Em meio a guerra e terremoto, jogadores do Shakhtar estão ansiosos para voltar aos gramados
Há quase um ano, a invasão russa à Ucrânia causou pânico no país e no Shakhtar, que teve de deixar seu território em 2014 por causa da guerra do Donbass e viu a história se repetir.
O clube, do bilionário Rinat Akhmetov, passou por Lviv, depois Kharkiv e finalmente Kiev desde 2020, e entrou em uma nova fase de incertezas. "É a segunda vez que querem me expulsar da minha terra, primeiro a região de Donetsk e agora todo o país, é incrível", disse Zubkov, lateral da seleção ucraniana, de 26 anos.
O jogador nascido na região de Donetsk foi revelado no Shakhtar e passou um ano emprestado em Mariupol, uma das cidades mais afetadas pela guerra, e jogou pelo Ferencvaros, em Budapeste, na última temporada antes de retornar ao Shakhtar no último verão (europeu).
Foi acima de tudo "uma escolha esportiva", explica. Após uma primeira temporada de sucesso na Hungria, a chegada de um novo técnico foi difícil para ele. "Escolhi o futebol e me sinto muito feliz com isso."
"Algo estranho"
Apesar da saída da maioria dos jogadores estrangeiros, do rejuvenescimento do elenco e dos deslocamentos complicados para disputar campeonato ucraniano e os jogos da Liga dos Campeões no exterior, o Shakhtar tem se saído bastante bem.
O próprio Zubkov marcou dois gols contra o Real Madrid, um deles com um impressionante voleio em pleno Santiago Bernabéu. O jogador balançou as redes em cada um dos dois jogos diante do gigante espanhol, em outubro passado, na fase de grupos da Liga dos Campeões (empate em 1-1 e 2-1 para o time espanhol).
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“Foi no final do primeiro tempo, eles estavam pressionando, a gente passou o tempo correndo atrás da bola (...). Nem percebi naquele momento que tinha marcado um belo gol”, disse.
O campeonato ucraniano está parado desde novembro. O Shakhtar está acostumado a competições continentais, assim como a grandes jogos europeus, nos quais raramente teve sucesso no passado.
Este ano, a equipe se preparou durante quase um mês em Belek, na costa sul da Turquia, onde os jogadores puderam sentir o tremor que causou tantos danos 500 quilômetros a leste na semana passada. "Acordei às 4h da manhã, senti algo estranho”, lembra Zubkov. "Foi a primeira vez para mim. Não estava com medo, mas não foi uma sensação agradável."
"Uma pequena luz"
A equipe está agora em Varsóvia, onde receberá o Rennes. "Estou muito animado. Estamos todos em forma, fisicamente prontos. Estamos ansiosos para entrar em campo".
Eles não terão mais a presença de Mykhailo Mudryk, autor de 18 gols em 18 jogos no início da temporada, contratado em janeiro pelo Chelsea por 70 milhões de euros, além de 30 milhões de bônus possíveis (em um total de cerca de 108 milhões de dólares), dos quais cerca de 25 milhões serão destinados a ajudar os soldados ucranianos e seus familiares.
"Claro que sentimos falta dele porque é muito talentoso e nos permitiu muita movimentação. Mas o Shakhtar é um time onde quando um jogador sai, alguém aparece para substituí-lo. Temos muitos exemplos", garante Zubkov.
Ele mesmo sente mais pressão, "mas eu gosto disso. A pressão faz parte do futebol e me fortalece".
Zubkov sabe que pode contar com o apoio de todos os ucranianos, não apenas dos torcedores do Shakhtar, nesta quinta-feira contra os franceses do Rennes pela Liga Europa. "Nestes tempos difíceis para o nosso país, este jogo pode ser uma pequena luz", conclui.