Uma das que mostrou seu incômodo foi Izabela Rodrigues da Silva, do lançamento de disco. Ela não escondeu sua frustração ao receber uniformes masculinos para suas apresentações em Paris. Uma das informações que mais a irritou foi a de que a Puma, fornecedora de material esportivo da equipe de atletismo do Brasil, produz tops femininos somente até o tamanho M. Izabela usa um tamanho superior e acabou ficando sem esta peça.
“Acabei de pegar meus uniformes para as Olimpíadas. Estou bem chateada. Pedi algumas peças masculinas. Me deram todas as masculinas e não me deram nada feminino. Ganhei 19 peças.
"O feminino tinha 30 peças. Sabe como isso é triste? É demais de triste! Pegar seu uniforme da Puma para a competição e fazerem uma dessas dizendo que não tem numeração. Um top vai até o (tamanho) M. Gente, só porque eu sou um pouco maior? E daí? Pede maior!”, protestou.
“Acho que é um descaso, deveria ser mudado. É decepcionante acontecer umas coisas dessas. Não é possível que a Puma não consiga fazer um uniforme feminino um pouco maior. Não tem sentido nenhum! Vou competir com roupa masculina, pedi alguns números masculinos porque me sinto mais confortável. Mas não vieram tops e outras peças femininas. Estou muito chateada e decepcionada", completou.
A parceria entre Puma e CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) iria até 2024, mas foi estendida até 2032. Puma e CBAt se manifestaram por meio de nota, afirmando que "lamentam o ocorrido e estão em contato com a atleta para solucionar o caso da melhor forma possível.
"Temos um compromisso de longo prazo com o esporte e fazemos o nosso melhor para oferecer produtos de excelência à performance dos(as) atletas. Desenvolvemos produtos e uniformes que atendem a corpos diversos, e especificamente em vestuário, do PP ao 4GG", informa a nota.
Balotelli furioso
Nesta segunda-feira (22), foi a vez de José Fernando Ferreira, conhecido como Balotelli, do decatlo. Ele ficou decepcionado com o material que chegou em suas mãos, fazendo questão de fazer uma comparação com o material recebido por atletas de outros países.
"Vocês não têm ideia do quanto foi brochante receber o material da seleção. Sempre achei que, na Olimpíada, receberíamos uma mala de materiais, com tênis, roupas e sapatilhas, mas parece que não é bem assim. Utilizo sete sapatilhas de modelos diferentes, uma para cada prova específica.
"Estou indo para os Jogos sem patrocínio de marca esportiva, ou seja, vou investir do meu dinheiro para comprar as sapatilhas", revelou o atleta, indicando apenas um dos problemas que precisou se acostumar a lidar.
Em Paris, ele será obrigado a usar seu tempo na Vila Olímpica, que poderia ser de descanso, para lavar parte das peças, uma vez que recebeu um número reduzido de itens. "Assim que acabarem as provas do primeiro dia, irei voltar para a Vila Olímpica e lavar logo meu material ou competir com o sujo no dia seguinte", conta.
A CBAt foi procurada pela reportagem, afirmando que "já está resolvendo as questões pontuais referentes aos uniformes. Com relação às peças, a quantidade é definida considerando as especificidades e exigências de cada prova. Eventuais ajustes no número de peças que compõem o enxoval de competição sempre são resolvidos em contato direto com a CBAt", destaca a entidade.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) afirmou não ser o responsável pelos materiais disponibilizados para a equipe de atletismo. Tal informação ratificou o que foi passado pelo Ministério do Esporte em suas redes sociais.
A entidade esclareceu que não é responsável por confeccionar e fornecer kits de unifomes e equipamentos para a delegação brasileira, indicando ainda que o COB fornece uniformes de treinos e competições para as equipes de remo, boxe, levantamento de peso, tiro com arco, pentatlo moderno e canoagem. "As vestimentas das demais modalidades ficam a cargo das confederações de cada esporte", explica o Mesp.