Grêmio e Inter são abraçados por estádios fora do RS após tragédia climática
Carregando a dor do abandono de familiares e amigos em tempos difíceis, os gigantes e rivais de Porto Alegre deixaram suas casas para atender a compromissos do futebol nacional e internacional.
Fizeram isso depois que vários de seus jogadores, como o atacante Diego Costa, do Tricolor Gaúcho, ajudaram diretamente no resgate e na assistência às vítimas das enchentes, que tiraram mais de meio milhão de pessoas de suas casas.
“Foi um longo tempo de incertezas, de sofrimento ao lado do nosso povo gaúcho”, disse o capitão Alan Patrick, do Inter.
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Depois de um mês de pausa, durante o qual se preparou em São Paulo e Itu, a mais de 1.100 km de Porto Alegre, o Colorado voltou aos gramados nesta semana, onde prestou homenagem às vítimas da pior tragédia da história do Rio Grande do Sul.
O Inter perdeu por 2 a 1 para o Belgrano, da Argentina, em Barueri, pela Copa Sul-Americana, na terça-feira (28). O Grêmio goleou o The Strongest, da Bolívia, por 4 a 0, em Curitiba, a 740 km de Porto Alegre, pela Libertadores, no dia seguinte.
“Não é muito (o que podemos contribuir), mas vamos tentar minimizar o sofrimento do nosso povo”, disse o técnico gremista Renato Portaluppi após a vitória.
Maratona
Protagonistas daquela que é considerada a maior rivalidade do futebol brasileiro, os dois clubes estão fazendo uma maratona para organizar a logística em um país de dimensões continentais até poderem retornar à sua cidade natal em data ainda a ser definida.
O Inter estima que viajará mais de 15.000 quilômetros em 20 dias para disputar seis jogos, dois deles fundamentais para a definição do grupo da Sul-Americana. Nesse período, o time joga em casa em Barueri, Caxias do Sul e Criciúma.
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O Grêmio jogará seis partidas em 19 dias. Jogará em casa, em Curitiba e Caxias, e viajará para o Chile para cumprir a agenda da Libertadores.
“O mais difícil é a situação das pessoas que perderam tudo. Falamos de futebol, do que temos que fazer, mas não estamos alheios às dificuldades das pessoas", disse o argentino Eduardo Coudet, técnico do Inter, após a derrota para o Belgrano.
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Os times, que apesar do antagonismo lançaram uma campanha conjunta para reconstruir o estado, observaram as dificuldades psicológicas dos jogadores, bem como o impacto físico, econômico e esportivo da paralisação e o fato de estarem jogando longe de Porto Alegre.
A catástrofe ambiental obrigou o Campeonato Brasileiro a ser paralisado por dois finais de semana. O campeonato foi retomado no último sábado (1°), mas a extensão dos danos não deu tempo para que as instalações do Grêmio e do Inter pudessem ser utilizadas.
Ganhando força
Os gramados e parte das arquibancadas de seus modernos estádios, a Arena do Grêmio e o Beira-Rio, que sediaram jogos da Copa do Mundo de 2014, ficaram cobertos de água marrom. Estima-se que as instalações esportivas estarão abertas para jogos a partir de agosto, no mínimo.
No pior momento do desastre, a única maneira de chegar ao centro de treinamento do Grêmio, a 20 km do estádio, era de barco.
Embora amarelados e danificados, seus gramados agora podem ser percorridos a pé. O local foi menos danificado do que o do arquirrival, mas ainda não se sabe quando o time poderá retornar.
No centro de treinamento do Inter, localizado às margens do rio Guaíba, tocar o solo era um sonho impossível na quarta-feira, com apenas as traves brancas resistindo à água.
O trabalho de limpeza do local, ao lado do Beira-Rio, começou na quinta-feira (30) e deve ser concluído em 120 dias.
“É muito difícil não se empolgar e imaginar o que precisamos. Precisamos reunir nossas forças", disse o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, à RBS, sob lágrimas.
O impacto financeiro não é conhecido até o momento. O Colorado estima que precisarão de cerca de US$ 7 milhões para retomar a normalidade, um valor semelhante ao que pagaram por sua grande contratação para 2024, o atacante colombiano Rafael Borré.
Nos dias de jogos, fora dos estádios, há uma atividade comercial agitada. Sem jogos e ainda com o alagamento, o comércio é reduzido ao mínimo.
“Dependemos do futebol, depois das enchentes fomos esquecidos”, disse Orioplina Bechiln, 46 anos, vendedora ambulante que vende churrasco durante os jogos do Grêmio.