Uma carta formal de oito páginas, vista pela Reuters, foi enviada ao executivo-chefe da Fórmula 1, Stefano Domenicali, e ao presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, com sede em Paris, em 15 de agosto.
Essa carta é uma notificação legal formal exigida antes dos processos judiciais.
A Enyo Law, sediada em Londres, disse que o brasileiro Massa, hoje com 42 anos, foi "vítima de uma conspiração cometida por indivíduos do mais alto nível da F1, juntamente com a FIA e a Formula One Management".
O escritório disse que Massa havia perdido dezenas de milhões de euros em lucros cessantes e bônus como resultado do acidente deliberado de outro piloto no Grande Prêmio de Cingapura de 2008, que teria sido encoberto antes de se tornar um escândalo em 2009.
O acidente custou a Massa pontos vitais em uma temporada em que ele acabou perdendo por um único ponto para Lewis Hamilton, da McLaren, o primeiro do recorde de sete vitórias do britânico.
"Simplificando, o Sr. Massa é o legítimo Campeão de Pilotos de 2008, e a F1 e a FIA ignoraram deliberadamente a má conduta que o impediu de conquistar esse título", diz a carta.
"O Sr. Massa não pode quantificar totalmente suas perdas nesta fase, mas estima que elas provavelmente ultrapassem dezenas de milhões de euros.
"Esse valor não cobre as graves perdas morais e de reputação sofridas pelo Sr. Massa."
Massa procurou aconselhamento jurídico depois que o ex-superintendente da F1, Bernie Ecclestone, foi citado em março dizendo que ele e o ex-presidente da FIA, Max Mosley, sabiam em 2008 que o acidente do então piloto da Renault, Nelson Piquet, foi deliberado, mas não agiram.
Não houve resposta imediata da FIA e da Fórmula 1, que está atualmente em um período de paralisação em agosto.
Ecclestone, de 92 anos, disse à Reuters por telefone da Suíça que não se lembrava de ter dito as principais citações atribuídas a ele.
"Não me lembro de nada disso, para ser honesto", disse o britânico, que foi substituído como supremo da F1 em 2017, depois que a Liberty Media, sediada nos EUA, assumiu o controle como detentora dos direitos comerciais.
"Não me lembro de ter dado a entrevista, com certeza".
Ele disse que nem Massa nem os advogados do brasileiro o abordaram para perguntar o que ele poderia ter dito.
Acidente com Piquet
Massa liderava o Grande Prêmio de Cingapura de 2008 na pole position quando o brasileiro Piquet bateu no muro na 14ª de 61 voltas.
O acidente acionou o safety car e beneficiou o companheiro de equipe espanhol de Piquet, Fernando Alonso, que venceu a corrida. Massa não conseguiu pontuar depois de um pitstop malfeito.
Piquet revelou em 2009 que havia sido instruído a bater pelos chefes de equipe da Renault, que foram posteriormente banidos.
Na entrevista deste ano, Ecclestone foi citado como tendo dito que ainda sentia pena de Massa: "Ele foi enganado e perdeu o título que merecia, enquanto Hamilton teve toda a sorte do mundo e ganhou seu primeiro campeonato".
Massa disse à Reuters em maio que queria justiça.
"Se as pessoas mais importantes da Fórmula 1 e da FIA sabiam em 2008 e não fizeram nada, você acha que isso foi justo? Não é justo", disse ele.
A carta dos advogados advertia que, se não houvesse uma resposta satisfatória, Massa pretendia "entrar com uma ação judicial para buscar indenização pelos danos que sofreu".
Ele também queria "o reconhecimento de que, se não fosse por esses atos ilegais, ele teria sido premiado com o campeonato de 2008".
Os advogados disseram que, na ausência de uma resposta substantiva dentro de 14 dias, eles esperavam ser instruídos a "iniciar um processo judicial nos tribunais ingleses sem aviso prévio".
Massa não voltou a vencer depois de 2008, com o brasileiro sofrendo uma lesão quase fatal na cabeça no Grande Prêmio da Hungria de 2009. Ele se aposentou em 2017.
Mosley, que trabalhou em estreita colaboração com Ecclestone, morreu em 2021, enquanto o diretor de corridas da FIA, Charlie Whiting, outra figura importante, morreu em 2019.A