John Kennedy: o rosto mais humano do "Dinizismo" no Fluminense
O atacante, joia das categorias de base do Fluminense, retribuiu liderando uma virada sobre o Internacional na quarta-feira, em Porto Alegre, que levou o time carioca a sua segunda final de Copa Libertadores.
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Com nome de ex-presidente dos Estados Unidos, devido ao interesse de seu pai pela política americana, o jogador de 21 anos dividiu o protagonismo com o artilheiro argentino Germán Cano na vitória por 2 a 1 na casa do 'Colorado'.
Cada um marcou um gol e fez uma assistência na reta final da partida. Mas o 'Presidente', como é conhecido John Kennedy, saiu do banco para mudar a cara do Fluminense (perdia por 1 a 0) e dar visibilidade a outra face do 'dinizismo': a que prioriza o ser humano.
"Esse menino é um grande vencedor, está se tornando um homem cada vez mais íntegro. Cada vez mais bonito. O futebol perde a rodo talentos como esse no Brasil. Espero de todo o meu coração que ele consiga ter cada vez mais os pés no chão", disse o treinador, que é formado em psicologia.
Declaração de princípios
A filosofia de Diniz propõe um futebol ofensivo e sem posições fixas, com os jogadores próximos uns dos outros para facilitar as associações, e prioriza a busca pela bola acima da cobertura de espaços.
Isso, no campo. Fora dele, os olhos do treinador se voltam para a pessoa atrás do atleta.
"O que fez eu me tornar técnico foi o sofrimento que passei quando jogava por não ser visto como uma pessoa, mas sempre como alguém que tinha que entregar algo para ser valorizado", disse Diniz em abril, em um discurso que viralizou nas redes sociais.
Aquela declaração de princípios, logo depois de derrotar o Flamengo na final do Campeonato Carioca, voltou a entrar em cena após o brilho dos garotos da base do Fluminense, que contra o Boca Juniors vai buscar sua primeira Libertadores.
Nascido em Itaúna, município de Minas Gerais, John Kennedy se destacou nas categorias inferiores do Fluminense e estreou como profissional com um gol no empate em 3 a 3 com o Coritiba em janeiro de 2021, pelo Campeonato Brasileiro.
Mas as expectativas geradas por suas atuações na base o fizeram atravessar momentos difíceis quando precisou se consolidar entre os profissionais, em 2022, devido a casos de indisciplina.
"Vale ouro"
Em maio do ano passado, a polícia apreendeu seu carro ao encontrar nele tabletes de maconha.
O jogador não teve relação com aquele delito, pois tinha emprestado o veículo a dois amigos. Mas a imprensa se debruçou sobre o caso e o elenco do Fluminense ligou o sinal de alerta.
"Já perdemos muitos John Kennedys por aí e continua perdendo. Eu vou fazer de tudo para ajudá-lo para ele poder ter uma vida digna no futebol. Principalmente quando parar, para que ele viva daquilo que construiu no futebol. Essa é a minha intenção com ele", declarou Diniz na ocasião.
O atacante disputou apenas oito jogos em 2022, todos começando como reserva e sem marcar gols. Em setembro, foi afastado do elenco por indisciplina e de comprometimento com o clube, segundo a imprensa.
Mas ele conseguiu se reerguer com o apoio de Diniz e da equipe e explodiu em 2023: em 30 jogos disputados (11 como titular), oito gols marcados.
"Vim plantando isso desde o começo do ano. Sabia que meu momento ia chegar. Mas não esperava que seria num momento tão bom, nas fases finais da temporada. Poder decidir um jogo como esse é inexplicável. Estou muito feliz", disse o jovem jogador após a vitória sobre o Inter.
Ele poderá colher ainda mais frutos se o Tricolor derrotar o Boca no dia 4 de novembro, no Maracanã. Depois de ganhar "todos os elogios, todos os aplausos" de Diniz, falta agora a glória eterna.
"O jogador é reflexo do que se tornou como pessoa", disse o treinador. "Esse menino vale ouro. Além de extremamente talentoso, está se tornando um homem de bem".