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Futebol 360 com Betão: O imediatismo no futebol brasileiro

Betão analisa busca por resultados imediatos no país
Betão analisa busca por resultados imediatos no paísFlashscore/Palmeiras
Meus amigos, hoje eu gostaria de falar com vocês sobre um cracaço, que sempre bate um bolão contra o futebol brasileiro. Em 99% das vezes ele nos vence. O nome dele é imediatismo.

Desde que o futebol chegou ao nosso país, somos conhecidos como um celeiro de grandes talentos. E realmente fazemos jus ao título de “celeiro”. Tanto que, mesmo não sendo os inventores do futebol, carregamos o nome de “país do futebol”.

Não foi à toa que ganhamos esses apelidos. Foi devido à nossa ginga, à magia do nosso futebol, à “irreverência” ou apenas ao futebol moleque. E é justamente no futebol moleque que gostaria de pautar a coluna de hoje. 

Desde a época de Edson Arantes do Nascimento, ou simplesmente Pelé, que começou a jogar pelo Santos aos 15 anos e pela Seleção Brasileira com apenas 16, nossa expectativa é que todos os anos deve surgir um novo “Pelé” no futebol brasileiro. Parece que é uma obrigação, e chega até a ser uma obsessão dos clubes.

Clubes vivem obsessão por novo Pelé
Clubes vivem obsessão por novo PeléProfimedia

Pelé só teve um. É verdade que surgiram novos craques após Pelé (Romário, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Neymar e outros), mas são atletas fora da curva, com quem não cabe comparação. E não surgirão atletas desse nível todos os dias. 

Por conta disso, vimos acontecer diversas frustrações ao longo dos anos, pois eram criadas expectativas em jovens promessas, justamente pela necessidade de ter um novo “fenômeno”. E se essa promessa não correspondesse de imediato, já era rotulada como se não tivesse vingado no futebol.

Os primeiros questionamentos que ficam são: será que realmente era um atleta talentoso ou era pela necessidade e ansiedade de se descobrir um novo talento? Se realmente fosse um talento, será que deram tempo suficiente para que esse talento fosse colocado em prática?

Craques como Neymar não surgem todos os dias
Craques como Neymar não surgem todos os diasCBF

Preparação dos jovens talentos

Sempre digo o seguinte: o intuito de 99,9% dos clubes do Brasil é criar talentos para negociar com o mercado do exterior — principalmente para a Europa. Já que somos um celeiro de talentos e negociamos um número considerável de atletas todos os anos, por que não preparar melhor esses atletas ainda nas categorias de base, para estarem prontos para encarar o rigoroso futebol europeu?

Se os clubes dessem atenção a isso, poderiam faturar em dobro do que já faturam. E os europeus se sentiriam mais motivados em buscar os jovens talentos no futebol brasileiro, por estarem mais bem preparados para jogar no Velho Continente.

Endrick já está vendido para o Real Madrid
Endrick já está vendido para o Real MadridCesar Greco/Palmeiras

Bate e volta de atletas no futebol europeu

Abordo esse assunto pois muitos atletas que se destacam no futebol brasileiro vão para a Europa com muita expectativa e voltam antes mesmo de completarem o primeiro ano de contrato. Por que isso acontece? Muitos voltam dizendo que não se adaptaram à comida, ao idioma, ao frio, etc.

No meu ponto de vista, por ter vivido na Europa por 6 anos e meio e vivenciado muitas idas e vindas de brasileiros, chego à conclusão de que os atletas não são preparados para jogar fora do Brasil, principalmente no aspecto mental. Quantos atletas que saem do Brasil, e nós falamos: “Esse vai arrebentar na Europa!". Vem um clube, paga milhões por esses atletas e, quando menos esperamos, já estão de volta ao Brasil ou sendo emprestados de um clube para o outro para se adaptarem.

E quando eu digo que devem ser mais bem preparados, quero dizer que lá fora ninguém vai ficar “mimando” os atletas. Precisam encarar suas dificuldades, devem conhecer culturalmente o lugar para onde estão indo, aprender novos idiomas e entender que não vão encontrar um “Brasil” dentro da Europa. E que só vão jogar se renderem por lá, e não por aquilo que renderam no Brasil. Por isso, a vontade de vencer deve ser grande, juntamente com uma boa preparação.

Kayky voltou ao Brasil depois de rápida passagem pela Europa
Kayky voltou ao Brasil depois de rápida passagem pela EuropaFelipe Oliveira/Bahia

Resultados imediatos

Mas vamos lá, todos nós devemos fazer uma mea-culpa nesse processo. Pois somos os principais culpados com relação ao imediatismo. Quando surge uma nova promessa no futebol brasileiro, com 16 ou 17 anos em uma equipe profissional, queremos resultados de imediato logo em sua primeira temporada. Caso não dê o resultado esperado, logo achamos que não deu certo.  Devemos dar tempo para que esses atletas desempenhem o seu melhor, e os clubes têm obrigação de ajudá-los nesse processo.

Quero finalizar com uma reflexão: somos nós que criamos grandes expectativas sobre os atletas. Será que não devemos ter mais controle sobre nossas expectativas, sem fazer comparações com os craques do passado e dar tempo para que esses talentos desempenhem o seu melhor? 

Enquanto isso, sigo na torcida para que mais Vitor Roques e Endricks surjam, não por um apelo midiático e pelo imediatismo, e sim ao natural por seus talentos.