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Depay no Corinthians: o Brasileirão entra na briga por grandes nomes do futebol mundial?

Memphis (dir.) com o ex-jogador e atual diretor corintiano Fabinho Soldado
Memphis (dir.) com o ex-jogador e atual diretor corintiano Fabinho SoldadoCorinthians
Se por um lado a surpreendente contratação do atacante Memphis Depay pelo Corinthians confirma a força do Brasileirão, por outro a chegada do holandês escancara problemas no futebol do país.

É verdade, a Série A brasileira tem mais bala na agulha: ela foi a 8ª liga que mais gastou na última janela de transferências em todo o mundo e aumentou seus gastos em 179% em relação à mesma janela de 2023, de acordo com o Observatório do Futebol (CIES).

Uma das principais explicações do fenômeno é a chegada do "multi-club ownership" ao país – principalmente com a compra do Bahia pelo Grupo City e do Botafogo pela holding de John Textor –, as vendas milionárias de jovens jogadores e a boa gestão financeira de times de enorme torcida, como Flamengo e Palmeiras.

Depay (esq.) havia deixado o Atlético de Madrid antes de fechar com o Corinthians
Depay (esq.) havia deixado o Atlético de Madrid antes de fechar com o CorinthiansProfimedia

No entanto, Depay não é exatamente um peixe fora d'água, nem um fenômeno novo. Há 133 estrangeiros atuando nos 20 clubes do Brasileirão no momento.

A maioria absoluta é de jogadores latino-americanos, mas há 8 europeus na liga, como o francês Dimitri Payet, do Vasco, o espanhol Héctor Hernández, do Corinthians, e o dinamarquês Martin Braithwaite, do Grêmio (isto sem contar os brasileiros naturalizados, como o espanhol Diego Costa).

Nesta segunda-feira (9), o Vasco anunciou o meia suíço Maxime Dominguez, de 28 anos, que estava no Gil Vicente, de Portugal.

Payet tem sofrido algumas lesões no Vasco
Payet tem sofrido algumas lesões no VascoVasco da Gama

Muito impacto, pouco futebol

Mas via de regra, os astros internacionais desembarcam no Brasil quando estão muito em baixa na carreira, à beira da aposentadoria ou já não tem mais bom mercado na Europa, como o chileno Arturo Vidal, que não empolgou no Flamengo em 2022.

Há alguns casos históricos de sucesso, como a vinda de Clarence Seedorf ao Botafogo em 2012, que se aventurou no Rio logo após deixar o Milan. Ou do uruguaio Luisito Suárez, que brilhou no Grêmio em 2023.

O holandês Seedorf com a camisa do Fogão
O holandês Seedorf com a camisa do FogãoSatiro Sodre/AGIF/Botafogo

Pouco antes da chegada de Depay e Payet, o São Paulo trouxe o colombiano James Rodríguez, ex-Real Madrid, em uma das mega contratações midiáticas recentes do futebol brasileiro.

Assim como Willian – que trocou a Premier League pelo Corinthians, e já foi embora – James não vingou.

Memphis não foi contratado por nenhum grande europeu após não ter seu contrato com o Atlético de Madrid renovado.

Mais impactante que a chegada do astro holandês foi a contratação do argentino Carlos Alcaraz, em agosto, que aos 21 anos trocou o Southampton pelo Flamengo.

Este é o limite real do Brasileirão: roubar um promissor meia de um time médio da Premier League. A nova contratação do Corinthians parece irresponsável, mas o Flamengo de fato hoje tem força e dinheiro para tal operação.

Liga sem fair play financeiro

Se grande parte da torcida do Corinthians ficou feliz, a investida em Memphis Depay recebeu muitas críticas da imprensa brasileira.

O atacante deve custar cerca de R$ 3 milhões por mês a um clube que deve mais de R$ 2 bilhões e cujo presidente está sofrendo um processo de impeachment.

"Se não pagam salários de jogadores, como que esse clube está adquirindo novos atletas. Essa conta não fecha", disse a presidente Leila Pereira, do rival Palmeiras, no dia seguinte à notícia do acordo com Memphis.

O Corinthians deve dinheiro, inclusive, para o Cuiabá, no momento um adversário direto na luta contra o rebaixamento.

Não existe qualquer tipo de regra de fair play financeiro no Brasileirão. Não há transparência nos balanços, os clubes são liberados para gastarem mais do que arrecadam e só precisam prestar conta internamente.

O que John Textor faz no Botafogo, por exemplo, ele não poderia fazer no Crystal Palace. Segundo o UOL, o time carioca gastou 100% da sua receita anual em contratações de novos atletas.

O Timão está grudado na zona de rebaixamento
O Timão está grudado na zona de rebaixamentoFlashscore

Um agravante no caso do Corinthians é que, além do momento financeiro e admistrativo complicado, o clube não tem um mecenas e seu patrocinador máster – o site de apostas Esportes da Sorte – está sendo investigado por lavagem de dinheiro.

Em 2005, o clube paulista foi alvo de operação da Polícia Federal por conta dos investimentos da finada MSI, polêmica empresa do empresário Kia Joorabchian. O time foi campeão brasileiro com alguns astros internacionais, e na sequência entrou em colapso e caiu para a segunda divisão.

Memphis corre o risco de jogar a Série B do Brasileiro em 2025.

Se há animação pela chegada do holandês a Itaquera, há também o medo de 2005. E ganha força no Brasil o clamor pela introdução de um fair play financeiro na Série A.