Clube da 3ª divisão mineira vai receber "bolada" por venda de jogador do Porto
O nome do clube ganhou repercussão internacional nos últimos dias após a confirmação da venda do meia Otávio, do Porto, para o Al-Nassr, da Arábia Saudita. A transferência do jogador foi a de maior arrecadação na história do clube português.
Detentor de 32,5% dos direitos econômicos do atleta, que nunca chegou a jogar pelo clube mineiro, o Coimbra vai receber 12,75 milhões de euros (cerca de R$ 68 milhões) pela venda, que chegou aos 60 milhões de euros.
O clube não confirma, mas informações de bastidores indicam que houve um acordo entre as partes para os mineiros fecharem negócio recebendo menos do que teriam direito em um primeiro momento (19 milhões de euros).
O fato de Otávio não ter vestido a camisa do Coimbra mostra parte da filosofia de gestão do clube, que investe em atletas com grande potencial de venda para o exterior.
Foi assim com outros nomes como do meia Bernard, ex-Atlético e hoje no Panathinaikos, da Grécia, além do lateral-esquerdo Diogo Barbosa, do Fluminense e com passagens por Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio. Eles também não chegaram a entrar em campo pelo Coimbra, que conseguiu faturar com a dupla.
O Coimbra é um clube-empresa com suporte econômico do Banco BMG, tendo parceria com o Villa Nova, que disputa a elite do futebol mineiro, desde 2021.
O clube de Contagem faz o empréstimo de atletas e membros da comissão técnica para o Villa Nova com o objetivo de viabilizar a participação da equipe no Campeonato Mineiro, uma vez que o clube de Nova Lima passa por crise financeira.
Atualmente, o clube disputa competições oficiais nas categorias Sub-23, Sub-20, Sub-17 e Sub-15.
Uma das transferências mais importantes do clube, até hoje, foi de Igor Gomes, zagueiro que está no Internacional. Igor foi revelado pelo Coimbra e vendido ao Barcelona em 2019. O também zagueiro João Victor, de 24 anos, do Benfica B, que foi emprestado ao Nantes, da França, na última temporada, é outro formado na base do Coimbra.
Bolada
O valor de 12,75 milhões de euros é um dos maiores recebidos pelo Coimbra desde sua fundação, com os responsáveis preferindo não divulgar valores de outras transações que renderam um bom fundo à instituição.
"O destino dos recursos ainda será decidido internamente pelo comitê do clube. Todos os atletas registrados no BID do Coimbra tem a chancela do clube, que é voltado para a revelação de atletas e que faz um excelente trabalho de captação e formação de jovens promessas do futebol brasileiro", comenta Hissa Elias Moyses, CEO do Coimbra Sports e ex-dirigente do Atlético-MG.
Hissa indica que o clube trabalha nas duas frentes, esportiva e econômica, com ambos os lados se complementando, por mais que um deles tendo ganhado mais destaque nos últimos anos.
"São prioridades que se completam. Em um projeto de formação de atletas de excelência, como é o do Coimbra, a parte econômica é a consequência de um trabalho esportivo sólido", conta.
O Coimbra chegou a disputar a primeira divisão do Campeonato Mineiro em 2020, mas caiu em 2021.
Olho neles
Alguns atletas que possuem atuaram e possuem vínculo com o Coimbra, podendo render novas safras são o centroavante Victor Ribeiro, de 24 anos, do Changwong City, da Coreia do Sul, o zagueiro Léo Bolgado, de 24 anos, do Leixões, de Portugal, o atacante Madson, de 23 anos, do Moreirense, também de Portugal.
Também no país lusitano atuam o meio-campista Rafael Freitas, de 23 anos, o atacante Adriano Amorim, de 21 anos, e o lateral-direito Maurício Mucuri, de 21 anos, todos do Leixões, além do lateral-direito Valdir Júnior, de 22 anos, do União Leiria.
Parceria com o Benfica
O centro de treinamento do Coimbra recebeu o nome de Benfica Campus, por uma parceria com o Benfica, um dos maiores clubes de Portugal, atento ao trabalho que é realizado no time de Contagem.
Os 100 mil m² do CT contam com dois campos oficiais, sendo um deles um estádio com arquibancada e dois campos com dimensões menores, utilizados para treinamentos específicos, alojamento para atletas profissionais e de base, academia completa, vestiários, auditório e edificações para as áreas de futebol, saúde, análise e desempenho e administrativa.
"É um trabalho de troca de expertise, em busca da formação de jovens atletas brasileiros. Formamos uma comissão técnica luso-brasileira, com profissionais portugueses contratados pelo Benfica, que estão trabalhando, inicialmente, com as categorias sub-15 e sub-17 do Coimbra", analisa Hissa.