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França e Marrocos: os laços históricos que ligam os semifinalistas da Copa

Ben Barek foi um dos destaques do Olympique de Marseljha durante sua passagem pelo clube
Ben Barek foi um dos destaques do Olympique de Marseljha durante sua passagem pelo clubeArquivo Pessoal
França e Marrocos se enfrentam logo mais, às 16h (de Brasília), no estádio Al-Bayt, pela semifinal da Copa do Mundo, em um duelo que reserva não apenas emoção em campo, já que pela primeira vez teremos um país africano chegando tão longe no torneio, mas também pelo contexto histórico que envolve os países.

Antes do decisivo confronto frente aos franceses, os marroquinos enfrentaram e eliminaram Espanha e Portugal, países ibéricos que já travaram um conflito militar contra o país africano. Em 1578, Portugal e Marrocos se enfrentaram na batalha que ficou conhecida como a dos "Três Reis". 

No episódio, o lendário rei português Dom Sebastião desapareceu e nunca mais retornou. No entanto, seu corpo nunca foi encontrado. Com o sumiço, os cajos tiveram que se unir formalmente aos espanhóis, já que o descendente do trono português, Filipe II, era também o rei do país vizinho.

Portugal e Espanha eram um país só. Assim surgiu o período que ficou conhecido como União Ibérica. A esperança de que o monarca reapareceria para salvar o povo português deu origem ao sebatianismo, que até os dias atuais possui influência na região. 

Maior comunidade fora do Marrocos

Agora, pelo caminho dos marroquinos, está a França. Estima-se que a maior comunidade marroquina fora do país viva justamente na nação europeia, com cerca de 500 a 700 mil cidadãos de Marrocos vivendo em solo francês, especialmente no sul e também em Paris. Os marroquinos na França só perdem para os argelinos em número de pessoas.

Invasão francesa

Isso se deve à diáspora marroquina. É preciso lembrar historicamente que a partir da primeira década do século XX, houve uma invasão francesa em Marrocos. As forças do país europeu se aproveitaram de um enfraquecimento no sultanato marroquino. Foram cinco anos de incursões militares francesas no território marroquino, encerrando a Independência do país e criando o "Protetorado Francês no Marrocos", com terras que também foram repassadas aos espanhóis. 

Essa presença francesa foi apoiada pelo sultanato como forma de reprimir certas minorias do país em uma relação de beneficiamento duplo. E, dentro deste contexto, o futebol, com a influência francesa, começou a ganhar forma em Marrocos, com os primeiros times surgindo em Casablanca. 

Ben Barek e Fontaine

A Federação Francesa de Futebol controlava a Liga de Marrocos de Futebol, entidade responsável pela gestão do futebol local. Com isso, criou-se um intercâmio, com vários jogadores locais ingressando na liga francesa. O mais histórico deles foi Ben Barek, o chamado Pérola Negra, marroquino que chegou a defender a seleção francesa. Outro célebre jogador franco-marroquino é simplesmente Just Fontaine, o maior artilheiro em uma única edição de Copa, com 13 gols marcados no Mundial de 1958, na Suécia.  

A influência atual

Em 1956, vieram então as independências de Marrocos e Tunísia, com os jogadores destes países defendendo suas respectivas regiões. Um ano depois, os Leões de Atlas, como é conhecida a seleção marroquina, começou a criar sua identidade. E a participação francesa foi essencial neste processo, como em 2018, quando a seleção local, comandada por Hervé Renard, foi à Rússia com oito jogadores fanceses de nascimento. O principal líder era Mehdi Benatia, zagueiro que nasceu nos subúrbios de Paris, filho de pai marroquino e mãe argelina. 

Na Copa do Catar, no entanto, a influência francesa na seleção se restringe a apenas um jogador. Trata-se do ponta Sofiane Boufal. Considerado um dos maiores talentos do time, ele nasceu na região metropolitana de Paris e foi criado pela mãe, uma empregada doméstica, que é marroquina e educou os filhos sozinha depois do divórcio do marido.  

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