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Brasil regulamenta apostas: Veja o que muda na vida do apostador e no esporte em 2024

Josias Pereira
Governo Lula regulamentou apostas esportivas no país após voto favorável do Congresso Nacional
Governo Lula regulamentou apostas esportivas no país após voto favorável do Congresso Nacional Marcelo Camargo/Agência Brasil
Depois de longos anos de conservadorismo, reticências e ceticismo sobre as apostas esportivas, o Brasil deu um passo em direção ao que já é praticado em diversos países do mundo e regulamentou as apostas esportivas e jogos de cassino online.

A Lei 14.790/23 foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente no apagar das luzes do ano passado, em um texto com ressalvas, já que o chefe de Estado vetou alguns aspectos importantes do documento, especialmente no que tange ao bolso dos apostadores. 

O Flashscore traz luz sobre o tema apontando o que mudará na vida do apostador e no esporte nacional com a chegada do mercado legalizado. Confira na lista abaixo: 

Fernando Haddad, ministro da Fazenda, teve papel importante na regulamentação das apostas
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, teve papel importante na regulamentação das apostasDiogo Zacarias/MF

1) Segurança jurídica 

Quando o então presidente Michel Temer liberou as apostas esportivas de quota fixa no país, havia a ressalva de que a regulamentação do mercado deveria acontecer até o fim de 2022. No entanto, o processo estendeu-se devido ao período eleitoral e a discussão ética sobre as apostas, com os então candidados não querendo debruçar-se ou criar indisposições em suas campanhas. 

O fato é que o alongamento do debate, desde a gestão Temer, criou um mercado que não trazia a segurança jurídica necessária para os operadores de apostas esportivas, todos eles com licenças em locais onde as apostas eram liberadas, como Curaçao ou Malta. 

Com o advento da legislação, os sites e plataformas poderão atuar no Brasil sem correr o risco de sanções por serem empresas sediadas no exterior e sem regulamentação efetiva para ser cumprida.

Brasil deverá ter um dos maiores mercados de apostas esportivas do planeta
Brasil deverá ter um dos maiores mercados de apostas esportivas do planetaiStock/Divulgação

2) Arrecadação e tributação 

O governo federal possui, agora, mais uma fonte de receita, já que passará a tributar empresas e apostadores. A estimativa é de uma arrecadação de R$ 1,6 bilhão em 2024 com as apostas. 

As empresas poderão ficar com 88% do faturamento bruto para o custeio da atividade. O restante será tributado. 

Lula manteve a alíquota em 15% sobre os ganhos anuais dos apostadores. A exceção fica por conta de valores abaixo de R$ 2.112,00, onde existia uma expectativa inicial de isenção

Lula sancionou Lei das Apostas no fim do ano passado
Lula sancionou Lei das Apostas no fim do ano passadoFábio Rodrigues/Agência Brasil

Mas ainda pode mudar

Segundo decisão do chefe de Estado, isentar apostadores que tiverem ganhos anuais abaixo de R$ 2.112,00 "ensejaria uma tributação de Imposto de Renda distinta daquela verificada em outras modalidades lotéricas, havendo assim distinção de conduta tributária sem razão motivadora para tal". 

O veto do presidente Lula poderá, ainda, ser derrubado pelo Congresso Nacional, que apreciará a matéria e decidirá ou não por sua manutençã. 

3) Operação no Brasil e licença 

A Lei obriga as chamadas "bets estrangeiras" a terem, ao menos, 20% do capital nas mãos de uma empresa brasileira.

O documento ainda institui uma outorga inicial de R$ 30 milhões para autorizar os sites a funcionarem legalmente no país. 

A licença poderá ser solicitada por uma empresa que poderá incluir três plataformas. A validade dessa autorização será de cinco anos.

Brasil se prepara para um 2024 de mudanças em relação ao mercado de apostas e jogos online
Brasil se prepara para um 2024 de mudanças em relação ao mercado de apostas e jogos onlineGleidiçon Rodrigues/Pixabay

4) Como será feita a divisão dos impostos arrecadados pela tributação das apostas? 

O governo decidiu que os valores serão divididos nas seguintes áreas: 

36% para o Ministério do Esporte e os comitês esportivos;

28% para o Turismo;

13,6% para a segurança Pública;

10% para o Ministério da Educação;

10% para seguridade social;

1% para a saúde

0,5% para entidades da sociedade civil

0,5% para o Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades-fim da Polícia Federal (Funapol);

0,40% para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.

5) Segurança para o apostador

Com o mercado legalizado, o governo, por intermédio do Ministério da Fazenda, vai cobrar das empresas um melhor conhecimento sobre os seus usuários, a fim de verificar seus documentos e identidade. 

A identificação e verificação vão propiciar um ambiente de segurança ao apostador, diminuindo o risco de práticas ilícitas, como fraudes de identidade, contas laranja, lavagem de dinheiro e até golpes em transações. 

Operadores de apostas terão conhecimento sobre a identidade e tendência dos apostadores
Operadores de apostas terão conhecimento sobre a identidade e tendência dos apostadoresPixabay

6) E quando entra em vigor? 

A maior parte das regras já está em vigor, mas a parte relativa à tributação sobre as apostas começa a valer em abril. Outras regras ainda dependem da regulamentação do governo.

7) Segurança para o ambiente esportivo 

No ano passado, o futebol brasileiro foi sacudido com a Operação Penalidade Máxima, que investigou diversos casos de manipulação de resultados em jogos dos campeonatos nacionais, incluindo partidas das Séries A e B. 

Com a regulamentação das apostas, a expectativa é coibir a manipulação de resultados e, sobretudo, preservar a integridade esportiva. A legislação visa enaltecer os valores do esporte como uma referência para toda sociedade, além de reforçar a necessidade dos operadores de apostas esportivas serem filiados de uma agência de integridade.