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Entrevista com Thomas Helveg: "Inter x Milan é um jogo especial, nada mudou"

Antonio Moschella
Helveg (à direita) e Oliver Bierhoff nos tempos de Milan
Helveg (à direita) e Oliver Bierhoff nos tempos de MilanProfimedia
O ex-lateral Thomas Helveg, que atuou tanto pelo Milan quanto pela Inter de Milão, jogou vários dérbis com as duas camisas. Um dos mais marcantes é a goleada de 6 a 0 dos rossoneros sobre os nerazzurri. Em entrevista exclusiva ao Flashscore, o dinamarquês recorda seu período em cada um dos clubes e analisa o Derby della Madonnina.

O italiano de Helveg é fluente, como se o dinamarquês nunca tivesse saído da Itália. Ele deixou definitivamente o país em 2004, quando trocou a Inter de Milão pelo Norwich City. Auxiliar técnico da seleção dinamarquesa sub-19, o ex-lateral de Udinese, Milan e Inter está sempre de olho no Campeonato Italiano.

E a Serie A, neste fim de semana, tem um jogo que Helveg viveu várias vezes de perto, dos dois lados: o Derby della Madonnina.

Milan x Inter, na sua época, era um dérbi de alta tensão.

Foi sempre espetacular jogar um dérbi. Em Roma e Milão vive-se de outra forma. E já vivi vários, especialmente com o Milan. É um jogo especial por si próprio, que sai da dinâmica da temporada. Era igual quando eu jogava. Nada mudou em relação a isso.

O Milan chega em um mau momento para o jogo de domingo? 

Acho que o Milan sofreu após a Copa do Mundo. Há alguns jogadores que não conseguiram se recuperar do cansaço desse torneio, que sempre desgasta. O Milan de hoje está realmente com muitas dificuldades, a queda repentina é bem estranha.

Na Copa do Mundo, só Theo Hernández e Olivier Giroud – que ficou quatros jogos sem marcar até o gol contra o Sassuolo – chegaram longe. E Rafael Leão parece ainda não ter voltado ao nível habitual.

Não conheço bem as situações específicas, mas, em relação ao Leão, voltar de uma competição como a Copa sem conseguir cumprir o que prometeu pode ter um efeito negativo no seu desempenho. Essas coisas acontecem, mas também é verdade que ele é um dos melhores do time, e estão sempre à espera que ele faça a diferença. Além disso, há períodos em que não se está na melhor forma física, e você também fica abaixo mentalmente. E o Milan caiu em uma dinâmica negativa.

Leão marcou dois gols em sete jogos após a Copa do Mundo
Leão marcou dois gols em sete jogos após a Copa do MundoAFP

É uma crise?

Não daria esse nome. Mas é verdade que o caminho para um objetivo importante tornou-se mais longo e mais difícil.

Quem tem mais a perder no dérbi de domingo?

Sem dúvida o Milan, porque se perderem será a terceira derrota consecutiva na Serie A. Por outro lado, uma vitória pode impulsionar a moral da equipe de Pioli, que vem de goleada sofrida para o Sassuolo. Também porque o objetivo do Scudetto está muito difícil de alcançar, e é necessário dar um sinal de força na luta pela Liga dos Campeões. A nível psicológico, o dérbi pode ter uma influência enorme no resto da temporada. E se, por exemplo, a Inter vencer, seria também um sinal importante para Lazio e Atalanta.

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Com Tomori lesionado, seu compatriota Simon Kjaer poderá voltar a jogar na zaga.

É uma oportunidade para ele voltar a se firmar, sem dúvida. Na Copa do Mundo teve azar, porque jogou meia hora no primeiro jogo e foi substituído. Depois não jogou mais e fomos eliminados. Acho que a preparação dele para a Copa não foi perfeita.

Kjaer em ação pelo Milan
Kjaer em ação pelo MilanAFP

Como você o vê agora?

Ele não tem jogado muito ultimamente, por isso tem de passar por uma recuperação mental. Desejo a ele as maiores felicidades, porque teve azar na Copa do Mundo, onde trabalhou o dobro do que o normal para estar lá e depois não jogou, devido a problemas físicos. O meu desejo é que ele retorne como titular e possa fazer a diferença novamente.

Qual é o dérbi que vai ficar para sempre na sua memória?

Sem dúvida a vitória por 6 a 0 (em 2000/01). Essa noite foi mágica, lembro-me dos dois gols de Comandini, que abriu uma goleada histórica e nos deu um impulso para o resto da temporada. Foi uma das noites mais bonitas para mim como jogador do Milan. Um jogo inesquecível.

Como rossonero, seu capitão era Paolo Maldini. Como nerazzurro, a braçadeira pertencia a Javier Zanetti. Dois ícones.

Dois líderes silenciosos que não levantavam a voz, mas comandavam com firmeza e de forma correta. Hoje já não há jogadores assim, já não há pilares. Em relação a pessoas muito ligadas ao AC Milan, lembro-me do Costacurta e do Albertini.

Percebo uma certa nostalgia nas suas declarações...

(Risos) Mais do que nostalgia, é um fato. Não se pode comparar o futebol do passado com o de hoje. Pelo contrário, alguns jogadores que eram fortes há 30 anos, não sei se fariam a diferença atualmente. O futebol mudou tanto. É tudo sobre explosão.

Helveg marca Ronaldo na Copa do Mundo de 1998
Helveg marca Ronaldo na Copa do Mundo de 1998AFP

Por falar em explosão: primeiro na Udinese, e depois no Milan, você teve que marcar um certo Ronaldo em algumas ocasiões. 

Foi um atacante que escreveu sua própria história. Se estivesse à espera dele, ele te superava em progressão, mas se estivesses perto dele, ele passava no drible. Ele sempre te humilhava. Havia poucos como ele.