Análise: Brasil chega como favorito para conquistar a Copa do Mundo
Introdução
Apesar da pressão, a confiança no título do Brasil é alta. O trabalho de Tite, que já dura seis anos, é extremamente sólido. E o elenco, que oferecia poucos talentos ofensivos consolidados além de Neymar em 2018, ganhou ótimas alternativas ao craque do time, como Richarlison, Raphinha, Vinícius Júnior e Antony.
A Seleção Brasileira está invicta desde a derrota na final da Copa América de 2021, com 12 vitórias e três empates. A falta de confrontos com seleções europeias, porém, deixa um asterisco nos ótimos números. Em todo o ciclo para o Catar, o Brasil teve apenas um adversário do continente: a República Tcheca, em amistoso em Praga com vitória brasileira.
E são justamente as seleções europeias o grande obstáculo do Brasil na saga pelo hexa. A vitória contra a Alemanha na final de 2002 foi a última em um mata-mata contra uma equipe do continente. Desde então, a Seleção foi eliminada da Copa assim que enfrentou uma europeia em um jogo de vida ou morte.
Pontos fortes
O entrosamento alcançado pela Seleção Brasileira desde a chegada de Tite é um dos grandes trunfos na busca pela sexta estrela na camisa. A espinha dorsal formada por Alisson, Thiago Silva, Marquinhos, Casemiro e Neymar dificilmente é superada por qualquer outra favorita ao título — sobretudo após os desfalques por lesão da França.
A solidez defensiva, marca do primeiro ciclo do treinador, segue em evidência: são apenas cinco gols sofridos nas últimas 15 partidas. E se em 2018 havia desconfiança sobre a capacidade ofensiva diante de retrancas, agora restam poucas dúvidas, com opções variadas e talentosas do meio para frente: Neymar, Vinícius Júnior, Richarlison, Rodrygo, Pedro... Não à toa, Tite chamou nove atacantes entre os 26 convocados.
Em situações adversas que certamente surgirão no Catar, o técnico pode fechar os olhos e escolher no banco alguém capaz de mudar o jogo. Ao contrário de 2010, 2014 e 2018, quando o Brasil sentiu falta de reservas que trouxessem impacto imediato ao entrar em campo.
Pontos fracos
As laterais são, sem nenhuma dúvida, a maior preocupação brasileira no Catar. A escassez do setor ficou escancarada pela convocação de Daniel Alves, aos 39 anos, já distante da elite do futebol mundial. O titular na direita, Danilo, tem sido mais zagueiro do que lateral na Juventus; na esquerda, Alex Sandro também vem experimentando a nova posição em seu clube.
Além de destoar do nível do restante dos titulares, a dupla pode não ser a melhor para entregar o que Tite pede aos laterais de seu time: construção por dentro. E foi justamente pela qualidade nesse quesito que o treinador convocou Dani Alves, mesmo com toda a polêmica em torno da decisão.
E embora o sistema defensivo tenha ótimos números, o alerta está ligado para as bolas aéreas na Copa. Dos últimos cinco gols sofridos pela Seleção, três vieram de levantamentos na área. A possível fragilidade pode ficar evidente logo na estreia, diante de uma Sérvia com muitos jogadores de estatura elevada.
Time titular
Alisson; Danilo, Thiago Silva, Marquinhos e Alex Sandro; Casemiro, Fred, Raphinha, Neymar e Lucas Paquetá; Richarlison.
A escolha dos jogadores sugere um 4-3-3, mas os últimos jogos do Brasil indicam um 4-2-3-1, com Neymar na função de camisa 10 e Paquetá pela esquerda. Independentemente das posições, a marca do ataque é a movimentação intensa entre os jogadores, ainda mais com Richarlison como um 9 móvel.
Na fase ofensiva, a equipe deve formar um 2-3-5, com Fred se aproximando do quarteto ofensivo para criar superioridade numérica no campo rival. Os laterais, por sua vez, ficam mais atrás, junto com Casemiro. Sem a bola, a tendência é de um 4-4-2, com Neymar mais solto à frente.
Tite, no entanto, tem variações já testadas para o sistema de jogo. Caso opte por Éder Militão no lugar de um dos laterais, o time fica com três atrás quando tem a bola.
Briga por posição
Ao observar a provável escalação inicial do Brasil na Copa, uma pergunta se faz necessária: onde fica Vinícius Júnior? Mesmo sendo um dos maiores craques da atualidade, ele ainda não se firmou de vez na Seleção, com apenas um gol em 16 partidas.
Seu principal oponente, em tese, é Raphinha, mas o jogador do Barcelona deu poucos motivos para sair do time titular de Tite desde que assumiu a vaga, com cinco gols em 11 jogos. Caso dê brechas no Catar, porém, Raphinha dificilmente manterá a posição, já que ninguém questiona a superioridade técnica de Vini Jr. Outra opção para alocar o ponta do Real Madrid é abrir mão de Fred ou Paquetá, deixando a equipe super ofensiva.
Na defesa, Danilo tem sido titular absoluto por falta de concorrência, mas uma eventual entrada de Militão em sua vaga não pode ser descartada. Embora a nível de clubes o jogador do Real Madrid não atue na lateral desde os tempos de Porto, Tite já o testou por ali em algumas ocasiões, e pode repetir a dose no Catar.
Previsão
As casas de apostas e os especialistas cravam: o Brasil é favorito ao título mundial. Para confirmar esse status, a Seleção terá de mostrar força logo de cara, com adversários duros no grupo: Sérvia e Suíça, que já apareceram na chave de 2018.
E ao contrário das últimas quatro Copas, as oitavas de final já devem colocar uma pedreira pela frente, com Portugal e Uruguai como possíveis adversários. Daí para frente, a trajetória brasileira no Catar deve ter apenas gigantes, e um provável caminho até a final tem Espanha nas quartas e Argentina na semi.
Para enfim conquistar o tão sonhado hexa, é preciso encerrar o incômodo jejum contra europeus em mata-mata. A seleção de Tite possui qualidade de sobra para isso e tem tudo para recolocar o Brasil no topo do mundo.