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F1 levanta voz contra restrições da FIA à liberdade de expressão

AFP
Mercedes apresentou seu novo carro nesta quarta-feira (15)
Mercedes apresentou seu novo carro nesta quarta-feira (15)Mercedes/Twitter/Divulgação
Acusada de restringir a liberdade de expressão dos pilotos ao proibir qualquer "comentário político, religioso ou pessoal" sem acordo prévio, a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) uniu a Fórmula 1 contra esta medida.

Piloto mais engajado do grid, o britânico Lewis Hamilton, sete vezes campeão mundial, deixou claro: "Nada vai me impedir de falar sobre as coisas que me apaixonam e dos problemas que existem, visto que o esporte tem uma responsabilidade, a de se expressar sempre sobre questões importantes para sensibilizar a opinião" pública.

Em declarações nesta quarta-feira durante a apresentação do novo carro da Mercedes para a temporada 2023, Hamilton falou publicamente pela primeira vez sobre a medida, anunciada em dezembro pela FIA.

"Não me surpreende", afirmou o piloto, que frequentemente expressa suas opiniões abertamente, principalmente com mensagens em suas roupas ou no capacete.

Em 2020, no pódio do Grande Prêmio da Toscana, o piloto da Mercedes vestiu uma camiseta com a mensagem "Prendam os policiais que mataram Breonna Taylor", uma mulher negra que morreu pelas mãos da polícia em seu apartamento nos Estados Unidos.

Tal ato levou a FIA a revisar suas regras de protocolo durante as cerimônias após as corridas, embora ainda não se tenha especificado quais seriam as punições.

Princípio de neutralidade

Outros pilotos do grid têm o mesmo discurso. "Estamos preocupados, sabemos que a política e as opiniões são temas sensíveis, mas precisamos de mais clareza da FIA sobre o que ela está tentando nos dizer", declarou o tailandês Alexander Albon (Williams), que pediu um "diálogo aberto".

Em um comunicado, a FIA explicou que a norma tem como objetivo preservar a "neutralidade política do esporte como princípio ético universal fundamental do movimento olímpico, consagrado pelo Código de Ética do Comitê Olímpico Internacional".

"Muitas pessoas nos consideram como porta-vozes dos problemas no mundo. É responsabilidade dos pilotos sensibilizar as pessoas neste tipo de situações".

O atual bicampeão do mundo, o holandês Max Verstappen, considerou, por sua vez, que todos deveriam "estar autorizados" a se expressarem. "Alguns falarão mais do que outros, certo, mas me parece que esta medida é um pouco inútil", disse Verstappen à emissora Sky Sports.

Incompreensão

"Não sei porque a FIA adotou esta medida", questionou o britânico George Russell. "Tenho certeza de que a situação será esclarecida e espero que seja antes da primeira corrida", no dia 5 de março, no Bahrein.

"Não consigo imaginar que querem nos impedir de expressar nossas opiniões", acrescentou Russell. "Faz parte da liberdade de expressão, temos o direito de compartilhar nossas opiniões".

Até o momento, a FIA não especificou quais seriam as eventuais punições para quem descumprir a norma.

Por sua vez, o presidente da Fórmula 1, Stefano Domenicali, afirmou no início de fevereiro que "nunca silenciará ninguém".

"Falamos de 20 pilotos, dez equipes e muitos patrocinadores que têm ideias diferentes, pontos de vista diferentes", contou Domenicali em uma entrevista ao jornal The Guardian.

"Não posso dizer quem tem razão e quem se equivoca, mas é justo, se for necessário, dar uma plataforma para falar sobre suas opiniões de maneira aberta", concluiu o dirigente.