Etíope Tamirat Tola quebra recorde olímpico e vence maratona em Paris
Tola, que vai completar 33 anos no domingo, venceu no atípico traçado parisiense com um tempo de 2 horas, 6 minutos e 26 segundos, estabelecendo um novo recorde olímpico.
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O belga Bashir Abdi cruzou a linha de chegada 21 segundos atrás e ficou com a medalha de prata, enquanto o bronze foi para o queniano Benson Kipruto, que chegou 34 segundos atrás do vencedor.
Mas a imagem simbólica foi a de Kipchoge com muitos problemas e até andando. Ele ficou distante do pelotão da frente e abandonou a prova depois do quilômetro 30, quando já tinha 8 minutos e 30 segundos de atraso em relação aos líderes. Aclamado no percurso pelos espectadores, o icônico maratonista queniano deu de presente seu número, tênis e meias antes de entrar no carro que retira os atletas da prova.
Sem o 3º ouro seguido
Kipchoge, ex-recordista mundial (2h01min09 em 2022), sonhava em ser o primeiro maratonista a emendar três ouros olímpicos, para superar o corredor da Alemanha Oriental Waldemar Cierpinski (campeão olímpico em Montreal-1976 e Moscou-1980) e o etíope Abebe Bikila (Roma-1960 e Tóquio-1964), mas em nenhum momento esteve perto da façanha.
"Hoje foi um dia difícil. É como no boxe, você pode treinar cinco meses para uma luta e eles te nocauteiam em dois segundos. Mas a vida continua", disse Kipchoge, que admitiu ter sido sua "pior maratona".
Tola foi o herói da manhã ensolarada em Paris. Rapidamente foi para a ponta do pelotão e mostrou estar preparado para a maratona, que tinha um percurso atípico, que tinha 436 metros de elevação.
O encadeamento de subidas e descidas em Paris, passando por Versalhes, acabou afetando o desempenho dos corredores, a maioria deles acostumados a maratonas em um terreno mais plano.
Esta não é a primeira medalha olímpica de Tamirat Tola, que foi bronze nos 10.000 metros dos Jogos do Rio de Janeiro em 2016. Na maratona, foi campeão no Mundial de Eugene em 2022 e vice-campeão no Mundial de Londres em 2017.
"Obrigado, Paris!", disse Tola depois de cruzar a linha de chegada. "Estou muito feliz, fui campeão do mundo em 2022 e agora sou campeão olímpico. É o dia mais feliz da minha vido, esse era o meu objetivo", comemorou.
Este ano, o etíope abandonou a maratona de Londres em abril e não terminou a prova na maratona do Mundial de Budapeste em 2023, ano em que conseguiu se recuperar vencendo a maratona de Nova York meses depois.
Quarto etíope campeão
Com sua vitória neste sábado na Esplanade des Invalides, Tola se torna o quarto etíope a ser campeão olímpico da maratona masculina, depois do pioneiro Abebe Bikila, com as vitórias em 1960 e 1964, Mamo Wolde (1968) e Gezahegne Abera (2000).
Outra lenda que participou da prova, o também etíope Kenenisa Bekele, terminou na 29ª colocação com o tempo de 2h12min24.
"É ótimo que a Etiópia tenha vencido a corrida. Tola é muito forte, estou feliz por ele. As pessoas falavam de mim e de Kipchoge, mas hoje foi o dia da geração mais jovem. Esses jovens são mais fortes do que nós", admitiu Bekele.