Filipe Toledo desfruta de pausa e se diz pronto para medalha de ouro olímpica
Caminhando no Parque do Retiro, em Madri, em um dia ensolarado de primavera, o atleta de 29 anos disse que não se arrepende de nada e que tirar um ano sabático da World Surf League foi a melhor coisa que já fez.
Toledo ressalta que sua pausa de um ano significa se afastar da pressão de estar na turnê mês após mês e que ele terá a chance de ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas. O evento de surfe será realizado no Taiti.
Ele disse que sua pausa é a melhor preparação para os Jogos.
"Há muito tempo não me sentia tão feliz e relaxado", disse Toledo à Reuters na sexta-feira (19), antes de participar do Prêmio Laureus como candidato a esportista de ação do ano.
Toledo está muito longe de casa, na Califórnia, e de Margaret River, na Austrália, onde seus rivais estão disputando o quinto evento de uma turnê profissional em que ele fez seu nome como o surfista mais rápido do mundo.
Ele dominou as duas últimas temporadas com seu repertório inigualável de carves e aéreos.
"Estou em uma ótima situação no momento", disse ele. "Estou curtindo minha família, curtindo meus filhos em casa, sendo um pai normal...um ser humano. É uma sensação ótima."
Filho do ex-campeão brasileiro Ricardo Toledo, Filipe entrou no circuito ainda adolescente, em 2013, carregando a pressão de ser um prodígio, o que, segundo ele, levou a lutas contra a depressão em 2019 e 2020.
Foram "tempos sombrios" quando o surfe "se tornou uma obrigação", acrescentou.
Ele se recuperou em 2021, terminando em segundo lugar na disputa pelo título, atrás do compatriota Gabriel Medina, antes de ganhar títulos consecutivos em 2022 e 2023.
Colapso mental
No entanto, quando chegou ao Havaí para a abertura da temporada de 2024 em fevereiro, ele sofreu um colapso mental, disse ele.
"Logo antes da minha bateria, tive um dos maiores colapsos da minha vida. Pensei: 'Não consigo mais fazer isso...É demais'", disse Toledo. "Quando voltei à turnê, à rotina, aos treinos, às viagens e às obrigações, pensei: 'cara, isso é demais agora. Parece demais'."
Ele terminou em último lugar depois de pegar duas ondas ruins, ganhando um total combinado de 1,77 pontos de um total de 20 possíveis. Ele se retirou da competição, alegando intoxicação alimentar.
Ele decidiu que precisava de uma pausa e soltou a bomba para sua família, patrocinadores e para a Liga Mundial de Surfe.
"Meu coração se tornou como uma grande pedra de gelo, eu não tinha sentimentos", disse Toledo. "Sinto que preciso cuidar de minha saúde mental."
Tirar um ano de folga permitirá que ele volte mais forte e pode significar que ele possa prolongar sua carreira por mais sete anos, disse ele.
"Estou fazendo isso há 11 anos e, desde que voltei para casa e comecei a viver a vida como uma pessoa normal, sinto que agora estou no melhor lugar em que já estive em minha carreira", acrescentou.
Agora, ele aproveita sua vida doméstica na Califórnia e surfa apenas por diversão. Recentemente, ele fez uma viagem de surfe recreativo para o México com seu irmão e um amigo e gostou mais do que nunca de estar nas ondas.
Desafio olímpico
Ele ainda está treinando duro para as Olimpíadas de Paris, que serão realizadas de 26 de julho a 11 de agosto, onde o surfe está no programa pela segunda vez após sua estreia em Tóquio, mas sem a pressão de viajar e competir regularmente.
O torneio será realizado em Teahupo'o, no Taiti, um local de ondas tubulares poderosas, onde Toledo teve dificuldades com seu backhand.
No entanto, o brasileiro estava confiante antes de um dos maiores desafios de sua carreira. "Eu vou ganhar. Eu acredito nisso", disse Toledo.
"Todos nós sabemos quem são os melhores surfistas de tubos. John John Florence, Gabriel Medina, Jack Robinson...mas eu também sou bom. Posso provar para mim mesmo que sou bom.
"Tenho trabalhado muito e sinto que posso provar meu valor e, com sorte, trazer a medalha de volta para casa. Então, vai ser divertido."