Copa do Mundo Sub-20 renasce na Argentina depois de período de incertezas
Vinte e quatro delegações mudaram sua viagem para a Indonésia no último minuto após uma decisão da FIFA, que retirou o país do sudeste asiático de suas funções de sede em meio a controvérsias sobre questões políticas e religiosas.
Sem a Ucrânia, atual campeã, que não conseguiu se classificar, 504 jogadores estarão competindo na primeira Copa do Mundo masculina júnior desde o início da emergência sanitária em 2020.
Beneficiados pela mudança de local, os locais enfrentarão os favoritos Brasil, Uruguai, Inglaterra e França, sem descartar outra surpresa da África em um torneio marcado pela ausência dos grandes nomes com menos de 20 anos.
Pandemia e política
O caminho para a Argentina-2023 foi tortuoso. Com todas as equipes já classificadas, a Indonésia se opôs a que Israel, com quem não tem relações diplomáticas, participasse da competição.
Amiga da causa palestina e com uma população majoritariamente muçulmana, a antiga organizadora forçou a FIFA a encontrar uma nova direção faltando apenas sete semanas para a bola começar a rolar.
Anteriormente, a pandemia forçou o cancelamento das Copas do Mundo Sub-20 e Sub-17 a partir de 2020 e privou gerações de jogar em um torneio global de juniores.
"O retorno a essas competições ajuda os jogadores no último estágio de desenvolvimento, antes da competição principal", disse à AFP Jorge Serna, que até 2022 foi o técnico da seleção sub-17 da Colômbia.
Motor para a Argentina
A FIFA puniu os indonésios e premiou uma seleção argentina em plena disputa pelo título da Copa do Mundo no Catar 2022. Quatro estádios em San Juan, Santiago del Estero, Mendoza e La Plata, o local da final, estão prontos para receber 52 partidas.
A Albiceleste de Javier Mascherano não havia se classificado para a Copa do Mundo e foi adicionada pelos anfitriões, após a derrota para a Indonésia.
Em casa, os argentinos estão ansiosos para ver o próximo Lionel Messi (campeão sub-20 de 2005) ou Diego Maradona (que ganhou o título de 1979) e continuam sendo a nação mais bem-sucedida da competição (seis vezes).
"É uma boa chance de fazer isso na frente da nossa torcida, na frente do nosso povo, sabemos que isso tem de ser uma força motriz", disse Mascherano à TyC Sports.
Favoritos em terreno desfavorável
O Brasil, campeão sul-americano, está perseguindo seus arquirrivais em uma sequência de cinco vitórias consecutivas. Será sua primeira Copa do Mundo Sub-20 desde 2015, após a ausência em 2017 e 2019.
A equipe verde-amarela voltou ao topo do continente e quer ser o rei do mundo em um terreno adverso com jogadores como Andrey, do Vasco da Gama, e Marcos Leonardo, do Santos.
O Uruguai contará com as estrelas emergentes Luciano Rodriguez (Liverpool do Uruguai) e Facundo Gonzalez (Valencia), enquanto a Inglaterra buscará consolidar sua força nesse nível com um núcleo de campeões europeus sub-19, liderados por Carney Chukwuemeka, do Chelsea.
Os jovens sempre promissores da França chegarão à Argentina liderados por Malamine Efekele, o atacante do Mônaco comparado a Kylian Mbappé.
Com um título em 2009 (Gana) e três semifinais desde então, o continente africano chega ao torneio com Nigéria e Senegal. A Ásia terá sua principal arma com a Coréia do Sul, atual vice-campeã.
Ausências e estreias
Em meio a uma guerra com a Rússia, a Ucrânia, atual campeã, não estará presente devido aos maus resultados que a impediram de se classificar. Os bicampeões Portugal (1989 e 1991) e Sérvia (1987 e 2015) também não estarão presentes, assim como a Espanha (título de 1999) e a Alemanha (1981). A República Dominicana fará sua estreia na Copa do Mundo.
Clubes vs. equipes nacionais
Com os campeonatos nacionais em seus últimos dias, a Copa do Mundo Sub-20 colocou os clubes em um dilema: apresentar seus jogadores nessa vitrine ou contar com eles para o final da temporada.
Com a aprovação da FIFA, que não obriga as equipes a emprestar seus jogadores para esse tipo de torneio, o Manchester United impediu que a Argentina utilizasse Alejandro Garnacho.
O uruguaio Alvaro Rodriguez (Real Madrid), o inglês Rico Lewis (Manchester City), o francês Mohamed Ali-Cho (Real Sociedad) e os brasileiros Vítor Roque (Athletico Paranaense) e Endrick, que joga no Real Madrid por empréstimo no Palmeiras, também ficaram de fora do torneio.