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Futebol 360 com Betão: Precisamos melhorar a formação de atletas no Brasil

Betão
Corinthians e Cruzeiro fizeram a final da Copinha 2024
Corinthians e Cruzeiro fizeram a final da Copinha 2024Flashscore/Cruzeiro
Caros leitores, hoje o tema será sobre formação de atletas. Antes de tudo, o que precisa ficar bem claro é que revelar atletas é bem diferente de formar atletas. Muitos clubes, mesmo que não tenham participação alguma na formação, têm a expertise e o poder financeiro de buscar jovens promessas no mercado, deixam um ano nas categorias de base e colocam precocemente na equipe principal.

Isso não quer dizer que formou o atleta, e sim que o revelou. O processo de formação é muito mais duradouro e trabalhoso, por isso muitos clubes não querem ter mais esse trabalho.

Nos últimos anos, o termo “formação integral” tem tomado conta das categorias de base. Isso diz respeito ao cuidado que se deve ter com os atletas de forma integral, e não somente a preocupação com o desenvolvimento e o desempenho desportivo deles. No passado não existia tal preocupação. Se desse certo como jogador de futebol, muito que bem. Caso contrário, sai da frente que tem outro atleta pedindo passagem.

Existe um termo muito utilizado nos dias de hoje que trata o atleta como “ativo” da instituição. Concordo que os clubes fazem um investimento enorme nos atletas em sua formação, e chega a ser um valor incalculável: quantos quilos de arroz, feijão, banana, produtos de higiene, cada atleta utiliza em um período aproximado de 5 a 10 anos? Tudo isso deve entrar na conta do investimento feito.

Mas o que digo sempre é que, antes de ser um “ativo”, são seres humanos, e a visão humanizada deve ser colocada à frente dos interesses financeiros.

Visão humanizada

Feita essa introdução, trago outra frase que é bastante utilizada e da qual também discordo: “O jovem atleta precisa estudar, pois se não der certo no futebol, pelo menos tem estudo”. Eu digo que o estudo deve ser prioridade. Dando certo ou não no futebol, os jovens precisam ser bem instruídos. Isso ajuda inclusive nas tomadas de decisões e no entendimento de jogo.

Nos dias de hoje as oportunidades são diversas. Quando falamos em formação, não vejo os clubes como principais responsáveis, mas deve existir uma construção entre eles, familiares e empresários — assim a formação se torna mais assertiva.

Corinthians conquistou a Copinha 2024 com vitória sobre o Cruzeiro
Corinthians conquistou a Copinha 2024 com vitória sobre o CruzeiroRebeca Reis/Ag. Paulistão

As preocupações da maioria dos clubes formadores têm mudado. Além do resultado desportivo, há a preocupação com o ser humano que existe por trás do atleta. Por exemplo, um tema muito debatido abertamente nos dias de hoje é sobre a saúde mental dos atletas. Os clubes têm estruturado seu departamento com psicólogos, assistentes sociais e pedagogas, focados na saúde mental dos atletas, ajudando diretamente em seu rendimento no campo.

Em um passado não muito distante, falar sobre saúde mental, depressão ou síndrome do pânico era um tabu no futebol. Hoje vemos que é uma realidade que precisa ser tratada o quanto antes. Ainda na visão humanizada, os clubes têm se preocupado em oferecer outros suportes necessários: orientações de higiene pessoal, conduta de cidadania, orientações financeiras, cursos profissionalizantes, cursos de idiomas e demais benefícios aos atletas.

Tudo isso faz parte da formação. Os jovens serão atletas por um período de tempo em suas vidas, mas cidadãos serão para sempre.

Richarlison pregou a importância da ajuda psicológica no futebol
Richarlison pregou a importância da ajuda psicológica no futebolReuters

Os impactos de uma boa formação

É fato que o Brasil é considerado um celeiro no mundo do futebol, onde muitos atletas ainda são negociados antes mesmo de completar a maioridade. Em contrapartida, quantos atletas saem do Brasil e retornam antes mesmo de completar seu primeiro ano de contrato? Será que isso também tem a ver com o processo de formação desses atletas?

Acredito que mais de 90% dos clubes têm como intuito final conseguir uma boa venda dos atletas formados na base. E por que não investir melhor nesses atletas? Lembrando que investir melhor não significa investir mais. É realmente preparar os atletas para aquilo que irão enfrentar fora do país. As dificuldades com a adaptação, diferenças culturais, idiomas, clima, etc.

Se os clubes europeus buscam nossos atletas mesmo não tendo uma formação ideal, imagina se conseguíssemos melhorá-la? Nossos atletas seriam muito mais valorizados, aumentando a receita dos clubes, e haveria menos atletas fazendo esse "bate e volta" na Europa.

Adson voltou ao Brasil apenas cinco meses após transferência para a Europa
Adson voltou ao Brasil apenas cinco meses após transferência para a EuropaLeandro Amorim/Vasco

Caso Endrick

O caso Endrick é o exemplo mais recente sobre essa preparação. Após ser anunciada a sua contratação pelo Real Madrid, pude ver o atleta concedendo entrevista em espanhol e em inglês.

Ainda não tem como saber se vai dar certo ou não, mas se ele já era valorizado por aquilo que apresenta nos gramados, esse fato fortaleceu ainda mais sua imagem. Se foi uma iniciativa do atleta, da família, do clube ou do seu staff, não sei. Mas foi muito positiva.

Endrick foi vendido pelo Palmeiras ao Real Madrid
Endrick foi vendido pelo Palmeiras ao Real MadridProfimedia