Exclusiva com Raulzinho: "Ausência de mais brasileiros na NBA é algo de momento"
O armador concedeu uma entrevista exclusiva ao Flashscore. Raulzinho falou sobre seu momento, a Seleção Brasileira, a ausência de mais compatriotas na NBA e muito mais.
Brazuca solitário? Nem tanto!
O jogador do Cleveland Cavaliers minimizou a ausência de mais brasileiros em ação nas quadras do melhor basquete do mundo. Ao Flashscore, Raulzinho lembrou de outros compatriotas que estão em atividade em diversas funções na NBA. A última vez que o Brasil contou com apenas um representante na liga foi em 2002, quando Nenê foi selecionado pelo New York Knicks na sétima posição do draft, mas acabou trocado com o Denver Nuggets.
Para Raulzinho, a nova geração brasileira vem forte para conseguir um espaço na liga. É a confiança no trabalho, inclusive dos nomes que andam em ação na G-League, a liga de desenvolvimento da NBA.
"Gostaria de ver mais brasileiros jogando na NBA neste momento? Claro. Todos nós gostaríamos. É bom para o nosso basquete, é bom para a nossa seleção, mas é algo de momento, tenho certeza, acredito muito no potencial dessa geração que vem por aí, uma geração talentosa e com meninos que podem chegar à NBA", declarou Raulzinho.
"Mas é importante lembrar que eu não sou o único na liga, temos outros brasileiros como Anderson (Varejão), Tiago (Splitter) e Leandrinho, ocupando funções importantes nas franquias da NBA. Há profissionais brasileiros no Denver, além de Didi, Caio, Gui e Galvani, que estão na G-League", acrescentou o armador.
Raulzinho elogiou o processo de formação no basquete brasileiro, apontando que não "falta algo" para os atletas nacionais em relação à trajetória até a NBA. Ele ressaltou a grande concorrência por vagas, mas lembrou que muitos nomes do basquete nacional são destaques na Europa.
"Acho que isso é momentâneo. A NBA é uma liga extremamente competitiva, e jogadores do mundo inteiro querem entrar. E ninguém quer sair. A concorrência é muito grande", analisou Raulzinho. "Não é questão de ‘faltar algo’, o trabalho está sendo bem feito no Brasil e é preciso valorizar isso. Vemos a base fortalecida, jogadores na G-League, jovens jogadores aparecendo e mostrando que querem conquistar seus espaços, temos muitos jogadores se destacando na Europa, isso tudo é importante e valioso para o nosso basquete e para a Seleção Brasileira", salientou.
Dispensas da Seleção Brasileira
O basquete brasileiro acabou fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio no basquete masculino, no feminino e também entre os cadeirantes. Raulzinho pode ser uma das forças da Seleção, que recentemente cravou uma importante vaga na Copa do Mundo deste ano. O atleta, no entanto, acumula pedidos de dispensa sucessivos, que o fizeram ser criticado.
Ao Flashscore, o jogador destacou que todos os pedidos tiveram motivos, inclusive por lesões. Mas ele garante que sempre esteve à disposição, inclusive se for chamado novamente. O Mundial deste ano acontecerá nas Filipinas, no Japão e na Indonésia entre os dias 25 de agosto e 10 de setembro.
"Sempre estive à disposição da Seleção Brasileira, participei de competições na base, disputei duas vezes os Jogos Olímpicos, Mundiais e várias torneios importantes no adulto. Em convocações recentes, não pude me apresentar por motivos de lesões ou de conflitos de calendários, como acontece com as janelas das Eliminatórias FIBA", justificou Raulzinho. "Mas sempre estive à disposição e sempre tive orgulho de defender o meu país", pontuou o atleta.
Mais Raul Neto e menos Raulzinho?
Aos 30 anos, esta é a oitava temporada de Raulzinho na NBA, ou, como os norte-americanos o chamam: Raul Neto. A solidez na carreira lhe permite uma longa sequência na liga. Ele comentou sobre o amadurecimento que obteve atuando no maior torneio de basquete do planeta.
Na atual temporada, Raulzinho acumula 41 jogos, com uma média de 3,1 pontos e 1,4 assistência. Suas melhores performances na carreira aconteceram há pouco tempo, nas temporadas 2020/21 e 2021/22, quando defendeu o Washington Wizards. O armador chegou a ter 8,7 pontos de média. Raul se sente um veterano.
"Esta é a minha oitava temporada na NBA e, claro, muita coisa mudou. Hoje sou um veterano, tenho mais experiência, me adaptei bem ao estilo e à velocidade, ao jogo físico e mais intenso da liga. Sou um jogador muito diferente, mais completo em relação ao Raulzinho que chegou aos Estados Unidos em 2015, isso foi sendo construído aos poucos, temporada a temporada, jogo a jogo, com paciência e muita dedicação", observou o armador. "Você precisa evoluir o tempo todo, jogar no seu melhor nível todos os dias para se manter na liga e é esse o meu objetivo toda vez que entro em quadra para treinar ou jogar."
Até onde o Cleveland Cavaliers pode chegar?
Os Cavaliers subiram de patamar com a chegada de Donovan Mitchell em setembro do ano passado. A troca envolvou a ida de Collin Sexton, Lauri Markkanen, Ochai Agbaji e mais três escolhas de primeira rodada para contar com o All-Star. E o resultado é visível em quadra, com o time ocupando a quarta posição da Conferência Leste. Raulzinho faz parte deste momento fantástico para a franquia de Ohio, que sonha em voar ainda mais alto dentro da atual temporada.
"Estou muito feliz com o que temos apresentado na temporada até agora. Temos um grupo jovem, ao mesmo tempo experiente, muito unido e que gosta de jogar junto, de estar junto. Mitchell é um grande jogador, está sendo muito bom jogar ao lado dele de novo, assim como Rubio. O Garland é outro jovem de potencial enorme, Mobley, Allen... É um grupo especial, que pode dar muitas alegrias aos fãs."
"Levamos essa união, essa alegria para dentro de quadra e as coisas estão acontecendo. Hoje temos um objetivo que é a classificação aos Playoffs, chegar à pós-temporada na melhor posição que pudermos e na melhor condição possível".
Raul Neto está bem longe de ser o único brasileiro em Cleveland. Afinal de contas, o ídolo Varejão voltou à franquia que o fez famoso na Liga, exercendo agora um cargo executivo após aposentadoria das quadras. Acima de tudo, Varejão é um amigo que Raulzinho carrega. Uma amizade especial que ganha mais um capítulo, agora em Ohio.
"Fiquei muito feliz por ele. Anderson é um ídolo dos Cavs, é um ídolo dos fãs, da cidade, é respeitado por todos. É bacana ver o que ele construiu, o respeito e a admiração que conquistou. Isso é fruto de um trabalho sério de mais de uma década defendendo a franquia e é motivo de orgulho para nós, brasileiros", relatou.
"Além disso tudo, Anderson é um grande amigo. Fico feliz que ele esteja de volta à franquia, que possa estar próximo de mim e do time, dividindo sua experiência e passando confiança e conhecimento a todos do grupo no dia a dia", comemorou Raulzinho.
De olho no clube que o revelou
Cria do Minas Tênis Clube, Raulzinho também destacou o seu carinho com o time da Rua da Bahia. Por conta da sua agenda de treinos, acompanhar o time que o revelou é complicado, mas ele não deixa de celebrar as conquistas dos mineiros, que aparecem como uma das grandes forças do NBB e faturaram no ano passado o título da Copa Super 8.
"Não consigo ver muito o NBB em razão da rotina de jogos, treinos e viagens aqui na NBA. Não consigo assistir aos jogos, mas, sempre que posso, acompanho as notícias e os resultados, e fico feliz em ver como o Minas vem se consolidando entre as principais forças do campeonato nos últimos anos. Conquistando títulos, como foi no Super 8, e posições importantes em competições, como a BCLA, por exemplo. Tenho um enorme carinho pelo clube e, mesmo à distância, estou sempre na torcida", finalizou o armador.