"Brasil tem 40% da audiência global de surfe", diz CEO da WSL na América Latina
O Flashscore conversou com o CEO da WSL na América Latina, Ivan Martinho, durante o Sports Summit. O evento no Pacaembu, em São Paulo, reuniu líderes e dirigentes da indústria esportiva ao redor do mundo.
O executivo da World Surf League comentou sobre o tamanho do mercado brasileiro no surfe mundial, a possibilidade de uma segunda etapa no Brasil e a renovação da Brazilian Storm. Confira abaixo os principais trechos da entrevista.
O Brasil dominou o surfe mundial nos últimos 10 anos, com 6 títulos mundiais no masculino. Qual o tamanho do mercado brasileiro para a WSL?
O Brasil é um dos mercados chave para a WSL. Esse esporte, historicamente, foi dominado por australianos e norte-americanos do ponto de vista esportivo. E o Brasil, nos últimos 10 anos, tem crescido muito. Óbvio que tivemos outras gerações que eram representativas também.
Para dar um número: temos uma base de fãs de 45 milhões de interessados em surfe, pelo IBOPE/Repucom, dos quais 4 mihões são praticantes. Ou seja, 10% praticantes e 90% de interessados. Interessados pela forma que nós temos de contar nossas histórias, por assistir a esporte, por acompanhar o ídolo e assistir aos eventos que fazemos pelo mundo. Hoje, o mercado brasileiro representa 40% da audiência global.
Dentro de todo esse domínio brasileiro dentro da água, existe a ideia de uma segunda etapa da WSL no Brasil ou na América do Sul?
Existe. O que nós temos é um calendário com 11 etapas do CT, seis etapas no Challenger e várias no QS. Obviamente existe uma disputa saudável entre as regiões para trazer mais etapas, então, sim. Aqui na América Latina temos duas etapas do CT, uma em El Salvador e uma no Brasil. Temos uma do Challenger que acontece em Saquarema no mês de outubro, além de várias do QS combinadas em mais de 30 eventos. Obviamente temos essa ambição, e meus pares em outras regiões também. Nós temos essa disputa saudável.
A WSL teve uma mudança de comercialização de direitos de transmissão no Brasil, saindo da ESPN e fechando com o Grupo Globo. Como vocês avaliaram esse movimento?
Essa foi uma estratégia definida, nós queríamos fazer essa mudança. Nós brasileiros conhecemos o tamanho do Grupo Globo, e lá nós temos uma cobertura multiplataforma. Então, não temos só a transmissão no SporTV e no Globoplay, e o ge.globo fazendo a cobertura; também estamos no Canal OFF e com entradas editoriais na TV Globo, que tem uma audiência incrível e nada comparável no mundo para um país de 220 milhões de habitantes. A nossa imagem atrelada à Globo nos dá algo que é muito importante para qualquer esporte: alcance e frequência.
O surfe é um esporte olímpico desde os Jogos de Tóquio, em 2021. Isso aumentou o interesse pela modalidade?
Como qualquer esporte olímpico, a Olimpíada é o maior palco mundial do esporte. Então, obviamente, tem um holofote enorme durante o período da competição. O que acontece é que, tão importante quanto conquistar esse lugar olímpico, é ter uma história para contar, para que essas pessoas que passaram a acompanhar nosso esporte tenham interesse em ficar.
O que a gente vive hoje é um mundo em disputa por atenção. As pessoas já têm as 24 horas por dia delas ocupadas, então, se nós não formos muito bons, não conseguiremos ocupar um pedaço desse tempo. À medida que a gente passou a ter contato através desta grande nova audiência que a Olimpíada nos proporciona, a gente precisa mantê-los.
Na WSL da América Latina, existe a preocupação de a Brazilian Storm passar?
Como qualquer esporte, nós temos uma geração maravilhosa. Os atletas que são campeões mundiais e que estão no auge têm entre 27 e 29 anos. Apostamos que eles tenham no mínimo mais seis, sete anos de vida profissional de alto rendimento. A boa notícia é que a próxima geração, não só no masculino, como no feminino, já está aí.
João Chianca e Samuel Pupo são provas disso, já que ambos têm 22 anos. O que a gente faz é criar formas de atrair mais meninos e meninas para se profissionalizar no nosso esporte. Estimulando, dando acesso e fazendo mais eventos de base, que são os Qualifying Series. Como qualquer esporte, gerações vencedoras acontecem. Nosso papel é preparar para que, quando essa geração sair de cena, a próxima possa substitui-la de uma maneira tão vencedora quanto.