"A RFEF e o presidente provarão cada uma das mentiras que são espalhadas por alguém em nome da jogadora ou, se for o caso, pela própria jogadora", disse a entidade em um comunicado divulgado na noite desta sexta-feira (25), depois que a jogadora da seleção espanhola disse que se sentiu "vítima de uma agressão" por causa do beijo na boca de Rubiales.
A RFEF disse que tomaria "as medidas legais apropriadas" para defender a versão de seu presidente, que se recusou a renunciar na sexta-feira e disse que foi um gesto "consensual".
A jogadora da seleção espanhola Jenni Hermoso, 33 anos, disse na noite de sexta-feira que se sentiu "vulnerável e vítima de agressão" quando foi beijada por Luis Rubiales no domingo, após a final da Copa do Mundo, depois de afirmar que o beijo "não foi consensual".
Poucas horas antes, Hermoso havia garantido, em um primeiro comunicado de seu sindicato FUTPRO, que "em nenhum momento" consentiu com o beijo, desmontando a defesa de Luis Rubiales.
Em sua declaração, a federação cita a declaração da FUTPRO, na qual Hermoso diz: "Em nenhum momento procurei levantar o presidente".
Neste sábado (26), a FIFA anunciou, via seu Comitê Disciplinar, a suspensão provisória de Rubiales por 90 dias.
"Pés fora do chão"
A RFEF acompanha sua declaração com quatro fotos para defender sua versão de que foi a jogadora que levantou o presidente do chão, e não o contrário.
"Os pés do presidente estão clara e manifestamente levantados do chão como consequência da ação de força executada pela jogadora", explica a RFEF.
A federação também respondeu às jogadoras, que anunciaram na sexta-feira sua recusa em voltar a jogar pela equipe nacional sob a atual liderança da RFEF.
Em sua declaração, a RFEF lembra que "a participação na equipe nacional é uma obrigação de todas as pessoas federadas, se elas forem chamadas a fazê-lo".
Inesperadamente e apesar da pressão, o principal dirigente do futebol espanhol se recusou a apresentar sua renúncia na sexta-feira antes da assembleia geral extraordinária de sua federação, reunida em Las Rozas, nos arredores de Madri.
No cargo desde 2018, Rubiales, um ex-zagueiro profissional, lançou um contra-ataque, alegando que o beijo foi "mútuo" e "consensual", e que ele tinha a permissão da jogadora para fazê-lo, enquanto atacava o "falso feminismo".
Esse caso, o chamado "#MeToo do futebol espanhol", provocou uma avalanche de críticas contra Luis Rubiales no mundo político e esportivo.
"Suspensão de funções"
O próprio governo espanhol anunciou medidas contra Rubiales. Na sexta-feira, o Secretário de Estado do Esporte, Víctor Francos, anunciou a apresentação de "uma reclamação bem fundamentada perante o TAD (Tribunal Administrativo do Esporte) para que ele possa avaliar" se "o que foi cometido é um delito muito grave".
Neste sábado, o ministro do Esporte, Miquel Iceta, disse em entrevista ao jornal El País que, se o TAD aceitar a denúncia do Executivo, "procederemos imediatamente à suspensão das funções do presidente da federação".
"O governo não vai ficar de braços cruzados diante do que consideramos ser uma atitude inaceitável que prejudica os direitos das jogadoras de futebol e mancha a imagem do nosso esporte em nível nacional e internacional", acrescentou Iceta.
Hermoso, jogadora do Pachuca, também recebeu apoio da liga mexicana de futebol feminino e de seus clubes nas últimas horas.
"Na Liga MX Femenil, defendemos e protegemos os direitos de nossas jogadoras, diretores e funcionários; teremos tolerância zero para qualquer tipo de ato que ameace sua integridade", disse a organização.
"Jenni conta com todo o apoio institucional, emocional e pessoal do Grupo Pachuca neste momento delicado de sua vida", disse também o clube.
E a lenda do basquete espanhol Pau Gasol expressou seu "apoio" a Hermoso na rede social X, anteriormente conhecida como Twitter.
O caso mancha a imagem do esporte espanhol, enquanto o país é candidato a sediar a Copa do Mundo masculina de 2030, ao lado de Portugal e Marrocos, que deve ser concedida no final do próximo ano.
