Exclusiva com armador Yago: "Não existe atmosfera no mundo como a do basquete sérvio"
Ciente de que ainda tinha muito mais para crescer, ele aceitou o desafio de jogar no basquete europeu, onde o nível técnico e a exigência física são bem maiores do que no cenário brasileiro.
A única temporada no Ratiopharm Ulm, da Alemanha, foi importante para lhe abrir mais portas e lhe render bagagem suficiente para entender a escola em que se encontrava. Sua média foi de 15 pontos e 5,6 assistências, por jogo, na BBL, o Campeonato Alemão.
A partir desta sexta (23), Yago estará com a seleção brasileira para a disputa das eliminatórias para a AmeriCup 2025. O primeiro jogo acontece em São Paulo contra o Paraguai, antes de enfrentar este mesmo adversário, na próxima segunda-feira (26), em Assunção.
A seleção está no Grupo B, que também conta com Uruguai e Panamá. Os três primeiros colocados avançam à próxima fase.
Yago, atualmente, disputa sua primeira temporada no Estrela Vermelha, da Sérvia, que conta com uma das torcidas mais fanáticas do planeta, tendo a oportunidade de disputar a EuroLiga, um dos maiores e mais competitivos torneios do mundo.
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Pelo time de Belgrado, Yago tem tido média de 10,5 pontos e 4,2 assistências, por jogo, na liga nacional. Na EuroLiga, ele soma 8,5 pontos e 3,8 assistências, por jogo, de média, sendo o brasileiro com mais assistências e pontos na história da competição continental.
No último dia 17, ele conquistou o primeiro título pelo novo clube, a Copa da Sérvia, com vitória sobre o rival Partizan. Os números de Yago já o catapultam ao status de ídolo no time do leste europeu.
Nesta entrevista exclusiva ao Flashscore, Yago fala da superação que fez questão de passar depois de ser desacreditado, por mais de uma vez, por conta da altura e do físico. Foi preciso ter cabeça boa e acreditar no próprio potencial para ir longe, com a certeza de que um caminho ainda mais promissor está sendo trilhado.
Pode ser questão de tempo para ele desembarcar na NBA, mas ele prefere focar no atual momento e seguir desfrutando da fase ao lado de uma torcida que ele garante não existir igual.
A Alemanha foi uma boa porta de entrada no Velho Mundo?
Sem dúvida foi um lugar que aprendi muito e evoluí bastante. Ali, as portas foram abertas pra mim, foi onde tive a chance de errar para acertar nos momentos certo. Foi um passo muito importante na minha carreira.
Quais foram os maiores aprendizados no basquete europeu?
É um basquete totalmente diferente. Aqui na Sérvia, não existe espaço pra descanso, para se perder uma bola e achar que isso não vai fazer diferença. Eles prezam e punem pelo espaço que é dado.
O jeito de jogar é outro, tenho aprendido muito. É um basquete bem diferente do que eu estava acostumado. Não existe um jogador que, teoricamente, você possa deixar jogar. Se isso acontecer, ele vai fazer a diferença.
Algum aprendizado específico do basquete sérvio?
É uma cultura totalmente diferente do que vivi no Brasil e na Alemanha. O jeito sérvio, dentro e fora de quadra, é distinto, a forma como eles lidam com as coisas é particular. Eles são mais frios, não por não se importar, mas por não demonstrarem isso, é a forma deles.
O que dizer do fanatismo da torcida sérvia?
Não existe torcida no mundo igual a deles. A atmosfera é muito diferente e especial. Quando você dá uma volta na cidade em véspera de dérbi, a cidade para. É algo que eu nunca tinha visto na vida.
Seu bom desempenho na Sérvia superou, até mesmo, suas próprias expectativas?
Não costumo criar expectativas ou fazer um planejamento sobre meu desempenho. Fui contratado por três anos e sabia que ia ser difícil. Este é o meu segundo ano na Europa e já estou disputando a Euroliga, um torneio grande.
A adaptação foi difícil, eu sabia que seria assim. Aqui, estou ao lado de jogadores que não querem subir seu nível. Eles já estão neste patamar há algum tempo. Quem tem que evoluir sou eu, pensando em chegar no nível deles. Foi complicado lidar com tudo isso. Estou feliz, mas não satisfeito. Sei que ainda posso melhorar muito para alcançar mais coisas.
Muitos desacreditaram em você desde a época do Paulistano, por diversos motivos. Você superou todos os desafios e não se cansou de dar provas de seu talento e capacidade. Essas dúvidas serviram de motivação?
Não digo que isso me motivou porque foi algo que nunca me atingiu. Sempre gostei de ser desafiado, não importa aonde estava. O que fiz foi jogar o meu basquete, sempre buscando melhorar e aprender cada vez mais, sem me importar quem estava na minha frente. Eu sei o que posso fazer e como posso jogar, onde posso melhorar.
Sempre foquei em jogar o meu basquete e evoluir. Me desafiei e aprendi que, quando uma pessoa elogia muito ou critica no mesmo nível, isso não tem tanto valor. Claro que gosto de ser elogiado e as críticas nos ajudam a melhorar. As pessoas talvez me olham com desconfiança, mas isso acontece até a hora do jogo, quando mostro o que sei fazer e coloco em prática o que faço nos treinos.
A Europa e um torneio como a EuroLiga preparam o jogador pra muita coisa, o nível desta competição diz muito. Estou feliz de atuar em uma competição como esta, por estar em um time grande e animado e feliz pelas coisas que posso e irei conquistar.