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Catar investiga morte de trabalhador em local de treino da Copa

Josias Pereira, com informações da Reuters
Incidente registrado no Mundial do Catar deixou Comitê Supremo bastante indignado
Incidente registrado no Mundial do Catar deixou Comitê Supremo bastante indignadoAFP
O Catar iniciou uma investigação de segurança no trabalho sobre a morte de um trabalhador, disseram autoridades do país nesta quinta-feira (8), após relatos de que um filipino morreu em um local de treinamento durante a Copa do Mundo. O torneio é marcado por controvérsias sobre o tratamento de trabalhadores migrantes.

Nasser Al Khater, chefe-executivo da Copa do Mundo de 2022 em Doha, confirmou à Reuters que um trabalhador morreu, sem fornecer detalhes, e afirmou que "a morte é uma parte natural da vida" ao apresentar condolências à família.

O site The Athletic informou na última quarta-feira (8) que um filipino contratado para consertar as luzes em um estacionamento no Sealine Resort, local de treinamento da seleção da Arábia Saudita, morreu depois de "escorregar de uma rampa enquanto caminhava ao lado do veículo e cair de cabeça contra o concreto".

Citando várias fontes não identificadas, disse que o acidente ocorreu durante a Copa do Mundo, mas não especificou quando. O resort não respondeu imediatamente ao questionamento da agência Reuters.

"Se a investigação concluir que os protocolos de segurança não foram seguidos, a empresa estará sujeita a ações legais e severas penalidades financeiras", disse outro funcionário do governo do Catar em comunicado. 

"A taxa de acidentes relacionados ao trabalho diminuiu consistentemente no Catar desde que os padrões rígidos de saúde e segurança foram introduzidos e a fiscalização foi intensificada", acrescentou o funcionário.

O Catar está sob crescente escrutínio de grupos de direitos humanos desde que recebeu os direitos de sediar a Copa do Mundo em 2010, devido ao tratamento dado aos trabalhadores migrantes, que representam a maioria da população local.

Controvérsia

O torneio, o primeiro a ser realizado no Oriente Médio, onde outros países também enfrentaram críticas sobre os direitos dos trabalhadores migrantes, está envolvido em polêmica com algumas estrelas do futebol e autoridades europeias. Elas criticam o histórico de direitos humanos do Catar, inclusive trabalhistas, LGBT+ e das mulheres.

Os organizadores da Copa do Mundo do Catar, o Comitê Supremo de Entrega e Legado, disse em comunicado que não estava envolvido na investigação do caso porque "o falecido (estava) trabalhando como contratado, não sob a alçada do órgão".

O número de mortes relacionadas ao trabalho no Catar é controverso. O jornal The Guardian informou no ano passado que pelo menos 6.500 trabalhadores migrantes — muitos trabalhando em projetos da Copa do Mundo — morreram no Catar desde o anúncio como sede do evento, de acordo com cálculos do jornal a partir de registros oficiais.

Em resposta, o Catar disse que o número de mortes era proporcional ao tamanho da força de trabalho migrante e incluía muitos trabalhadores irregulares, acrescentando que cada vida perdida era uma tragédia. O SC disse que três mortes relacionadas ao trabalho e 37 mortes não relacionadas a ele ocorreram em projetos relacionados à Copa do Mundo.

"A morte é uma parte natural da vida, seja no trabalho, seja durante o sono", disse Khater, expressando desapontamento com as perguntas dos jornalistas sobre a reportagem do The Athletic.

"Estamos no meio de uma Copa do Mundo. E temos uma Copa do Mundo de sucesso. Isso é algo sobre o qual você quer falar agora?", questionou.

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