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Associação de Boxe diz que pugilistas envolvidas em polêmica de gênero "são homens"

Imane Khelif volta a lutar nesta terça-feira (6) por vaga na final olímpica
Imane Khelif volta a lutar nesta terça-feira (6) por vaga na final olímpicaAFP
A Associação Internacional de Boxe (IBA) afirmou, nessa segunda-feira (5), em uma caótica coletiva de imprensa, que os exames realizados nas duas boxeadoras envolvidas em uma polêmica de gênero nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 provam que "elas são homens".

A IBA já havia dito que desclassificou a argelina Imane Khelif e a taiwanesa Lin Yu-ting do Mundial de Boxe de 2023 depois que as lutadoras foram reprovadas nos exames de elegibilidade de gênero, sem especificar quais eram esses testes.

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O boxe em Paris 2024 é organizado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) devido a problemas de governança, financeiros e éticos da IBA.

O COI autorizou a participação das duas boxeadoras em Paris 2024 e tanto Khelif quanto Lin garantiram medalhas, já que avançaram às semifinais em suas respectivas categorias. No boxe, os perdedores das semifinais também ganham o bronze.

A IBA e o COI estão numa disputa aberta. A coletiva de imprensa da IBA dessa segunda-feira (5) em Paris foi convocada para esclarecer a quais exames Khelif e Lin foram submetidas no ano passado e quais foram os resultados.

A propósito desta reunião, o COI disse nesta segunda-feira à AFP que "o conteúdo e a organização da coletiva de imprensa da IBA dizem tudo o que é preciso saber sobre esta organização e a sua credibilidade".

"Anomalias" nos exames de sangue

Funcionários da IBA, incluindo o oligarca russo ligado ao Kremlin, Umar Kremlev, presidente do órgão desportivo, que participou remotamente através de videochamada, deram uma série de declarações contraditórias a uma sala repleta de jornalistas.

Afirmaram que também são obrigados a respeitar o sigilo médico, embora Ioannis Filippatos, antigo presidente da comissão médica da IBA, tenha afirmado que foram detectadas "anomalias" nos exames de sangue em 2022.

Lin Yu-ting é a outra atleta na mira das polêmicas de gênero nos Jogos Olímpicos
Lin Yu-ting é a outra atleta na mira das polêmicas de gênero nos Jogos OlímpicosAFP

As duas boxeadoras foram testadas novamente em 2023 para confirmar as descobertas iniciais, disseram funcionários da IBA, e foram posteriormente desclassificadas.

"O resultado médico, o resultado do sangue, parece – e o laboratório diz – que estes boxeadores são homens", disse Filippatos.

"O problema é que temos dois exames de sangue com cariótipo masculino. Essa é a resposta do laboratório", acrescentou.

Um cariótipo é o conjunto completo de cromossomos de uma pessoa, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano dos Estados Unidos.

Comitê Olímpico argelino não reconhece a IBA

O Comitê Olímpico e Esportivo da Argélia saiu em defesa de Khelif.

"Nossa campeã, Imane Khelif, permanece intacta e não se incomoda com as afirmações infundadas da IBA", disse a entidade.

O comitê acrescentou que "a Argélia não é membro da IBA". "Não reconhecemos a IBA como uma instituição legítima e ela não tem ligação com os Jogos Olímpicos".

O COI e altos funcionários da Argélia e de Taiwan defenderam vigorosamente Khelif e Lin, dizendo que nasceram e foram criadas como mulheres e têm passaportes que comprovam isso.

O organismo olímpico, que expulsou a IBA do movimento olímpico e com o qual está abertamente em conflito, acusou a entidade de tomar "uma decisão arbitrária" ao desclassificar as duas boxeadoras do Mundial de 2023.

"Discurso de ódio"

O COI disse à AFP nessa segunda-feira (6), após a entrevista coletiva da IBA: "O conteúdo e a organização da coletiva de imprensa da IBA dizem tudo o que você precisa saber sobre esta organização e sua credibilidade".

O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, já tinha condenado no sábado os ataques "inaceitáveis" lançados nas redes sociais contra as duas pugilistas e denunciou o "discurso de ódio" destinado a "alimentar uma agenda política".

Khelif e Lin também participaram das Olimpíadas de Tóquio em 2021, mas não conquistaram medalha e competiram sem polêmica.

Com o bronze já garantido, Khelif lutará nesta terça-feira (6) nas instalações de Roland Garros, em Paris, para chegar à final de sua categoria (até 66kg), enquanto a taiwanesa Lin (até 57kg) subirá ao ringue na quarta-feira (7).