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Futebol 360 com Betão: A importância da saúde mental em atletas de alto rendimento

Principalmente no Brasil, as pessoas acreditam que os jogadores de futebol devem aceitar e se acostumar com ofensas
Principalmente no Brasil, as pessoas acreditam que os jogadores de futebol devem aceitar e se acostumar com ofensasProfimedia
Quem nunca ouviu o dito popular: Mente sã, corpo são? Pois bem, a força da mente é a principal arma que os atletas de alto rendimento utilizam e, quando a mente não funciona, o corpo não reage. Atletas não são máquinas como muitos imaginam e, por vezes, até exigem que se comportem como uma. Na maioria das vezes, os erros não são tolerados.

Os atletas têm as mesmas paixões e os mesmos sentimentos que todos: medos, inseguranças, erros, aflições, tristezas, angústias, saudades.

Tudo isso faz parte do dia a dia de um atleta. A diferença é que os atletas devem utilizar a mente como seu maior aliado para manter o corpo são e em alto rendimento, mas nem sempre conseguem.

Caso Simone Biles

Nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, vimos um grande exemplo sobre isso. Considerada a melhor atleta do mundo na ginástica rítmica, a norte-americana Simone Biles nos deixou uma grande lição e a necessidade de uma reflexão sobre o caso.

Ela desistiu da sua participação nos Jogos Olímpicos alegando que precisava cuidar de sua saúde mental. Aí vem um questionamento: uma atleta que está acostumada com pressões internas e externas alegar que precisa cuidar da saúde mental?

Muitos disseram: “Isso é corpo mole, muito mi mi mi”, ela faz parte da “geração nutela”. O subprocurador do Texas, de forma totalmente ignorante, chegou a chamá-la publicamente de “vergonha nacional”.

Mas será que essa atitude realmente é uma vergonha? Eu chamaria de “exemplo mundial”.

Para render o seu máximo, ela precisaria estar com sua mente totalmente alinhada ao seu corpo, preferindo não sabotar sua mente, tendo muita coragem para tornar esse tema público.

Outros casos 

Já aconteceram casos notáveis em outros esportes, inclusive com mortes, como o caso do goleiro da seleção da Alemanha Robert Enke, que se suicidou em 2009. Ele sofria de depressão. O jovem Jeremy Wisten, jogador do Manchester City que se suicidou em 2020, é outro caso. Ele se afundou em depressão ao ser dispensado ainda na base do clube.

Sem falar nas centenas de casos silenciosos onde os atletas até querem, mas não podem gritar por socorro, pois carregam em seus ombros o futuro da família e tudo depende do esforço físico de cada dia. Na maioria das vezes, se esquecem de cuidar da mente, que fará seu corpo produzir mais. Quantos outros não gritam por socorro para não serem chamados de fracos?

Falando sobre o futebol 

Principalmente no Brasil, as pessoas acreditam que os jogadores de futebol devem aceitar e se acostumar com ofensas, injúrias, violência e ameaças, dizendo que isso não deve afetar a mente dos atletas.

Muitos utilizam frases feitas para justificarem a opinião sobre o tema, como: “Se não aguenta pressão, não pode jogar futebol” ou “eles ganham muito dinheiro para isso”. Fazem comparações aos atletas do passado: “Antigamente os atletas jogavam e não tinham esses problemas”. 

Eu vivenciei essa transição de gerações de atletas e, como já citei ao longo do texto, esses problemas sempre existiram. Muitos atletas sofreram com isso e trazem sequelas até os dias de hoje, mesmo após a aposentadoria. Na época, não poderiam gritar por socorro para não serem taxados de fracos. 

Hoje em dia, ainda existe um grande tabu sobre a atuação de psicólogos e coaching esportivos atuando junto aos atletas. Sou totalmente favorável a presença desses profissionais na estrutura de comissões técnicas dentro dos clubes. Se não tiver na estrutura dos clubes, os atletas devem procurar ajuda profissional, sim.

Seja nas categorias de base ou no profissional, costumo dizer que 80% do rendimento de um atleta está totalmente ligado a sua saúde mental, a força de sua mente. E os outros 20% estão divididos entre parte física, técnica e tática.

Nos dias de hoje, com o advento das redes sociais e com a maior exposição dos atletas, acredito que a necessidade do acompanhamento de um profissional está cada vez mais imprescindível para ajudá-los a fortalecer suas mentes e, com isso, melhorar a própria  performance.