"Expliquei a ele que não ia jogar e o porquê da decisão, para não chegarmos à noite e ele não ver o nome dele no quadro. Disse que não contava com ele de início, mas que achava que ele seria muito importante durante o jogo, porque a entrada dele podia ajudar a resolver a partida. Ele, naturalmente, não ficou muito satisfeito. Sempre foi titular, só uma vez que não, em um jogo específico. Não ficou satisfeito, mas teve uma reação normal. Foi uma conversa tranquila, em que eu apresentei as minhas razões e as debatemos", contou Fernando Santos .
De acordo com o técnico, a conversa com Cristiano Ronaldo antes da partida era necessária, por se tratar de um jogador com a importância e o tamanho do craque.
"Ruim seria se não tivesse acontecido. Eu só anuncio a equipe uma hora e meia antes do jogo, sempre o fiz, e essa conversa tinha de acontecer. Era uma questão de justiça da minha parte. Não faço isso com todos, é verdade, mas o capitão do time, com a projeção e o profissionalismo que tem, o que representa para os portugueses e para a equipe, merecia essa conversa. Aconteceu no dia do jogo, depois do almoço", afirmou.
Cristiano ameaçou deixar a seleção?
Sobre a notícia de uma possível ameaça de Cristiano Ronaldo de deixar a concentração de Portugal no Catar, Fernando Santos foi categórico: "Nunca, em momento algum, o Cristiano me disse, ou a alguém que esteja aqui , que queria sair da seleção".
"Como disse o João (Félix), é hora de pararmos com essas coisas. Foi ele (Cristiano) que deu o grito antes do jogo, como sempre, saiu com os jogadores para o aquecimento, pulou em todos os gols para comemorar com os colegas e, no fim, foi ele que os chamou para agradecerem à torcida. Mas a única coisa que notaram foi que ele saiu sozinho. Deixem o Ronaldo em paz, ele não merece isso, por tudo o que já fez por Portugal e pelo futebol", acrescentou.
Duelo com o Marrocos
Portugal enfrenta o Marrocos neste sábado (10), às 12h, pelas quartas de final da Copa do Mundo. O técnico elogiou o adversário e previu uma partida difícil.
“Foi uma das únicas equipes que fez sete pontos na fase de grupos, tem quatro gols marcados e só um sofrido — que foi um gol contra —, está extremamente bem organizada, com jogadores que jogam nos melhores times do mundo", disse Santos. “Amrabat, em termos defensivos, tem sido uma surpresa neste Mundial”.
O treinador também lembrou que o encontro entre as duas seleções em 2018, na fase de grupos, foi “talvez o jogo mais difícil” àquela altura.
"É uma equipe bem organizada, com jogadores muito talentosos. As seleções dessa região da África têm criatividade e imprevisibilidade, mas uma cultura mais forte de coletivo. É uma equipe muito consistente, que trabalha muito. O Hakimi disse que não nasceu no Marrocos, mas que joga pelos pais e pelos avós. São muito intensos. Nós temos de fazer o mesmo: jogar pelos pais, pelos avós e pelos trisavós. E ganhar o jogo", resumiu.
O treinador se mostrou confiante para avançar às semifinais. "Se fizermos tudo bem e continuarmos melhorando, como até aqui, acho que Portugal vai ganhar com mais ou menos dificuldade", garantiu, ciente de que "o treinador do Marrocos deve pensar exatamente o contrário".