Atlético-MG e América-MG travam "nova rivalidade" no Campeonato Mineiro
Nas últimas temporadas, a rivalidade entre Atlético e Cruzeiro perdeu força, com o clube azul participando da Série B por três anos seguidos e vendo sua estrutura organizacional e financeira sofrer um grande golpe por uma diretoria descompromissada e irresponsável, que fez o clube se deparar com um rombo histórico, que pode demorar anos para ser recuperado.
Enquanto isso, seu rival ganhou novo rumo com investimento milionário de um grupo de empresários, disputando competições "na cabeça" e levando a melhor nos confrontos diretos que aconteceram nos Estaduais.
Neste domingo, às 16h30 (horário de Brasília), o Galo parte pra cima do América-MG em busca do seu quarto título seguido do Mineiro. Na ida, vitória atleticana por 3 a 2, que faz o Galo ficar com o quarto título seguido, até mesmo, com uma derrota por um gol de diferença.
Neste período de queda do Cruzeiro, o Coelho aproveitou para ganhar terreno e começar a ocupar o espaço da Raposa nos confrontos mais acirrados diante do Atlético. "A rivalidade entre os dois clubes aumentou bastante nos últimos anos, muito por causa da ascensão do América. O Atlético até subiu de patamar, em relação ao que era há alguns anos.
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"E a subida do Coelho, disputando competições internacionais, se mantendo na Primeira Divisão, com a queda do Cruzeiro e a saída do clube celeste das competições sul-americanas, propiciou esse aumento da rivalidade", concorda Daniel Seabra, comentarista da Rádio Super, de Belo Horizonte.
"Desde os anos 60, é a Raposa que fazia (e ainda faz) o principal clássico de Minas Gerais com o Galo. Mas, mas com a queda do clube celeste e a permanência no patamar inferior do futebol brasileiro nos últimos três anos, a rivalidade, de alguma forma, se alterou", completa.
Mudança de rumo
O que antes era algo frequente com o Cruzeiro tem acontecido, agora, com constância, com o América. O Coelho marca presença, neste ano, na Sul-Americana, depois de participar da Libertadores pela primeira vez na sua história em 2022.
No Campeonato Brasileiro deste ano, com o esperado retorno do Cruzeiro, a tendência é do América incomodar mais o Galo do que seu eterno rival, considerado por muitos como um forte candidato a lutar contra o rebaixamento.
As pretensões do Coelho no Brasileirão são outras, pensando da metade da tabela pra cima, mantendo o que foi conquistado nos últimos anos e deixando para trás a briga dentro e fora do Z-4.
"Atlético e América passaram a rivalizar seus duelos de uma forma mais intensa, uma vez que, até o ano passado, era os únicos representantes mineiros na Primeira Divisão. Isso foi possível com a subida do América, se mantendo na Série A por três anos seguidos, disputando competições internacionais e tendo o calendário cheio. Soma-se a isso a queda do Cruzeiro e a permanência da Raposa na Série B por três anos", avalia o jornalista.
Rombo criado por diretoria incompetente
A queda do Cruzeiro teve ligação direta pelos erros e irresponsabilidades de uma diretoria que deixou um clube em um "buraco sem fim". Foi somente com a presença de Ronaldo, que se tornou o novo dono do clube, que as coisas começaram a melhorar, tentando colocar as contas em dias para diminuir um estrago que tem tudo para demorar alguns anos para ser recuperado.
"O Cruzeiro sempre foi visto como um dos clubes com melhor saúde financeira do Brasil. Só lembrar que, nos anos 80 e 90, quando todos os jogadores eram questionados sobre quais os melhores clubes para se trabalhar, financeiramente falando, as respostas, via de regra, eram Cruzeiro e São Paulo", lembra Seabra.
"A Raposa passou pelas mãos de uma diretoria absurdamente incompetente, que deixou o clube à beira da falência. Só por este motivo o clube chegou aonde chegou. Não fosse por isso, provavelmente ainda estaria no mesmo patamar", afirma o comentarista.
A venda de jogadores do Cruzeiro mostra-se "adormecida", com o América engordando seu caixa com os talentos de sua base. O mais recente acordo foi o maior da sua história ao vencer o lateral-direito Artur, de 20 anos, para o Bayer Leverkusen, por 7 milhões de euros.
Pé no chão e organização
Na parte organizacional, o América também mostra-se à frente do Cruzeiro, tendo poucas dívidas e mostrando uma gestão de "pé no chão", há anos, que fez o crescimento ser constante nos últimos anos.
"As últimas administrações do América deram um belo exemplo de como sanear um clube, como fazer contratações com baixo custo, mas certeiras em campo. E hoje o Coelho é um dos clubes desejados pelos jogadores, que sabem da estrutura que irão encontrar, da saúde financeira e da disputa na parte de cima dos torneios.
"A mudança de patamar do Coelho, saindo da parte de baixo e se mantendo em cima, é um exemplo a ser seguido, não só pelo Cruzeiro de hoje, mas por outros clubes do futebol brasileiro", sentencia Seabra.
Coelho aproveita enquando pode
Por mais que ainda faltem décadas para o América chegar ao patamar do Cruzeiro em termos de conquistas de títulos, o momento de time a rivalizar com o Atlético é todo do América, que tem feito por onde atingir um novo patamar dentro do Estado e também no cenário nacional, não somente dentro como fora de campo.
Enquanto a crise celeste perdurar, o Coelho aproveita e agradece para ser o segundo time do Estado quando o assunto são bons resultados dentro e fora de campo. "Acho que vai depender muito, também, de uma sequência do América. Se o Coelho conseguir se manter da forma como está (e deve conseguir, já que está em vias de se tornar SAF), com salários em dia, estrutura e brigando em cima, a tendência é que a rivalidade se mantenha", cita Seabra.
Nos próximos anos, há de se esperar o que vai acontecer com o Cruzeiro, quem sabe com o clube se recuperando dentro e fora de campo para um cenário positivo do lado celeste, encontrando dois rivais prontos para duelos de bom nível.
"A principal rivalidade mineira segue entre Atlético e Cruzeiro, pelo tamanho das torcidas, tradição, etc. Se (ou quando) voltará com o mesmo equilíbrio, não sei dizer. Mas seria interessante para Minas ter os três no mesmo patamar, rivalizando entre si", projeta Seabra.