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"Brasil precisa entender que futebol avançou", diz Zé Roberto em entrevista ao Flashscore

Ricardo Duarte e Guilherme Bianchini
O ex-jogador brasileiro ainda é ídolo na Bundesliga
O ex-jogador brasileiro ainda é ídolo na BundesligaProfimedia
Aos 49 anos, aposentado há seis, Zé Roberto segue envolvido com o futebol. O ex-jogador da Seleção Brasileira, hoje mentor de alta performance e embaixador da Betsson, conversou com o Flashscore no SBC Summit Rio, feira da indústria de jogos e apostas.

Na entrevista, Zé Roberto celebrou a regulamentação das apostas no Brasil, que vê como benéfica para os atletas. O ex-jogador também listou o que precisa melhorar na Seleção e no futebol brasileiro, e ainda vibrou com a grande fase do Bayer Leverkusen, seu ex-clube, que elegeu como melhor time da Europa.

Confira os principais trechos da conversa.

Trecho do papo exclusivo com Zé Roberto
Flashscore

Você agora está bastante dentro deste mundo das apostas, até como embaixador da Betsson. Acredita que a regulamentação é importante para os atletas?

Com certeza. É importante para que os atletas possam saber separar. Claro que eles sabem, mas é para não gerar nenhum conflito. Essa transparência é muito importante.

Pode funcionar como defesa para os atletas?

Com certeza. Até porque o atleta está sempre muito exposto no seu dia a dia. E hoje, com o avanço da tecnologia, você, dentro da sua própria casa, está sendo visto. Então, essa transparência e essa regulamentação serão muito importantes para que o atleta possa exercer sua profissão, e também para os apostadores saberem que tem uma regulamentação. O atleta vai continuar, e tem que ser sempre 100% profissional.

Você fala de alta performance, e talvez seja um dos principais símbolos disso. Está faltando performance ou cabeça na Seleção Brasileira?

O futebol mudou bastante. Antigamente, a Seleção ganhou muito destaque jogando um futebol em que prevalecia muito a técnica, a cadência. De uns anos para cá isso mudou, tudo ficou muito nivelado. O Brasil precisa entender que o futebol avançou, mudou. Não se joga mais hoje sendo somente talentoso. Se não tiver performance física, você fica para trás, porque o futebol ficou muito físico.

Zé Roberto durante a Copa do Mundo de 2006
Zé Roberto durante a Copa do Mundo de 2006Profimedia

O futebol brasileiro está entendendo isso aos poucos, implementando novos métodos de treinamento na base para que os clubes possam formar jogadores com essa mentalidade de futebol moderno. Claro que precisa melhorar e avançar em muitas coisas, mas acho que está em um bom caminho.

A gente teve uma mudança recente, o Dorival foi escolhido como novo treinador e, na primeira convocação, mudou um pouco o grupo de jogadores que já vinha desde a época do Tite. Diniz continuou com a base, e o Dorival já trocou muitas peças. Essa troca precisa existir. Essa mudança de filosofia, dentro do futebol moderno, precisa existir. O Dorival tem muito isso. Torço para que o Brasil volte a ter o futebol que sempre teve antes.

Gostou dessas mudanças?

Gostei. Teve alguns nomes interessantes. O Wendell, do Porto, cresceu muito nas últimas temporadas. Ele já vem de uma vivência longa na Alemanha, evoluiu bastante. E, nesses dois anos de Porto, ele conseguiu atingir um nível que mereceu a convocação.

Tem também o Savinho, do Girona. Está fazendo uma grande temporada e é um jogador jovem. Sangue novo é necessário. O Dorival vem com essa oportunidade para jogadores mais jovens.

Zé Roberto elogiou primeira convocação de Dorival Júnior
Zé Roberto elogiou primeira convocação de Dorival JúniorProfimedia

Queria falar sobre o Leverkusen. Como você está vendo Xabi Alonso, Grimaldo... Estão fazendo uma temporada incrível.

O Leverkusen, para mim, vai ser o campeão da Bundesliga. Está batendo o recorde de jogos sem perder, com gols, modelo de jogo. O Xabi Alonso chegou e, com um período muito curto dentro do clube, implementou sua filosofia de trabalho, juntou as peças.

Hoje, o Leverkusen, junto com o City, são as duas equipes que jogam o melhor futebol na Europa. E o Leverkusen tem tudo para conquistar não só a Bundesliga, mas também as outras competições que disputa. O Xabi Alonso está fazendo um grande trabalho, e o fruto com certeza vai vir, que são os títulos.

Você vai festejar esses títulos?

Com certeza, porque se o Leverkusen ganhar a Bundesliga vai ser o primeiro título da história do clube. Quando joguei lá, batemos na trave. Na temporada 2001/02, fomos para a final da Champions, disputamos a final da Copa da Alemanha e disputamos o título da Bundesliga, até os últimos jogos, com o Bayern de Munique.

Mas, neste ano, acho que vai dar tudo certo, por estar mantendo um futebol vistoso e de grandes marcas, faltando nove rodadas para terminar a Bundesliga. Estamos na torcida para que o Leverkusen ganhe, para entrar para a história, e também para equilibrar um pouquinho a competição.

 

O futebol brasileiro tem vivido muita turbulência, com ataque a ônibus do Fortaleza, jogador dizendo que mentalmente é esgotante. Para você, que jogou tantos anos aqui: o que se passa com o futebol brasileiro? O que é preciso fazer?

É preciso ter punição. Enquanto não há punição, enquanto a lei não for cumprida… Não posso nem dizer que são torcedores, são vândalos. Os vândalos vão estar transitando entre famílias, dentro do estádio, agredindo jogadores.

Eu só espero que a punição severa venha a ser cumprida aos vândalos antes de acontecer alguma coisa mais grave com os jogadores. Isso não existe. O futebol brasileiro precisa melhorar em vários aspectos. Não só de futebol, mas também organização, segurança… Tem bastante coisa que precisa ser melhorada.