Análise: após quebra do jejum, Argentina chega ao Catar sonhando alto
Introdução
O momento de recuperação é, se pensarmos em retrospectiva há quatro anos, inesperado. A Copa do Mundo da Rússia terminou em completo desastre para a Argentina, com Jorge Sampaoli demitido do cargo de técnico. Ele foi substituído temporariamente por seu então auxiliar Lionel Scaloni, que mais tarde teve a chance de comandar a seleção na Copa América 2019, também no Brasil, já sem o status de interino. Ele levou a equipe ao terceiro lugar e, dois anos depois, a levou ao tão desejado título depois de 28 anos. Agora o técnico mais jovem entre as seleções da Copa do Mundo, Scaloni, de 44 anos, prepara a Albiceleste para conquistar o troféu mais importante do futebol mundial.
Deve-se admitir que os jogos que antecedem a Copa dão ótimos sinais para eles. Os argentinos chegam ao Mundial com uma sequência de 36 jogos sem perder. A última derrota foi nas semifinais da já citada Copa América de 2019, contra o Brasil no Mineirão. Com tal escrita, a Argentina buscará contra a Arábia Saudita, em sua estreia no torneio no Catar, igualar o recorde histórico de número de partidas sem derrota para uma seleção principal, que pertence à Itália e é de 37 jogos. A série terminou um mês depois que a Itália venceu a Euro 2020.
Pontos fortes
Como é de costume com os favoritos ao título mundial, os argentinos têm muitos pontos fortes. No entanto, há alguns anos, se alguém pensa na seleção argentina, pensa em Messi e em uma força ofensiva muito poderosa. Não é diferente desta vez. Há poucos anos, o ataque dos argentinos era formado por Messi, Sergio Agüero, Ángel Di María e Gonzalo Higuaín. Alguns nomes mudam, mas o potencial ofensivo permanece. No atual elenco de Scaloni, Messi e Di María são os responsáveis pelo ataque, com o reforço de Lautaro Martinez. Ele foi o autor de sete gols argentinos nas elimintórias para a Copa do Mundo.
No entanto, os atacantes não são os únicos que ajudam no lado ofensivo. A força da Argentina também está em seu meio-campo, que mantém a posse de bola e cria muitas chances para os atacantes. Nas eliminatórias, os líder da seleção argentina nesse quesito foi Rodrigo de Paul. O jogador do Atlético de Madrid deu três assistências e foi fundamental na conquista da Copa América.
Com meio-campistas que se sentem confortáveis com a bola nos pés e exibem regularmente sua criatividade, é fácil para a Argentina controlar o jogo. Nas eliminatórias, registrou um índice de posse de bola menor que o rival em apenas três partidas, e ainda assim conseguiu vencer todas elas. Os jogadores de Scaloni costumam manter a possse e procurar pacientemente o caminho para o gol. No entanto, se alguém conseguir conter a posse argentina, eles ainda encontram outras formas para derrotar seus rivais.
No início da carreira de Messi com a seleção, o problema era principalmente defensivo. Quanto mais longe do ataque, o nível caía drasticamente. Tudo dependia do talento do goleiro, e nos últimos anos a Argentina errou na peça que ficava entre as traves, sem uma estrela nessa posição. Até Scaloni passou muito tempo procurando o goleiro certo. Emiliano Martínez era sua nona escolha nesta posição. O jogador do Aston Villa viveu um grande momento no clube, que o levou para a seleção. Nas eliminatórias, ficou seis jogos sem sofrer gols e teve a maior porcentagem de chutes defendidos da competição. A atitude do goleiro e de toda a defesa será muito importante para um possível sucesso da Argentina na Copa do Mundo.
Pontos fracos
Os argentinos viajam para o Catar em uma sequência de 36 jogos sem perder, que os levou a ganhar a Copa América. Além disso, conta com Messi, um dos melhores jogadores da história. Se fosse fácil encontrar uma fraqueza na seleção argentina, ninguém a colocaria como favorita para vencer o torneio.
A única fragilidade é a lesão de Lo Celso, que não disputará o Mundial e, nas eliminatórias, foi uma figura importantíssima da seleção. No entanto, esta é a única fraqueza que não pode ser tratada como de toda a equipe.
Veja os números da Argentina no Flashscore
Se há algo a reclamar é o histórico das finais com a seleção argentina na era Messi. Copa América 2007, Copa do Mundo 2014, Copa América 2015, Copa América 2016 - a Argentina esteve nas finais de todas essas competições e Messi só conquistou seu cobiçado primeiro título com a seleção nacional em 2021. Os problemas psicológicos e as habilidades de liderança do camisa 10 nas decisões podem ser as únicas desvantagens que o histórico mostra.
Time titular
Emiliano Martínez; Nahuel Molina, Cristian Romero, Nicolás Otamendi e Nicolás Tagliafico; Guido Rodríguez, Alexis Mac Allister e Rodrigo de Paul; Ángel Di María, Lautaro MartÍnez e Lionel Messi.
Se a qualidade dos reservas é para provar a força do elenco, basta dizer que Paulo Dybala e Lisandro Martínez ficam com frequência no banco da Argentina.
Há muito se sabe que as últimas gerações de jogadores argentinos tiveram as posições de goleiro e zagueiros como carências. Basta dizer que na final da Copa do Mundo de 2014 os argentinos entraram em campo com Sergio Romero, Ezequiel Garay e Martin Demichelis. É verdade que ainda faltam jogadores do mais alto nível nessas posições, mas com a forma que Emiliano Martínez e Cristian Romero podem demonstrar no Catar, essas funções não devem ser problemas.
Na ausência de Lo Celso, o meio-campo pode parecer um pouco mais fraco, então De Paul terá que assumir mais responsabilidades na armação. Mas Scaloni também pode contar com Messi buscando a bola mais atrás.
Claro, também não há problemas com o ataque. A Argentina sempre foi famosa por seus grandes atacantes, e Lautaro Martínez, de 25 anos, e Julián Álvarez, de 22, que tem atuado com mais frequência pelo Manchester City, mostram que também não deve haver problemas nesta posição no futuro. Tudo é conduzido, claro, pelos veteranos que ainda são os líderes deste plantel — Messi e Di María.
Previsão
Os argentinos deram sorte e evitaram um grupo difícil. Depois de 35 jogos sem perder, não há como os jogadores de Scaloni terem medo de Polônia, México ou Arábia Saudita. Além disso, o calendário foi tão favorável que eles iniciam a campanha contra os árabes. Isso deve permitir um bom começo, com nove pontos prováveis na fase de grupos.
Além disso, o calendário tem funcionado bem para os argentinos, visto que começam o torneio contra a equipa da Ásia. Isto deverá proporcionar um início confortável, no qual deverão terminar a fase de grupos com todos os nove pontos em disputa. A esperança é que cheguem longe no torneio, talvez até à final.