Equador, ex-patinho feio da América do Sul, exige respeito na Copa do Catar
"Isso de que éramos um time fraco, que não tínhamos confiança, além de sermos uma seleção de jovens sem experiência, não só era comentado aqui, mas também no exterior", disse Alfonso Laso, jornalista da rádio esportiva La Red, à AFP Quito.
O comentarista lembra dos momentos difíceis do Equador, que perdeu a Copa da Rússia de 2018 e antes do início das eliminatórias do Catar passou por uma tempestade de maus resultados e trocas de comando.
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No entanto, a chegada do argentino Gustavo Alfaro mudou a cara da seleção tricolor, que começou a dar sinais de evolução quando venceu o Uruguai por 4 a 2 e goleou a Colômbia por 6 a 1 nas primeiras rodadas das eliminatórias. O resto é história.
Naquele momento, "o time deixou de ser aquele que era visto de cima para baixo, porque estava cheio de meninos, para ser visto como um time forte. Essa seleção acabou fazendo jogos muito bons e obtendo ótimos resultados fora de Quito", ressalta Laso.
Muito a ganhar, pouco a perder
Com as atenções voltadas para o duelo de abertura contra o anfitrião Catar, no dia 20 de novembro, o Equador tem "objetivos muito claros", segundo o ex-jogador e técnico Polo Carrera. "Ele sabe que o primeiro jogo vai ser muito importante porque a sua possível classificação vai depender disso (...) Será importante ter uma 'gordura de pontos' para os dois jogos restantes" na primeira fase, disse Carrera à AFP.
O Equador também está no grupo A com Senegal e Holanda, considerados seus adversários mais fortes. Longe de ser a favorita da América do Sul, a seleção equatoriana - com idade média de 27 anos e figuras pouco conhecidas - está em condições de dar uma agradável surpresa na Copa do Mundo.
"É uma seleção que não desiste, é um time que joga para frente, tem velocidade, tem potência e tem essa juventude (...) Tem mais coisas a ganhar do que a perder", completa Carrera.
Jovens jogadores que atuam em times europeus, como os zagueiros Piero Hincapié e Pervis Estupiñán e o meio-campista Moisés Caicedo, mostram o potencial do Equador. O mesmo é feito pelo legionário Enner Valencia, que apesar de não ter conseguido marcar gols nos últimos amistosos, tem balançado as redes pelo seu time, o turco Fenerbahce.
"A favor (do Equador) está o momento muito bom da maioria dos meninos. Nos últimos amistosos o que nos faltou foi um gol, mas em geral foram bons jogos", diz Laso.
Depois de conquistar a quarta e última vaga pela América do Sul para o Mundial, em junho derrotou Cabo Verde e Nigéria (ambos por 1 a 0) e empatou com o México (0 a 0) nos Estados Unidos. Em setembro, os equatorianos empataram com a Arábia Saudita (0-0) na Espanha e com o Japão (0-0) na Alemanha.
Colaboração no ataque
A falta de precisão nas finalizações não tira totalmente o sono de Carrera, que ressalta que a ausência de atacantes goleadores natos é compensada por meio-campistas que transitam tranquilamente por vários setores.
O Equador "tem força no meio de campo, onde possui jogadores que sabem marcar, se desdobram e o gol virá com um senso de colaboração, como um todo", diz o ex-técnico.
Carrera está otimista. Os jogadores "vão enfrentar de igual para igual" as equipes que têm pela frente como já fizeram nas eliminatórias, em que em 14 das 18 partidas se mantiverem em terceiro lugar na tabela.
"A seleção tem um treinador que sabe conversar. Me parece que a motivação também é importante e ele conseguiu reunir uma família", diz ele. Em termos de aspecto físico, os tricolores estarão à altura dos seus concorrentes, e com isso será "o talento que terá de fazer a diferença (…) e acho que temos jogadores muito talentosos", conclui Laso.