"O técnico é o último na fila de problemas. Pode vir Jürgen Klopp que não vai resolver. O Corinthians já 'cruzeirou'", afirmou Badue, CFO (chief financial officer) da agência SunsetDDB, um dia após a demissão de António Oliveira.
Sócio-torcedor do Timão, o executivo cuida do bem-estar financeiro de multinacionais, mas também analisa a fundo as planilhas e os negócios do Alvinegro.
No momento, Badue entende que seu time do coração vai seguir inevitavelmente os passos do Cruzeiro, que no meio dos anos 2010 quebrou, foi rebaixado e acabou virando SAF.
"A dívida atual do Corinthians é de R$ 1,7 bilhão e é administrada por pessoas sem a devida competência financeira e com parasitas incrustados na estrutura chupando sem parar os recursos do clube", afirmou ele.
"Além disso, o elenco é caro e de baixa qualidade, com contratos longos que aumentam as dívidas", explicou. "O custo de mudança do elenco caro e ruim é alto", acrescentou.
"A questão não é mais se vai cair ou ficar na Série A, isso é irrelevante. O problema é a própria sobrevivência de um time com esse tamanho de dívida, com essa gente administrando esse orçamento".
O especialista financeiro explicou que a questão política do clube pesa tanto quanto o lado econômico. Segundo ele, o presidente Augusto Melo tinha duas opções após as eleições: continuar a política de austeridade ou "cruzeirar". Melo teria pego o segundo caminho.
No dérbi contra o rival Palmeiras, na segunda-feira (1º), a Mancha Verde levou ao Allianz Parque uma faixa gigante com os dizeres "Seu pior pesadelo".
"Eu dei risada, que desinformados", disse Badue. "Estão longe de ser o nosso pior pesadelo. É o contrário, o Palmeiras é o nosso maior sonho: voltar a ter um rival".
"Nosso pior pesadelo são DARFs (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) e empresários de jogadores", analisou o CFO.
"Eu ri sozinho. Se quisessem realmente nos humilhar, tinham que ter metido um 'força, Corinthians, te empresto 200 milhões'", brincou.
Apesar da crise, Badue ainda acredita em milagres. "No meio disso tudo, eu tenho que administrar meu vício no Corinthians, porque não consigo parar de acompanhar e assistir", concluiu.
Sem técnico e sem ganhar há nove partidas, o Timão encara o Vitória, nesta quinta, pela 14ª rodada do Brasileirão.