Escaladora iraniana deve ir presa após competir sem véu na cabeça
De acordo com o serviço persa da BBC, amigos de Rekabi não conseguiram contatá-la após a repercussão do caso e temiam pela segurança da atleta.
A escaladora competiu no Torneio Asiático de escalada esportiva em Seul neste domingo (16) sem usar o tradicional hijab, o que causou furor e controvérsia em meio aos recentes protestos no Irã.
Neste terça, Rekabi reapareceu e postou em seu Instagram um pedido desculpas por "deixar todos preocupados" e disse que estava voando para casa.
"Devido ao mau timing, e à chamada de impreviso para que eu escalasse, meu véu saiu inadvertidamente", explicou ela, que acrescentou estar a caminho do Irã "ao lado da equipe com base no cronograma pré-estabelecido".
Segundo o site IranWire, a escaladora seria transportada de volta para Teerã na terça-feira - um dia antes do previsto - para impedir possíveis protestos no aeroporto internacional Imam Khomeini.
A embaixada do Irã na Coréia do Sul, no Twitter, negou informações sobre o seu desaparecimento após a competição:
O IranWire, um site internacional anti-regime islâmico, noticia que o chefe da Federação de Escalada do Irã enganou Rekabi, dizendo a levaria para a embaixada iraniana em Seul para garantir que ela viajasse em segurança. O chefe da Federação estaria, contudo, seguindo ordens do Corpo de Guardas Revolucionários do Irã (IRGC) para apreendê-la.
"Nosso entendimento é que ela está voltando ao Irã, e continuaremos a monitorar a situação à medida que ela se desenvolver na sua chegada", disse a Federação Internacional de Escalada Desportiva (IFSC) antes da notícia da possível prisão da atleta.
Sem véu e com calção
Rekabi ficou em quarto lugar na competição de bouldering. No ano passado, ela ganhou a medalha de bronze no evento combinado feminino no Campeonato Mundial de Escalada IFSC.
Acredita-se que a escaladora é apenas a segunda atleta iraniana a competir desafiando abertamente a rígida lei iraniana que exige que as mulheres cubram a cabeça.
Em 2019, a boxeadora Sadaf Khadem (que tornou-se a primeira mulher do país desde a revolução islâmica a vencer uma luta no exterior) optou por permanecer na França após a luta do título, pois as autoridades iranianas emitiram um mandado de prisão por ela ter competido usando calções e sem usar hijab.
Protestos eclodiram mundo a fora no fim de Setembro por conta da morte de Mahsa Amini sob custódia da policia da moralidade no Irã.