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Análise: campeões africanos do Senegal buscam fazer história na Copa do Mundo

Antonio Moschella
Análise: campeões africanos do Senegal buscam fazer história na Copa do Mundo
Análise: campeões africanos do Senegal buscam fazer história na Copa do MundoProfimedia
Vinte anos depois de liderar o Senegal como capitão na Copa do Mundo de 2002 na Coreia do Sul e no Japão, Aliou Cissé (46) tenta novamente ser técnico no Catar. O treinador, com carreira como jogador nas principais ligas europeias e experiência como treinador no Mundial da Rússia, chega com a consciência de ter sido o arquiteto do enorme crescimento da seleção nacional.

Introdução

Eles são capitaneados por Kalidou Koulibaly (31), campeão da África na recente edição realizada em Camarões no início do ano, confrimando o time como o que mais cresce no futebol africano.

O Senegal, que não se classificou para as oitavas de final na Rússia por ter recebido mais cartões amarelos, redimiu-se em seu próprio continente ao disputar a final da Copa das Nações Africanas de 2019 - perdendo para a Argélia - e se impondo nas seguintes edições graças ao seu primeiro grande troféu.

A carreira discreta de Cissé como meio-campista na Europa permitiu que ele voltasse ao seu país com um olhar crítico e perspicaz, além da capacidade de refletir e raciocinar sobre uma preparação atlética e tática diferente do habitual.

Confira tabela completa da Copa do Mundo

À frente da sua seleção desde 2015 - o início da sua carreira de treinador -, ele foca tudo na interpretação dos jogos.

Para ele, a posse de bola é a base do jogo de sua equipe, embora não ignore as transições rápidas no ataque. E é por isso que, apesar da lesão no joelho de Sadio Mané (30), sempre com o rosto alegre e líder de um grupo unido, ele queria a todo custo o seu melhor atacante.

Pontos fortes

Mané não é um jogador de futebol comum. O atacante do Bayern de Munique é, e tem sido, a referência de todos os times em que jogou. Um atacante móvel, capaz de jogar tanto no lado esquerdo quanto como centroavante, não apenas não foi afetado pela mudança cultural de Merseyside para a Baviera, mas também se integrou rapidamente às demandas táticas de Julian Nagelsmann, um treinador mais experimental do que Jürgen Klopp.

Na Allianz Arena, o atacante senegalês passou a fazer parte de uma forma diferente de jogar do que o estilo direto de que fazia parte no Liverpool, e que provavelmente se assemelha mais ao estilo da seleção de Cissé. Ter estudado e aprendido novas formas de ataque pode ser uma arma extra para Mané colocar à disposição do Senegal: primeiro, porém, teremos que esperar por sua plena recuperação física.

No 4-3-3 da sua seleção, o camisa 10 atua como ponta-esquerda, com a função de centralizador, bem coberto por um meio-campo muito fluido nas suas movimentações.

Os outros pontos fortes do Senegal estão na defesa, onde o capitão Koulibaly é o pilar de um muro defensivo que fica na frente do goleiro Edouard Mendy, que só recentemente ganhou destaque, mas imediatamente se mostrou indispensável.

O ex-jogador do Napoli, que no Chelsea está sofrendo além da conta na fase de adaptação, é o jogador perfeito para se ter no vestiário. A braçadeira de capitão deu-lhe ainda mais responsabilidades e é em torno dele que se estruturou uma equipe onde se misturam jogadores de diferentes origens, como as línguas faladas no país. 

Criado na França, mas ligado ao país de origem para onde viajava todos os verões quando criança, Koulibaly está fortemente unido à terra da África e à seleção senegalesa, onde cristãos e muçulmanos vivem uma vida cotidiana harmoniosa sem serem afetados pelas diferentes línguas tribais que o compõem.

Mendy, um ano mais velho que Koulibaly, também nasceu na França e joga no Chelsea há dois anos graças a uma intuição da lenda do Blues Petr Cech (40), que o havia observado no Rennes, seu ex-time.

Depois de chegar a Stamford Bridge, o goleiro senegalês tirou primeiro o lugar de titular de Kepa Arrizabalaga e depois conquistou definitivamente a mesma posição para a sua seleção, representando uma garantia absoluta.

Com esses dois homens no comando, Cissé construiu uma defesa que sofreu apenas quatro gols nos últimos seis jogos das eliminatórias da Copa do Mundo. O triunfo nos pênaltis contra o Egito, quando Mendy defendeu um pênalti, os mandou para a Copa do Mundo no Catar.

O ataque, no entanto, destaca-se como o setor em que Senegal teve o melhor desempenho nas eliminatórias da Copa do Mundo. Sua média de gols por jogo é de 2,23, enquanto a de gols sofridos é de 1,12.

Nos oito jogos disputados na última pré-eliminatória, Senegal somou seis vitórias, um empate e apenas uma derrota.

O revés aconteceu no jogo decisivo de ida nas eliminatórias da Copa do Mundo contra o Egito. Na volta, vitória por 1 a 0 que levou a uma disputa de pênaltis na qual o próprio Mané foi decisivo.

Entre as estatísticas da seleção senegalesa que mais se destaca está a porcentagem do número de vezes que Koulibaly e seus companheiros abriram o placar: 70%. É um número que demonstra a capacidade do Senegal mesmo nas partidas mais complicadas.

Ponto fraco

A maior fraqueza do Senegal é seu banco - os substitutos não correspondem ao nível dos onze iniciais, nem são confiáveis. 

A eventual substituição de Mané é o principal problema para o treinador, que vai se esforçar para ter o único jogador verdadeiramente insubstituível disponível o mais rápido possível.

Ele é fundamental para o jogo da seleção africana. O responsável pelo pênalti que enviou os Leões ao Catar 2022 é a flecha de prata no arco do ataque de Cissé, graças à sua capacidade de transformar nada em algo especial.

Cinco gols nos últimos quatro jogos tornam Mané muito crucial para o Senegal. Um jogador essencial não só no jogo, mas principalmente pela sua importância no vestiário. 

Time titular (4-3-3)

Edouard Mendy; Youssuf Sabaly, Kalidou KoulibalyAbdou DialloFode Balo-Touré; Pape Gueye, Cheikhou KouyatéGana Gueye; Ismaila SarrBambia DiengSadio Mané.

Briga por posição

Para Cissé, que raramente usa outros esquemas além do 4-3-3, será importante escolher quem estará no meio-campo que viu Idrissa Gueye perder seu papel de titular na Premier League na temporada passada.

Ele se mudou do Paris Saint-Germain para o Everton e deu um passo para trás, jogando apenas nove partidas, sendo apenas três por 90 minutos.

No entanto, será o elemento mais experiente do meio-campo senegalês, que contará também com Pape Gueye, do Olympique de Marselha, e outro veterano, Cheikhou Kouyaté.

A grande aposta de Cisse, por outro lado, é Pape Mata Sarr (20), do Tottenham, que mal entrou em campo este ano, o que aumenta a incerteza em torno do meio-campo do Senegal.

Previsão

Num grupo onde a Holanda é, no papel, a seleção com maior qualidade, o Senegal terá de tentar tudo no seu jogo de abertura contra os comandados de Louis Van Gaal (71).

Um eventual sucesso abriria o caminho para a equipe de Cissé se classificar para a próxima fase.

O melhor resultado do Senegal na Copa do Mundo foi em 2002, quando chegou às quartas de final com Cissé como capitão. Naquela ocasião, também, era necessária uma vitória na primeira partida contra uma das equipes mais fortes, a atual campeã França.

Senegal chega ao Catar com a consciência de suas próprias qualidades em um grupo com HolandaCatar e Equador. A passagem para a próxima fase é um objetivo possível, seja no primeiro ou no segundo lugar, embora o surpreendente Equador, que teve um bom desempenho nas eliminatórias, e o anfitrião Catar, possam representar uma ameaça.

Aconteça o que acontecer, o Senegal tem a oportunidade de ir tão longe quanto seus colegas de 2002 e, potencialmente, surpreender ainda mais dentro do torneio.