Opinião: A novidade do VAR na Copa é inútil, mas há uma ideia que pode salvá-lo
E aconteceu logo no jogo de abertura: "Após a revisão no campo, a decisão é: pênalti", disse em alto e bom som a juíza de Nova Zelândia 1x0 Noruega.
Mas qual a vantagem? Nenhuma. O telão já anuncia de qualquer forma a decisão do árbitro de vídeo. E o torcedor já sabe muito bem o que significa quando os juízes apontam a marca da cal.
Esta "novidade" já foi testada no Mundial de Clubes deste ano – e se você não se lembra, é porque, de fato, ela não fez a menor diferença.
A FIFA até agora não conseguiu melhorar o VAR em absolutamente nada, a não ser com a abençoada diretriz de que ele deve ser menos intervencionista.
E não vai ser o microfone da arbitragem que vai salvar a ferramenta.
Se o futebol quer imitar o VAR da NFL (que funciona desde 1986, diga-se), que o faça direito. A começar pela interrupção que aconteceu no final da temporada de 1991.
Quando entendeu que a ferramenta mais atrapalhava do que ajudava, a NFL parou de usar o árbitro de vídeo por sete anos até desenvolver algo que fosse beneficente ao esporte.
O VAR da FIFA, como se sabe, ainda está na fase de erros e acertos e foi implementado da mesma maneira que o aumento do número de seleções na Copa do Mundo: sem pesquisa com os torcedores e sem entender qual o impacto no jogo.
Veja abaixo uma mudança que revolucionaria o uso do VAR no futebol para além do mero microfone do juiz.
VAR dos times, não do árbitro
Se o VAR veio para ficar, ele precisa sair do ar-condicionado e entrar no campo. Os árbitros NÃO SÃO E NEM PODEM SER os protagonistas.
Os jogadores já perceberam que, ao cercar o juiz pedindo vídeo, ele vai se sentir obrigado a consultar os colegas da cabine.
Pois, neste modelo, cada técnico (ou capitão) teria 2 pedidos de VAR por tempo.
E esta ideia já foi longamente testada na mesma NFL e em outros esportes, como o tênis: se algum lado se sente prejudicado, que peça o VAR dentro da quantidade permitida.
No futebol americano, o técnico joga uma bandeirinha vermelha no campo para pedir a revisão da jogada.
No tênis, cada jogador tem três desafios por set – e os desafios se mantêm caso a decisão seja favorável. O mesmo acontece no vôlei, com dois desafios por set podendo ser pedidos.
Esta quantidade pré-estabelecida evita que o VAR seja pedido à toa ou toda hora, já que os desafios são limitados.
Isto faria também que o torcedor possa voltar a comemorar gol sem medo de intervenção quando os desafios adversários estiverem esgotados.
É importante que se especifique também quais casos são passíveis de pedido de revisão. Agressão, por exemplo, pode ficar com os árbitros da cabine do ar-condicionado.
Estas regras deixariam o VAR um pouco mais integrado ao jogo e um pouco menos destruidor de emoções.
Outra ideia é dar ao VAR o mesmo destino que teve o famigerado Gol de Ouro: extinção depois da aventura mal-sucedida.