Entenda por que Turquia vai jogar em casa na Euro 2024, na Alemanha
Há cerca de 1,5 milhão de turcos-alemães vivendo no país, mais do que qualquer outra nacionalidade da Eurocopa.
Devido à guerra com a Rússia, a Ucrânia vem na segunda posição dos estrangeiros na Alemanha no momento. Romênia, Polônia, Itália, Croácia e Grécia também aparecem no top 10.
De acordo com o Escritório de Estatísticas da União Europeia, pelo menos 1,9 milhão de cidadãos turcos vivem na Europa, sendo que 68% deste contingente está na Alemanha.
Além desta multidão, os turcos nascidos em território alemão devem torcer para a seleção de sua família e não pelo país onde nasceram.
Duas nacionalidades, um time
"Eu nasci em Berlim, mas posso assegurar que vou torcer para a Turquia, assim como 99% dos demais descendentes", disse Kemal T., turco-alemão da terceira geração, ao Flashscore.
Como muitos moradores do bairro de Neukölln na capital alemã, Deniz G., outro descendente de pai e mãe, se considera turco. "Você precisava escolher um passaporte, inclusive, não podia ser alemão e turco ao mesmo tempo", explicou.
"Os alemães não tratavam a gente como alemães, como que vou me sentir alemão?", indagou Kemal. "Na quarta geração ainda vão te perguntar 'de onde vem seu nome, de onde vem seus pais'. Eles inventaram o termo 'turco-alemão' justamente para mostrar que não somos daqui".
"Antes era pior, os descendentes sempre torciam para qualquer time que enfrentasse a Alemanha", acrescentou, às gargalhadas. "Antes era radical, mas nos últimos cinco anos melhorou. A gente estava sempre com o adversário, agora existe um pouco mais um orgulho do país", contou o torcedor.
"A integração foi mais complicada porque existe uma diferença cultural muito grande", ponderou. "Mas quanto mais longe da primeira geração de imigrantes, mais as pessoas vão torcer para a Mannschaft".
A influência turca se vê até na seleção alemã, com jogadores como Emre Can, Mesut Özil e İlkay Gündogan, por exemplo.
Imigração pós-Guerra
A enorme concentração de turcos na terra da Euro 2024 se deve à recuperação econômica pós-Segunda Guerra Mundial.
A maioria das pessoas de ascendência turca tem sua ascendência ligada ao programa de Gastarbeiter ("Trabalhador Convidado") das décadas de 1960 e 1970.
Em 1961, em meio a um boom econômico que resultou em uma escassez significativa de mão de obra, a Alemanha assinou um acordo bilateral com a Turquia para permitir que as empresas alemãs recrutassem trabalhadores turcos.
O acordo vigorou por 12 anos, durante os quais cerca de 650 mil trabalhadores cruzaram a fronteira, muitos com a família toda.
Confira abaixo os top 10 países com mais emigrantes na Alemanha, segundo dados de 2023 da Statista, instituto alemão de pesquisa:
1) Turquia: 1.548.095
2) Ucrânia: 1.239.705
3) Síria: 972.460
4) Romênia: 909.795
5) Polônia: 887.715
6) Itália: 644.035
7) Bulgária: 436.860
8) Croácia: 434.045
9) Afeganistão: 419.410
10) Grécia: 359.045
A Turquia estreia na Euro contra a Geórgia, no dia 18 de junho.