Estilo "anti-Guardiola" do Fluminense será testado na final do Mundial de Clubes
Diniz, de 49 anos, alcançou a fama no país do futebol, chegando ao cargo de técnico interino da Seleção Brasileira graças a um esquema inovador que busca levar para o futebol profissional as habilidades aperfeiçoadas do futebol de rua.
"A maneira como Pep gosta de ter a posse de bola é o oposto da minha. O estilo dele é posicional, o meu é anti-posicional", disse Diniz, certa vez, quando perguntado sobre as comparações entre ele e Guardiola.
A ideia é agrupar os jogadores em pequenos bolsões, tentando criar sobrecargas em espaços apertados.
Quando o esquema funciona, a dinâmica faz com que os brasileiros se lembrem dos tempos do "jogo bonito", um passado glorioso para os pentacampeões mundiais.
Depois de uma carreira nômade como técnico, que incluiu 13 clubes diferentes, os métodos de Diniz chegaram ao ápice no Fluminense. O Tricolor conquistou a primeira Libertadores de sua história no mês passado, derrotando o poderoso Boca Juniors.
No entanto, sua ideia de jogo tem um risco: deixar muitos espaços abertos para os adversários explorarem. Com uma equipe já veterana, isso pode ser fatal.
O Al-Ahly poderia facilmente ter acabado com os sonhos dos brasileiros de ganhar o primeiro Mundial de Clubes na semifinal da última segunda-feira (18).
Dois gols no final da partida acabaram por fazer o Fluminense vencer por 2 a 0, em Jidá. Muito da classificação passou pela grande atuação do goleiro Fábio, de 43 anos, importantíssimo para segurar os egípcios, que chutaram 18 vezes a gol.
Felipe Melo, que aos 40 anos se tornou o jogador de linha mais velho a disputar um Mundial de Clubes na história, e o ex-capitão do Real Madrid, Marcelo, de 35 anos, também tiveram um papel importante na vitória da semifinal.
Uma equipe como a do City, que não conta com o prolífico Erling Haaland, devido a uma lesão, não será tão complacente se tiver a mesma quantidade de espaço e chances na grande final.
Marcelo encontrou a "liberdade" com Diniz
Diniz já encontrou dificuldades na transição de seu trabalho para o nível internacional. Como técnico interino da Seleção Brasileira, ele perdeu três dos seis primeiros jogos nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, incluindo a derrota para a Argentina dentro do Maracanã no mês passado.
A falta de tempo necessário para que os jogadores se ajustem às suas exigências em nível internacional foi apresentada como uma desculpa.
No entanto, Diniz, que é formado em Psicologia, conta com o total apoio dos jogadores sob seu comando no Fluminense.
"Ele traz à tona o melhor de cada jogador", disse Marcelo, que ganhou cinco Ligas dos Campeões entre 20 troféus importantes com a camisa do Real Madrid. "Nunca joguei tão livremente como aqui".
"Depois que saí do Real Madrid, achei que já tinha tido uma grande carreira, mas Diniz me fez sentir esse desejo novamente."
Diniz, no entanto, é realista quanto ao tamanho da tarefa que o Fluminense terá pela frente contra o City.
Os times europeus estão invictos há 21 partidas no Mundial de Clubes da FIFA, desde 2012.
Guardiola também está prestes a fazer história como o primeiro técnico a vencer a competição com três clubes diferentes, já que levantou o Mundial de Clubes três vezes durante suas passagens por Barcelona e Bayern de Munique.
"O fato de as equipes sul-americanas não vencerem desde 2012 se deve principalmente ao poder econômico dos clubes europeus", disse Diniz.
"Eles levam os jogadores que brilham no Brasil, na Argentina e no Uruguai ainda mais jovens... e os melhores técnicos também".
"Quando isso acontece ao longo de muito tempo, acaba criando um desequilíbrio", finalizou o técnico brasileiro.