eles passarem da fase de grupos, provavelmente se classificarão em segundo lugar, atrás da Inglaterra, estabelecendo um possível confronto nas oitavas de final com a Holanda ou o Senegal. Não se espera que eles possam ir muito mais longe. Em 2026, no entanto, a história pode ser totalmente diferente.