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Análise Polônia: passar da fase de grupos estaria de bom tamanho para Lewa e companhia

Sebastian Kaniewski, André Guerra
Robert Lewandowski teve grande começo de temporada pelo Barcelona
Robert Lewandowski teve grande começo de temporada pelo Barcelona Profimedia
Os fãs poloneses estão certamente sonhando com Robert Lewandowski e companhia os fazendo se lembrar, na Copa do Mundo do Catar, dos Mundiais de 1974 e 1982, quando a equipe vermelha e branca terminou em terceiro lugar. É claro que será extremamente difícil repetir esse resultado agora, mas a passagem da fase de grupos seria o melhor resultado desde 1986.

Introdução

O Mundial-2018 terminou em desastre para a equipe liderada por Adam Nawałka. O time foi para a Rússia com grandes esperanças, que desapareceram logo após o primeiro jogo, quando os polacos tiveram de reconhecer a superioridade do Senegal.

O "jogo do tudo ou nada" contra a Colômbia também não foi favorável, e a vitória no último jogo com o Japão não amenizou a bronca da torcida. Foi preciso aceitar o fim da linha após três jogos na fase de grupos.

Confira tabela completa da Copa do Mundo

Para a Copa de 2022, o treinador Czesław Michniewicz é otimista. O antigo comandante do Legia Varsóvia (POL) e outros times decidiu encontrar-se com antigos técnicos da Polônia que estiveram à frente do país em torneios de grande porte. Alguns exemplos foram Jerzy Engel, Paweł Janas e Adam Nawałka, antes de partir com a delegação para Doha.

Michniewicz é considerado, por toda a Polônia, como uma pessoa muito bem preparada para o trabalho. Os jogarem parecem preparados taticamente para o torneio e só a disposição diária determinará o resultado final nos jogos do grupo.

Pontos fortes

Olhando para os pontos fortes, é difícil não mencionar a linha de ataque, especificamente Robert Lewandowski, que teve grande começo de temporada pelo Barcelona e continua a manter a sua boa forma. O capitão dos vermelho e brancos já marcou 13 gols na Liga espanhola nesta temporada, cinco à frente do segundo artilheiro, Borja Iglesias.

O polaco está claramente a beneficiar de jogar no Barça. Desde que se mudou para Espanha, Lewandowski tornou-se ainda mais envolvido na construção de jogo, o que já resultou em quatro assistências na atual temporada.

Os efeitos de jogar diariamente com jogadores como Pedri, Dembele e De Jong também devem ser visíveis na seleção polonesa. Lewandowski irá olhar mais frequentemente para os seus companheiros em busca de criar chances de gol. 

A influência de Lewa no sistema de jogo é grande. Quando o atacante vai mal, todo o time sofre. Mas, quando em forma, Lewandowski é capaz de fazer a diferença, como aconteceu contra México e Arábia Saudita. 

Vale a pena lembrar, contudo, que Czesław Michniewicz gosta de atuar com dois atacantes em algumas situações. Nesta configuração, espera-se que o segundo jogador mais à frente coopere com Lewandowski e aproveite os espaços livres. Isso deve acontecer, já que Lewa costuma ter dois marcadores na sua cola. Michniewicz tem razões para estar satisfeito, pois Arkadiusz Milik, Krzysztof Piątek e Karol Świderski estão todos em boa forma.

Milik recuperou claramente a confiança no seu empréstimo à Juventus, onde está a mostrar uma boa forma, enquanto Piątek também voltou a jogar bem nas últimas semanas, tornando-se um jogador-chave na Salernitana. Podemos acrescentar a isto o "soldado de Michniewicz". Karol Świderski regista bons números na Liga norte-americana (MLS) e não dececiona na seleção. Temos a imagem de uma formação em que existe uma espécie de "excesso de soluções".

Isto dá ao treiador a oportunidade de utilizar diferentes variantes e adaptá-las a um adversário específico, o que pode ser um diferencial na Copa. 

Pontos fracos

Até pouco tempo, parecia que o meio-campo era uma formação que não inspirava grande preocupação. Czesław Michniewicz deveria ter à sua disposição Jakub Moder, que joga regularmente na Premier League, pelo Brighton, e o combativo Jacek Góralski. Mas os dois foram cortados após sofrerem lesões. Mateusz Klich, do Leeds, deixou de jogar com frequência e não foi chamado. 

Isto transformou o excesso de opções no meio em um problema considerável, difícil de resolver. E ninguém precisa de ser convencido da importância desta posição e do quanto a equipe pode depender dos seus meias. 

No final das contas, Michniewicz decidiu convocar seis jogadores que podem jogar na parte central do campo. Enquanto Piotr Zieliński e Sebastian Szymański estão em muito boa forma, a postura dos outros quatro é algo desconhecido. Grzegorz Krychowiak passou os últimos meses nos árabes do Al-Shabab, onde tem jogado regularmente, mas o popular "Krycha" tem estado numa espiral descendente há algum tempo.

Muitos fãs esperam um bom desempenho de Krystian Bielik, que tem um grande potencial, mas muitas vezes é afetado por lesões. E aí reside o maior problema - um Bielik saudável pode garantir o nível de jogo, mas é pior se o jogador de Birmingham virar desfalque durante o torneio.

Não há, então, muitas alternativas viáveis para substituí-lo. Damian Szymański e Szymon Żurkowski estão no plantel, mas ainda não deram provas atuando no mais alto nível. Szymanski ganhou espaço por ter marcado o gol de empate contra a Inglaterra nas eliminatórias, mas não recebeu uma oportunidade real de demonstrar as suas capacidades. Żurkowski não fez sequer um total de 90 minutos pela Fiorentina na Serie A nesta temporada, tornando ser difícil contar com um jogador sem ritmo de jogo.

Time titular

Szczęsny - Cash, Glik, Kiwior, Bednarek, Zalewski - Bielik, Krychowiak, Zielinski - Lewandowski, Świderski

Czeslaw Michniewicz temjogado com um sistema com três zagueiros ao lado de alas velozes, cujo papel seria desempenhado por Matty Cash e Nicola Zalewski. No centro da defesa, Kamil Glik e Jan Bednarek, que jogam juntos na seleção há muitos anos, têm lugar garantido. No Catar, devem jogaro ao lado de Jakub Kiwior, que tem recebido elogios pelo papel desempenhado no Spezia.

No gol, Wojciech Szczesny tem lugar garantido e mais uma oportunidade de ser bem sucedido no torneio. As competições internacionais recentes não foram inteiramente bem sucedidas para Szczesny, recordando, por exemplo, o cartão vermelho recebido na Euro de 2012, no jogo com a Grécia, ou o voo para o vazio contra Senegal durante a Copa da Rússia. 

O goleiro de 32 anos tem estado em boa forma nesta temporada, tend feito boa participação nas eliminatórias. 

No meio-campo, Michniewicz irá provavelmente contar com três jogadores. Dois mais defensivos com Krystian Bielik e Grzegorz Krychowiak, e um jogador ofensivo - Piotr Zieliński, que será responsável pela criação de ações ofensivas.

Na linha de ataque, a certeza absoluta é, evidentemente, Robert Lewandowski. Ao seu lado deve aparecer Karol Świderski, que jogou frequentemente nesta formação tanto na Liga das Nações, como durante as eliminatórias.

Briga por posição

A maior incerteza é a composição defensiva. Enquanto Matty Cash parece ser uma certeza a jogar desde o primeiro minuto no lado direito, Nicola Zalewski nem sempre participou como titular sob o comando de Czesław Michniewicz.

O antigo treinador do Legia Varsóvia tem também Przemysław Frankowski, Kamil Grosicki, Michał Skóraś e Jakub Kamiński à sua disposição pelos lados do campo. Vale acrescentarmos Sebastian Szymański, que também pode jogar pelo lado. Existe um problema de ofertas. O homem do lado esquerdo parece ser o maior quebra-cabeças antes do jogo contra o México.

Muitos torcedores também se questionam sobre que atacante terá a oportunidade de jogar ao lado de Robert Lewandowski. Se recuássemos alguns anos, Arkadiusz Milik teria um lugar quase certo. Hoje, contudo, parece Karol Swiderski leva vantagem. Quando as oportunidades foram dadas, ele nunca dececionou, marcando muitos gols importantes. Krzysztof Piątek está também à espera da sua oportunidade, o que torna a rivalidade no ataque tão interessante como nas áreas laterais do campo.

Previsão

A Polônia está num grupo onde enfrentará dois adversários americanos que são sempre desconfortáveisEnquanto uma vitória contra a Argentina pode ser interpretada como ficção científica, a equipa de vermelho e branco pode certamente dar-se ao luxo de vencer o México e a Arábia Saudita. Porém, para que isso aconteça, os jogadores de Michniewicz terão de jogar o melhor que sabem e livrarem-se dos erros individuais que muitas vezes foram cometidos no passado.

A primeira partida contra o México será crucial para a disposição da tabela do grupo C. A aposta é que a Polônia consiga avançar, mas a sua aventura no torneio termina nas oitavas-de-final, onde os polacos poderão enfrentar a seleção extremamente forte da França.