Em entrevista ao programa A Hora das Copas, uma parceria entre Flashscore e Estadão, que vai ao ar até o final da Euro e da Copa América, Bebeto relembrou dos bastidores antes de tomar a decisão de vestir a camisa do clube espanhol. 

A ideia de sair do Brasil era descartada pelo atacante em um primeiro momento: "Eu não tinha vontade de deixar o país, mesmo com muita gente falando que era preciso. Eu ganhava bem, o salário daqui seria o mesmo de lá".

"Alguns não acreditavam que eu daria certo, até pelo meu porte físico", conta Bebeto, na conversa com Eduardo Geraque, narrador do Flashscore, e Gustavo Faldon, editor de Esportes do Estadão.

Bebeto defendia o Vasco quando chegou a proposta espanhola, com o presidente do La Coruña insistindo na sua contratação, que se confirmou em 1992.

"Ele ficava na porta da minha casa, queria me levar pra lá de todo jeito. O time estava brigando para não cair. Minha esposa me convenceu, dizendo que seria uma experiência boa, pensando nos nossos filhos, que teriam acesso a uma outra língua, a uma nova cultura", lembra Bebeto. 

Palavra de honra

O acordo então foi: se o time não caísse para a 2ª divisão espanhola, ele atravessaria o oceano para defender um time que nem ele conhecia, deixando para trás propostas que tinha recebido de Juventus e Borussia Dortmund. Quando a permanência na elite foi confirmada, o telefone de Bebeto tocou e ele precisou honrar com sua palavra. 

"Eu achava que o time ia cair. O presidente me ligou alegre e eu cumpri com o que tinha prometido. Tinha recebido informações de que chovia muito em La Coruña e que o time ia seguir brigando para não cair", revela.

A palavra da esposa voltou a ter uma força diferenciada sobre Bebeto. "Ela, então, me disse que a minha presença faria o time ser grande", afirma. Não deu outra. Por lá, foram 115 gols em 162 jogos. 

Parceria verde-amarela

Na Espanha, Bebeto teve ao seu lado o meio-campo brasileiro Mauro Silva. Por lá, eles fizeram história, com o time conquistando uma Copa do Rei da temporada 1994/1995 e a Supercopa da Espanha de 1995. Em 1994, o time caiu nas oitavas de final da Copa da UEFA (atual Liga Europa) para o Dortmund. 

"Vencemos na ida por 1 a 0, jogávamos pelo empate na volta. Peguei uma pneumonia, fiquei de fora e perdemos por 3 a 1. Se eu estivesse em campo, seríamos campeões. Estava voando", garante. A boa fase de Bebeto ajudou a La Coruña a liderar LaLiga 1993/94 por várias rodadas, ameaçando o reinado de Barcelona e Real Madrid até a última rodada. 

Em outubro de 2023, Bebeto e Mauro foram homenageados pelo clube espanhol pelos serviços prestados. A emoção foi grande, com os dois chorando no centro do gramado enquanto a torcida gritava seus nomes, com direito a mosaico.

"Ali virou minha segunda casa, é uma torcida que amo de paixão. Foi um clube que me marcou, bati recordes, fui artilheiro. Deixar seu nome na história de um clube de menor expressão é diferente, as chances por jogo são raras. Era um lugar que eu tinha mesmo que jogar", agradece.