O Velho Lobo teve papel fundamental em quatro dos cinco títulos mundiais da Seleção. Em campo, onde atuou como ponta-esquerda, foi campeão em 1958 (Suécia) e 1962 (Chile), ao lado de Pelé e Garrincha. Como técnico, comandou aquela que para muitos é a melhor seleção da história, que além de Pelé tinha Jairzinho, Tostão, Gérson e Rivellino, que conquistou o tri em 1970 (México).
"Muito do que aconteceu na minha vida e com a Seleção é uma dívida que tenho com você", disse Pelé, que faleceu em dezembro de 2022 aos 82 anos, em um documentário da FIFA.
![Zagallo posa com as taças FIFA e Jules Rimet Zagallo posa com as taças FIFA e Jules Rimet](https://livesport-ott-images.ssl.cdn.cra.cz/r900xfq60/698ad121-1537-46e4-831c-69f766cd4962.jpg)
No quarto título do Brasil, em 1994 (Estados Unidos), foi coordenador técnico compondo a comissão de Carlos Alberto Parreira.
Obsessão pela Amarelinha
Nascido em 9 de agosto de 1931 em uma família de origem ítalo-libanesa em Maceió (Alagoas), Zagallo começou sua carreira no futebol no América-RJ, em 1948. Como milhares de brasileiros, chorou na final da Copa de 1950, na derrota do Brasil para o Uruguai. Na ocasião, era um soldado designado para fazer a segurança do Maracanã.
Depois, defendeu Flamengo e Botafogo, onde se aposentou. No Estádio Olímpico Nilton Santos, casa do alvinegro, uma estátua rende homenagem ao Velho Lobo. Foi convocado pela primeira vez para a Seleção pouco antes do Mundial de 1958 e, pela sua polivalência, ganhou espaço na equipe dirigida por Vicente Feola.
![Estátua em homenagem a Zagallo no Estádio Nilton Santos Estátua em homenagem a Zagallo no Estádio Nilton Santos](https://livesport-ott-images.ssl.cdn.cra.cz/r900xfq60/78fecd23-59eb-4425-a2f9-36d2a8614915.jpg)
"Minha paixão pela Seleção começou quando não tinha jogadores nem treinador. O amarelo nunca saía da minha cabeça", afirmou Zagallo.
Na final na Suécia, marcou o quarto gol e deu o passe para Pelé fazer o quinto na vitória por 5 a 2 sobre os anfitriões. No Chile, quatro anos depois, e com o Rei machucado desde o segundo jogo, assumiu o protagonismo ao lado de Garrincha, Didi e Vavá para chegar ao bicampeonato.
![Zagallo chora após a conquista do bicampeonato mundial em 1962 Zagallo chora após a conquista do bicampeonato mundial em 1962](https://livesport-ott-images.ssl.cdn.cra.cz/r900xfq60/ec4d7b3f-782e-4eea-8556-e53aac27ac29.jpg)
Em 1966, quando pendurou as chuteiras, começou sua carreira como treinador no Botafogo. Embora tenha conquistado títulos por clubes, foi no comando da Seleção que se tornou imortal.
Fez o "impossível"
Sua primeira mostra de personalidade foi quando calou os críticos que acreditavam que a Seleção não poderia jogar com tantos craques como titulares. Usando o esquema 4-3-3, Zagallo escalou cinco camisas 10 no time: Pelé, Tostão, Rivellino, Gérson e Jairzinho.
"Disseram que seria impossível fazer com que todos se encaixassem em tão pouto tempo, mas ganhamos o Mundial", afirmou.
Em 21 de junho de 1970, o Brasil goleou a Itália na final por 4 a 1 e Zagallo se tornou o primeiro jogador e treinador a ganhar a Copa. Depois dele, só a lenda alemã Franz Beckenbauer (1974 e 1990) e o francês Didier Deschamps (1998 e 2018) conseguiram igualar o feito.
Como técnico, também classificou a seleção dos Emirados Árabes Unidos pela primeira e única vez à Copa do Mundo, em 1990, embora tenha sido demitido antes do torneio por reclamar de bônus não pagos. Voltou a treinar o Brasil para a Copa do Mundo de 1998, mas perdeu a final por 3 a 0 para a França.
![Zagallo no comando da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998 Zagallo no comando da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1998](https://livesport-ott-images.ssl.cdn.cra.cz/r900xfq60/23aedc0c-c777-4fdb-b994-b4789266524c.jpg)
"Tive muitos treinadores importantes, mas, sem dúvida, o maior de todos foi o Zagallo", disse Ronaldo Fenômeno.
Muito supersticioso, o Velho Lobo acreditava que o número 13, por ser o dia de Santo Antônio (13 de junho), dava sorte: se casou com sua esposa em um 13 de junho e na conquista do tetra escrevia frases com 13 letras em um blog. Encerrou sua carreira esportiva como coordenador técnico da Seleção na Copa de 2006, na Alemanha, onde o Brasil caiu para a França nas quartas de final (1 a 0).
Desde então, teve aparições públicas esporádicas. Assessorado por seus familiares, nos últimos anos compartilhava seu dia a dia e prestava homenagens em seu perfil no Instagram, onde se apresenta como "eternamente apaixonado pela Amarelinha".