Das quadras de Lyon à Bola de Ouro: a ascensão de Karim Benzema
"Aos oito anos de idade, ele já se sentia à vontade com a bola, tinha uma boa visão de jogo e era muito realista", contou à AFP Féderic Rigolet, então jovem assistente técnico do clube.
Facilmente integrado desde pequeno, Benzema nunca deixou de jogar futebol com os amigos do bairro. Desde então, o ganhador da Bola de Ouro de 2022 tem dado muitas alegrias ao modesto clube francês, com o qual guarda vínculos até os dias de hoje.
"Ele vem nos visitar quase todos os meses, sempre com muita discrição. Quando passa pelo clube, nós o deixamos entrar por uma porta nos fundos ou nos encontramos na pizzaria de seu cunhado, nos arredores do estádio", continuou o funcionário da equipe há 30 anos.
A passagem de Benzema no Bron Terrailon foi breve. Após metade de uma temporada, uma partida contra o Lyon antecipou sua saída do modesto clube.
"Ele se destacou no jogo, marcou dois gols e o cara do Lyon disse 'precisamos levá-lo'. Na temporada seguinte, já estava no Lyon", recorda Rigolet.
Benzema foi contratado pelo Lyon na temporada seguinte, onde ascendeu ao time principal e permaneceu até 2009, quando foi para o Real Madrid.
Há alguns anos, o Bron Terrailon colocou uma faixa nos arredores do estádio Léo-Lagrange exaltando o "orgulho" que sente pelos talentos que já passaram pelo clube. Além de Benzema, o tunisiano Hamza Raifa, atualmente na Juventus, e o argelino Fares Chaibi, que joga no Toulouse, também foram revelados no time.
O apoio que o time recebe de ex-jogadores que figuram nas principais ligas europeias faz a diferença no dia a dia, tanto para jogadores da base quanto para os funcionários da equipe.
"Karim, Hamza e Fares nos dão camisetas, vêm ver os jogadores jovens. Isso nos dá força em um momento em que muitos clubes de futebol estão em crise", diz um associado ao clube que denomina como "garoto do clube".
"Talvez Karim não tenha feito tantas doações, mas sua carreira e passagem pelo clube tem feito muito pela reputação do nosso projeto, muito focado na educação, nos valores", comenta Joris Daquin, diretor esportivo da equipe.
Depois de sair do Bron Terraillon, Benzema trabalhou às sombras de seus companheiros do centro de formação do Lyon, mas os preparadores e treinadores da academia do clube sempre elogiaram o seu espírito batalhador e altruísta.
"Nunca tivemos nenhum problema com ele no centro de formação nem na escola. Era fácil de lidar. Ele ouvia e aplicava. Tinha uma personalidade discreta, um adolescente que buscava fazer sempre o seu melhor", relembra Armand Garrido, treinador que acompanhou sua ascensão das categorias de base ao time principal.
"No sub-17, estava às sombras de Hatem Ben Arfa no início, mas no final da temporada, Karim contornou a situação. Desde os 17 anos, já jogava com a equipe reserva e treinava com os profissionais. Fez sua estreia no time principal aos 17 anos de idade, sob o comando de Paul Le Guen", completa Garrido.