Bernardeschi exclusivo: Atacante italiano fala sobre a Euro 2024 e seu ex-parceiro CR7
Bernardeschi vai analisar a Euro 2024 com exclusividade para o Flashscore, começando nesta sexta (14), dia da abertura do torneio, até a semana da final.
Siga a Eurocopa 2024 em tempo real
No primeiro papo, o italiano fala sobre a inesquecível conquista contra a Inglaterra, há 3 anos, e projeta a participação do ex-parceiro CR7 em sua última Eurocopa.
• Que recordações você guarda da Euro 2020?
A Eurocopa é um torneio que deve ser encarado com uma mentalidade vencedora. É um torneio longo, os jogos são muitos e muito próximos uns dos outros. De fato, se você reparar, especialmente nos últimos jogos, foram os jogadores que jogaram menos no início que foram decisivos. A competição muda todos os dias.
A nossa mentalidade foi um processo que começou três anos antes. Depois, durante o mês de preparação antes do Euro, criou-se uma química de grupo extraordinária, que fez a diferença. O nosso grupo era coeso, estávamos todos a remar na mesma direção para atingir um objetivo.
• Normalmente, os jogadores chegam a estes torneios depois de uma temporada pesada com seus clubes. Como é que vocês se preparam para enfrentar a Euro?
No que me diz respeito, quando era criança sonhava em jogar com a camisa da Azzurra e ganhar o Mundial ou a Eurocopa. Por isso, sempre que entrava em campo com a Itália, tinha uma chama dentro de mim. Penso que sempre que se veste a camisa da seleção nacional é automático encontrar forças e concentrar nas tarefas que temos pela frente.
Quando jogamos pelo nosso país, temos de sentir aquelas vibrações especiais que a seleção nos transmite. E quando as sentimos, já estamos meio caminho andado. E depois, nestas competições, temos de ser capazes de ir mais além, na minha opinião, a nível mental.
• A Itália disputou alguns jogos em casa durante o Euro 2020. Este ano, é a Alemanha que recebe o torneio. Que dificuldades pode encontrar uma equipe que joga perante o seu público?
Na minha opinião, é um fator duplo. Tudo depende um pouco dos primeiros jogos. Especialmente o primeiro é muito importante. Ganhamos 3x0 em casa, no Estádio Olímpico, contra a Turquia. E a partir daí começou o caminho. Sentimos todo o entusiasmo em torno da seleção imediatamente.
E isso, devo dizer, deu-nos um bom impulso inicial. Por contraste, quando se começa com o pé esquerdo, a pressão e as críticas aumentam e é preciso saber suportar isso também.
• Acha que a Alemanha pode usar essa vantagem a seu favor, como na Copa de 2006?
Acho que sim. A Alemanha vem com uma equipe de grandes jogadores, com campeões. É uma equipe experiente, não é uma equipe jovem que pode ser dominada pelas emoções. A Alemanha vem com um grupo bom e coeso. Acho que Toni Kroos vai render muito.
• A Inglaterra tem um projeto em curso há cerca de oito anos com o mesmo treinador. Na sua opinião, será este o momento em que o time pode finalmente ser campeão?
A Inglaterra sempre foi uma das seleções favoritas em todos os torneios e competições em que participou. Eles têm uma equipe incrível. Se pensarmos bem, são jogadores muito fortes. Mas o que sempre vi na Inglaterra foi uma falta de espírito de sacrifício. Na minha opinião, é isso que tem faltado, porque de qualquer forma a equipa é de topo. O treinador é também um dos melhores. Temos de ver se o fato de não terem ganho nos últimos anos vai pesar a nível mental. Se conseguirem superar isso, a Inglaterra pode ser devastadora.
• Que jogadores acha que poderão ser os protagonistas da Euro 2024?
Entre os azzurri, estou intrigado com o Riccardo Calafiori, que fez um excelente campeonato, e com o Gianluca Scamacca. Depois, acrescentaria Federico Chiesa e Nicolò Barella. Quanto às outras equipas, estou curioso para ver Lamine Yamal, na sua primeira competição tão importante. Depois, Florian Wirtz, da Alemanha, que fez uma grande temporada este ano. Também vou falar de Rafael Leão, que penso que vai brilhar por Portugal. Mas, acima de tudo, Jude Bellingham e Phil Foden. Este último chega com uma temporada muito importante atrás de si, com a confiança, a convicção e a determinação de um campeão.
• Não falta alguém?
Nunca esquecer a velha guarda, como Toni Kroos, Luca Modric pela Croácia e, sobretudo, aquele que brilha sempre nestas competições, Cristiano Ronaldo. Ele é algo de fenomenal, que provavelmente vai para além do futebol. Com 39 anos ainda está lá e marca 35 gols por ano, só posso tirar o chapéu.
• Como é que Ronaldo vai encarar esta possível última dança?
Todos dizem que será a sua última dança, mas nunca se deve dizer nunca. O Cristiano surpreende sempre toda a gente. Penso que não há mais palavras a acrescentar-lhe. Temos apenas de lhe agradecer o que deu e continua a dar ao mundo do futebol. Em todo o caso, ele vai certamente dançar esta dança, seja ela a última ou não.
• A Itália tem chance de chegar à final?
Tudo dependerá, na minha opinião, dos primeiros jogos. Houve tantas mudanças na seleção que não é fácil para o treinador e para os jogadores instalarem-se imediatamente numa competição tão importante em tão pouco tempo, sem terem tido muito tempo para trabalhar.
Se conseguirem encontrar algumas certezas, a segurança que é necessária nestes casos, a Itália poderá ir longe. Será fundamental que aqueles que chegam pela primeira vez a uma competição deste gênero se deixem guiar por quem já tem experiência e já ganhou o campeonato.
• Espanha, Croácia e Albânia no grupo. O que você espera da estreia contra a Albânia?
A Albânia é uma equipe difícil, composta por jogadores experientes. A Itália, na minha opinião, vai ter de jogar atacando, pressioando. Nos primeiros momentos do jogo podem ter dificuldades, eles vão se fechar muito, mas a longo prazo, jogando de forma agressiva, vão ganhar.
• Depois, a Itália pega a Espanha, contra quem você marcou um dos pênaltis na semi da Euro 2020.
Conhecemos bem a forma como a Espanha joga futebol, é sempre a mesma coisa e é difícil enfrentá-la, sou sincero. Talvez tenha sido o jogo mais doloroso dessa Eurocopa. Tivemos dificuldade em manter a bola, porque normalmente éramos nós que geríamos o jogo. Em vez disso, naquele jogo, eles estavam no controle e nós sofremos. Demos por nós a fazer coisas que estávamos menos habituados a gerir, como ficar mais atrás, conter, seguir inserções. Foi por isso que tivemos dificuldades. No final, porém, o caráter e o orgulho da Itália prevaleceram.
• E a Croácia?
É uma equipe que tem muita experiência a nível internacional, tendo mesmo chegado à final da Copa do Mundo. Esta pode ser a última oportunidade para a velha guarda, pelo que será difícil enfrentá-la. Mesmo assim, se conseguirmos ter certezas, construídas no primeiro jogo, a Itália não terá de temer ninguém.
• Que recordações você tem dos pênaltis contra Espanha e, sobretudo, contra a Inglaterra na decisão? Você foi o quarto cobrados nas ocasiões.
Sim, é verdade, foram grandes penalidades. Lembro-me de que, a caminho da marca senti mil emoções. Depois, quando peguei na bola na mão foi um instante. Como se tudo tivesse parado. Não senti nada, apenas vi o gol, eu próprio sabia onde colocar a bola e tentei colocá-la lá. Acabou por lá chegar.
• Vamos terminar com uma previsão. Quem vai ganhar a Euro 2024? Quem chega nas semifinais?
Na minha opinião, França e Portugal. Os portugueses farão um grande torneio. Eu aponto cinco semifinalistas, mantendo uma margem de erro: França, Portugal, Inglaterra, Alemanha e Itália.