Análise: O triunfo da Espanha em 2010 parece algo muito distante

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Análise: O triunfo da Espanha em 2010 parece algo muito distante

Os espanhóis falharam no Brasil 2014 e na Rússia 2018
Os espanhóis falharam no Brasil 2014 e na Rússia 2018Profimedia
Ao falar da Espanha na Copa do Mundo, não é fácil esquecer aquele mágico 2010, ano que marcou um momento na história do futebol do país. Um título de Copa do Mundo que uniu, além do esporte, uma sociedade com rivalidades crescentes e imersa em uma crise econômica. Só nos exemplares Jogos Olímpicos de Barcelona 92 ​​houve tamanha alegria entre todos os espanhóis. Curiosamente, com uma geração comandada por Pep Guardiola, o time de futebol também conquistou o ouro. Mas ambos os marcos estão agora bem no passado. No torneio do Catar, eles entram sem o título de favoritos, mas com jogadores que ganharam muito nas categorias de base. Eles poderiam marcar um ponto de virada vitorioso mais uma vez? Não há nada de errado em sonhar.

Introdução

Na África do Sul, Shakira criou a música da Copa do Mundo, 'Waka Waka'. Mas de lá também veio outro hino, neste caso não musical mas futebolístico, o 'tiki-taka'.

Foi uma maneira maravilhosa de entender o futebol e simplesmente criar mágica com a bola. Passando de uma defesa comandada por Sergio RamosGerard Piqué e Carles Puyol para os mágicos no meio-campo XaviAndrés Iniesta e Xabi Alonso, que criavam chances para David Villa e Fernando Torres, tão precisos na frente do gol.

É certo que a Espanha estabeleceu uma tendência que muitos tentaram imitar. Apenas a Alemanha chegou perto. Nem mesmo as gerações seguintes de La Roja chegaram perto desse estilo de futebol.

Os espanhóis falharam no Brasil 2014 e na Rússia 2018, onde o drama foi ampliado quando, dias antes, seu técnico, Julen Lopetegui, foi demitido por ter se comprometido com o Real Madrid após a Copa do Mundo. 

Desses dias de vitórias, resta apenas um sobrevivente: Sergio Busquets. Do banco, Luis Enrique foi introduzindo sangue novo, tentando atualizar a versão obsoleta do tiki-taka para se adaptar aos tempos atuais. Até agora, ele chegou em duas semifinais da Liga das Nações, mas será o suficiente para disputar o título da Copa do Mundo?

Pontos fortes

A Espanha sempre teve excelentes jogadores com enorme qualidade técnica. E volta a tê-los, o que é sem dúvida a sua maior força. A nova leva de jogadores está se esforçando tanto que já estão sendo comparados aos seus grandes ídolos, apesar de ainda não terem 20 anos.

Pedri e Gavi, os dois últimos vencedores do Golden Boy, são os principais focos desta jovem e atraente equipe, na qual também se destacam Dani OlmoAnsu FatiFerran Torres e Yéremi Pino, entre outros.

Não são os mais fortes, nem os mais rápidos, nem os que correm mais quilômetros. No entanto, a forma como gerem a posse de bola, cuidam da bola e se relacionam com os outros é algo que poucas equipes possuem.

 Talvez seja curioso então, que com esse tipo de qualidade na bola, eles sofram para marcar muitos gols. Seu último grande desempenho com bolas na rede foi em setembro de 2021, em vitória por 4 a 0 sobre o fraco time da Geórgia. Embora, para contextualizar, a equipe de Luis Enrique possui 20 jogos consecutivos marcando pelo menos um gol, desde o empate sem gols, contra a Suécia em junho de 2021. 

O que esta nova versão do tiki-taka também está ajudando é manter sua defesa em branco. Com Unai Simón no gol após as fracas exibições de David De Gea substituindo Íker Casillas, apenas Portugal sofreu menos gols (3) que a Espanha (5) na Liga das Nações A. E eis que, na Liga das Nações, no encontro decisivo entre as duas seleções ibéricas, foi a Espanha que não sofreu gols, ao vencer por 1-0 em solo português. A partida de vida ou morte pode ter sido uma boa preparação para o próximo torneio.  

Pontos fracos

Como dissemos, a Espanha sofre muito na hora de vencer certos jogos porque não converte seu domínio em gols apesar de sua superioridade com a bola. Às vezes é muito frustrante ver mais de 800 passes em uma partida, mas não conseguir nenhum chute a gol ou ações perigosas. Basta olhar para a última derrota em partidas oficiais. No dia 24 de setembro, contra a Suíça, o time de Enrique teve 74% de posse de bola, fez 809 passes contra 278 do adversário, produziu 184 ataques a 76... mas teve apenas quatro chutes a gol contra cinco do adversário. Pontuação final? Espanha 1-2 Suíça.

Time titular

Unai Simon; Carvajal, Laporte, Pau Torres, Jordi Alba; Busquets, Koke, Pedri; Ferran Torres, Morata, Dani Olmo. 

A única coisa praticamente inegociável para Luis Enrique é a formação com a qual inicia os jogos: 4-3-3. No entanto, pode ser modificado graças à versatilidade dos jogadores que tem à sua disposição. Deve-se notar, não há onze fixos. 

Teremos que ver como alguns jogadores que se recuperaram recentemente de lesões, como Marcos LlorenteAymeric Laporte ou Olmo, ou mesmo aqueles que não jogaram antes do Catar, como Koke, se recuperam.

Onde o treinador não tem dúvidas é no gol, sendo Simón o titular indiscutível. Dois goleiros em grande forma na Premier League, De Gea e Kepa Arrizabalaga, que já ocuparam essa posição de titular, não conquistaram a confiança de Enrique e passaram de quase titulares a não estarem de volta ao elenco.

Na frente, o atacante em quem o treinador sempre confiou é Álvaro Morata. Em seus melhores e piores momentos, suas qualidades são o que ele quer para a Espanha.

Briga por posição

 A Espanha nunca foi um time com uma estrela indiscutível como a Argentina com Lionel Messi ou Portugal com Cristiano Ronaldo. Mas eles sempre tiveram líderes de equipe, jogadores com caráter para conduzir o time nos momentos mais difíceis.

No entanto, Luis Enrique não tem agora alguém com o status de grande capitão. Alguns dizem que é porque ele não quer que ninguém o ofusque. Ele tinha Sergio Ramos, o último jogador a desempenhar essa função, mas aproveitou as lesões no ano passado para deixar de contar com ele.

Busquets é o único campeão mundial na lateral, mas é um tipo diferente de líder, mais quieto e menos amigo da mídia. E ele não está nem perto de seu nível anterior naquela que pode ter sido sua última grande competição internacional.

Teremos que ver se há outro jogador capaz de assumir esse manto, e conseguir levantar os companheiros caso eles caiam.  

Previsão

A Espanha tem um caminho difícil pela frente no Catar. Para começar, com o maior respeito por Costa Rica e Japão, terão que brigar com a Alemanha pelo primeiro lugar do grupo E.

Independentemente de terminarem em primeiro ou segundo, eles podem enfrentar a Bélgica de Kevin De Bruyne ou a Croácia de Luka Modric nas oitavas-de-final, o que seriam disputas acirradas. Mas o maior teste viria nas quartas-de-final, com um possível confronto com o Brasil caso liderasse o grupo. Há quem pense que seria ainda melhor terminar em segundo e ter potencial para as quartas-de-final contra Portugal ou Uruguai. Isso é contando que o Brasil não fique em segundo lugar.

Se chegarem às quartas-de-final, que parece o resultado mais provável para a Espanha, talvez possam começar a sonhar um pouco mais alto.