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Entrevista exclusiva com Felipe Melo: "Eu jogo duro, mas não sou nada desleal"

Antonio Moschella
Felipe Melo concedeu entrevista exclusiva ao Flashscore
Felipe Melo concedeu entrevista exclusiva ao FlashscoreProfimedia
Felipe Melo atuou por mais de uma década no futebol europeu. Além de começar na Espanha e ser ídolo no Galatasaray, da Turquia, o volante do Fluminense jogou por três times italianos: Fiorentina, Juventus e Inter de Milão. E os times de Florença e Turim fazem o clássico da rodada na Serie A no próximo domingo (12), às 14h.

Em entrevista exclusiva ao Flashscore da Itália, Felipe Melo revelou para quem vai torcer no duelo. E mais: admitiu que joga duro, mas descartou a fama de atleta desleal. Aos 39 anos, o volante comentou sobre a emoção de treinar com seu filho Davi, no Fluminense, recordou o período no futebol europeu e analisou a situação da Juventus. Mas ressaltou: é torcedor da Inter de Milão desde criança. Confira abaixo.

Hoje você está no Fluminense, onde já treinou com seu filho Davi. Você também chegou duro jogando contra ele?

(Risos) Fizemos pouco treinos juntos, mas, quando necessário, digo a ele o quanto o futebol é duro. Mas estou feliz por ele ter chegado aqui, porque tem muita qualidade e, principalmente, porque durante vários anos ele não se sentiu motivado para jogar.

Como ele superou isso?

Ele viu o irmão mais novo jogar e ficou motivado. Davi tem muita qualidade, e eu não digo isso porque ele é meu filho. Ele já ganhou um campeonato juvenil no Chile e, neste ano, foi promovido pelo técnico do time principal, ainda que temporariamente. Ele nasceu na Espanha, mas cresceu nas categorias de base de Juventus e Inter de Milão, e por isso também é um pouco italiano.

E ele joga como você?

A posição é a mesma, de volante à frente da zaga, mas precisamos ter calma. Ele tem muita técnica, e espero que dê logo esse salto, porque estou morrendo de vontade de jogar com ele!

Felipe Melo com o filho Davi em treino do Fluminense
Felipe Melo com o filho Davi em treino do FluminenseMailson Santana/Fluminense FC

Temos Juventus x Fiorentina no domingo, uma partida entre duas equipes que você conhece bem...

São dois times que carrego no coração, como todos aqueles em que joguei. Muitas pessoas pensam que eu não amo a Juve, mas não é verdade. Foi meu primeiro clube na Itália e é uma equipe extraordinária.

O que acha da punição de 15 pontos e do escândalo que o clube está vivendo?

Está passando por um mau momento, sem dúvida. Quanto à punição, não posso falar de um clube tão grande como a Juve. É verdade que eles cometeram um erro, perderam 15 pontos, mas sempre vi um comportamento sério na Juve, desde o presidente até o jardineiro. A Juventus é um clube sério que faz coisas importantes, mas eles cometeram erros de novo...

Como será o jogo no domingo?

Acho que a Fiorentina tem uma boa chance de vencer. É um time jovem com bons jogadores, incluindo o próprio Arthur Cabral, em quem confio muito. E também tem o Amrabat, que fez uma grande Copa do Mundo e foi procurado pelo Barcelona.

Amrabat joga na mesma posição que a sua. Você se vê nele?

(Risos) Honestamente, não. Acho que o Felipe Melo de 25 anos era um dos jogadores mais fortes em sua função, e eu era titular na Seleção Brasileira. A Juventus foi obrigada a pagar a cláusula para me contratar. Naquela época eu era forte, tinha qualidade e também estava marcando gols. Não gosto de fazer comparações, mas somos diferentes. Amrabat é bom na marcação, defensivamente é muito forte. 

O fato do jogo ser em Turim não é uma vantagem para a Juventus?

Eu não tive a sorte de jogar com a camisa da Juventus no Allianz Stadium, mas sem dúvida os torcedores cantam mais alto lá. Eu experimentei isso quando joguei pelo Galatasaray. Quando jogávamos no Olímpico, as arquibancadas eram mais distantes e o ambiente era mais frio. Se essa partida fosse em Florença, aí seria diferente. Os torcedores da Viola são únicos, são a grande força da equipe. Na Itália, é uma das torcidas mais apaixonadas, junto com Napoli, Roma e Lazio.

Felipe Melo guarda carinho especial pela Fiorentina
Felipe Melo guarda carinho especial pela FiorentinaProfimedia

E você vai torcer para quem?

Fiorentina, sem dúvidas! Torcerei pela Fiorentina porque tive um ano maravilhoso lá, graças à torcida, que permanecerá no meu coração para sempre. Eu amo a Viola porque amo seus torcedores. Quando fui para a Juventus eles obviamente ficaram decepcionados, mas para mim nada mudou.

Desde seu início na Itália, pela Fiorentina, você sempre foi considerado um jogador maldoso...

Na Espanha, onde joguei antes da Itália, nunca recebi esse rótulo. Essa fama foi atribuída a mim na Itália, também por razões táticas. Em LaLiga eu costumava jogar em um trio de meio-campo, no qual eu podia chegar mais facilmente ao ataque. Pense só que no Galatasaray eu marquei 12 gols na minha primeira temporada...

Na Itália, por outro lado, você sempre foi visto como um volante que atuava à frente da defesa.

Eu tinha que dar um passo para trás, era o último homem antes dos defensores. E foi uma nova função para mim, na qual eu nunca poderia cometer erros, porque depois de mim havia só os zagueiros. E é verdade que eu jogo duro, mas não sou nada desleal, isso é outra coisa. Mas eu sempre fui duro, porque o futebol é um esporte sério e duro.

Jogador garante que é torcedor da Inter desde criança
Jogador garante que é torcedor da Inter desde criançaInstagram/Felipe Melo

Os torcedores da Juve, por outro lado, te criticaram por várias demonstrações de afeto à Inter de Milão antes dos clássicos.

Antes de mais nada, preciso esclarecer duas coisas: sempre fui torcedor da Inter, desde criança. E ainda mais depois de jogar lá. Mas é verdade que meu primeiro grande clube foi a Juventus, cheguei quando era jovem e aprendi muito, embora tenha cometido muitos erros. 

Mas era a Juventus pós-escândalo do Calciopoli...

Houve muita confusão naquele time, mesmo tendo grandes companheiros como Cannavaro, Buffon, Trezeguet, Del Piero... E todos falaram bem de mim. A Juve foi uma escola para mim. Eu melhorei como pessoa.

Em Turim eles também lembram bem da eliminação para o Galatasaray na fase de grupos da Liga dos Campeões de 2013/14, quando você estava do outro lado.

Foi uma partida inesquecível. Debaixo de neve! No dia anterior caiu tanta neve que não pudemos jogar, e tivemos que adiar para o dia seguinte, e à tarde, quando os torcedores tinham que trabalhar. Mesmo assim, encheram o estádio para nos apoiar ao máximo. E eles fizeram a diferença. Tínhamos que vencer para passar, e fizemos isso.

Felipe Melo é ídolo no Galatasaray, onde venceu três Campeonatos Turcos
Felipe Melo é ídolo no Galatasaray, onde venceu três Campeonatos TurcosInstagram/Felipe Melo

O gol de Sneijder aos 40 minutos do segundo tempo é histórico.

Eu comecei essa jogada, roubando a bola de Vidal. Depois veio o lançamento para Drogba e o gol de Sneijder. Foi uma sensação maravilhosa. Vencer uma equipe como aquela Juventus, cheia de grandes campeões, foi espetacular.

Aquele Galatasaray era realmente especial....

Muita gente fala mal do Campeonato Turco, mas não é fácil jogar lá. Vencemos Juventus, Manchester United. Éramos um time forte, muito duro. E digo mais: no ano anterior poderíamos ter conquistado a Liga dos Campeões!

Você está falando sobre as quartas de final contra o Real Madrid?

Exatamente! Tenho certeza de que teríamos passado se tivesse VAR. É verdade que na ida perdemos por 3 a 0, mas no segundo gol o árbitro não marcou uma falta clara em um jogador nosso, e isso foi decisivo. Na volta, no início, tomamos um gol com impedimento claro de Cristiano Ronaldo, mas reagimos para fazer 3 a 1. Marcamos três gols em 15 minutos, e eu vi Mourinho atordoado como se estivesse pensando: "Que p*** é essa que está acontecendo aqui?". E então eles fizeram o segundo gol porque estávamos todos no ataque em busca do quarto. Mas com VAR poderíamos ter conquistado a Liga dos Campeões!