Em entrevista exclusiva ao Flashscore, Raphinha recorda o momento em que ouviu o próprio nome entre os convocados de Tite, fala sobre o sonho de conquistar o Mundial e dá sua opinião sobre o favoritismo do Brasil.
Como recebeu a notícia de que estava entre os 26 convocados da Seleção, para a primeira Copa do Mundo de sua carreira?
Fiquei quase dois meses à espera do anúncio oficial, muito ansioso durante esse tempo. Estava em casa, sabia o horário da convocação e esperei, nervoso, mas com muita confiança de que poderia fazer parte do elenco. Fiquei obviamente muito feliz com a notícia. Representar meu país em uma Copa do Mundo é uma honra imensa.
Vai ser a primeira Copa de muitas?
A primeira de muitas, se Deus quiser. Vou me preparar da melhor maneira possível e continuar trabalhando ao máximo para fazer parte de mais convocações do Brasil.
Este é um Mundial atípico, pelo país e pelo período do ano. Para os jogadores, habituados à rotina de uma temporada normal, é complicado?
O que eu posso dizer é que é diferente. As outras Copas eu só assisti pela televisão, mas surgir uma competição dessas, neste período, é diferente de todas as outras. A final vai ser perto do Natal. Vai ser diferente de qualquer outro Mundial, num país diferente de qualquer outro. Mas uma Copa é uma Copa, temos de estar preparados para qualquer circunstância.
O Brasil está no Grupo G, com Sérvia, Suíça e Camarões. É um grupo que dá garantias para avançar?
Nenhum grupo te dá garantias de nada. Todas as seleções que chegaram a este Mundial tiveram seu percurso, suas dificuldades, e todas estarão muito bem preparadas para a disputa. Acredito que, para chegar a uma Copa, nada é fácil pelo caminho, então agora todas querem chegar o mais longe possível. Não acredito que existam jogos fáceis numa competição dessas. A equipe que vai conseguir seus objetivos é aquela que estiver mais bem preparada.
"O Brasil é sempre favorito"
É um grupo com duas seleções europeias e uma africana. O Brasil é favorito para ser o líder?
Como bom brasileiro, vou responder que sim. O Brasil é sempre favorito. Mas temos de saber as dificuldades que vamos ter pela frente e, obviamente, temos de respeitar todas as seleções. Temos de chegar ao Mundial e impor nossa maneira de jogar e nossa vontade de conquistar o objetivo final.
O objetivo final é vencer a Copa. O Brasil é o grande favorito?
O Brasil acaba sendo um dos favoritos em todas as Copas, pelo que já conquistou na sua história. Agora temos um elenco incrível, com jogadores de muita qualidade, e todos com vontade de vencer. Vejo a nossa seleção como um grupo incrível, não só pela qualidade mas também pela capacidade de trabalho. Toda a gente se dá bem com os outros. Vejo um grupo muito forte para chegar à final e conquistar o título.
Já sonhou em levantar a taça de campeão do mundo, depois de vencer a final com um gol do Raphinha?
Todos os dias e todas as noites sonho com esse momento.
Seria o momento mais feliz da sua carreira?
Não vou garantir que seria o mais feliz, mas posso colocar no top 3. Mas naquele momento, sim, seria o mais feliz da minha carreira.
Você chega ao Mundial motivado, deixando o Barcelona na liderança do Campeonato Espanhol. Isso dá ânimo para ir ao Catar?
Sem dúvida. Conseguimos manter uma boa sequência de jogos no Barcelona e a liderança antes desta pausa. Isso é muito importante para manter a confiança coletiva e a individual. Agora cada um vai para sua seleção e acredito que todos poderemos fazer um grande Mundial.
"Portugal seria o lugar onde eu moraria depois de parar de jogar"
E uma final de Copa contra Portugal? É possível. Ficaria feliz?
Sem dúvida. Vivi muita coisa em Portugal. Vivi momentos incríveis e outros não tão bons, mas considero Portugal como a minha casa. Sempre digo isso a todo mundo: tirando o Brasil, Portugal seria o lugar onde eu moraria depois de parar de jogar. Eu me identifico muito com o país, as pessoas me acolheram muito bem. Então, obviamente, uma final contra Portugal seria emocionante e muito marcante para mim.
"Bruno Fernandes é o irmão mais velho que não tenho"
Tem falado sobre o Mundial com alguns amigos de Portugal? Na época do Sporting você era muito amigo do Bruno Fernandes, que agora está no Manchester United...
Converso muito com o Bruno. De todos os jogadores, é com quem tenho mais contato. Sobre o Mundial ainda não falamos, mas tenho certeza de que iremos nos encontrar, no Catar ou pelo telefone. Será sempre uma conversa descontraída, estamos sempre brincando. O Bruno é o irmão mais velho que eu não tenho. Ele me ajudou muito em Portugal, e continua me ajudando.
Continua tendo contato com as pessoas em Portugal?
Tenho, sim. Não com muita gente, mas mantenho contato com quem me aproximei mais nos três anos e meio em que estive lá. Daquelas pessoas mais próximas, que me acolheram, me abraçaram, tanto em Guimarães como em Lisboa. Não é um contato diário, porque tenho a minha vida aqui, elas têm as delas, e nem sempre existe o horário ideal para falar. Mas mantenho o contato com quem tenho um carinho imenso.
"Vejo um Brasil dividido pelas eleições, mas peço que se juntem por nós"
Que mensagem gostaria de deixar para o povo brasileiro, que vai torcer pela Seleção na Copa?
Vejo um país dividido depois das eleições que aconteceram. Mas peço a eles que se juntem mais uma vez, como um país unido, para mandar uma força positiva para nós no Mundial. Contamos com o apoio de todos para que, juntos, possamos chegar muito longe nesta Copa do Mundo.
E para os torcedores portugueses?
Só tenho a agradecer pelo carinho que sempre tiveram comigo e continuam tendo. Recebo várias mensagens de carinho de Portugal. Quero deixar um forte abraço a todos e desejar toda a sorte à seleção portuguesa, que corra tudo bem, e agradecer por todo o carinho dos portugueses comigo.