Exclusivo: Presidente da federação albanesa fala sobre o sucesso "histórico" de Sylvinho
Muitos chamaram de "corajosa" a decisão de Duka de nomear Sylvinho como técnico da Albânia em janeiro. Com experiência como técnico do Lyon e do Timão, não havia uma campanha de destaque no currículo de treinador do brasileiro.
Mas Duka queria uma mudança na forma de jogar da seleção e, depois de conversar com o ex-zagueiro do Barcelona e do Arsenal, ficou convencido de que Sylvinho era o homem certo para isso.
Pouco mais de 10 meses depois, a decisão de Duka se mostrou acertada. A Albânia surpreendeu nas Eliminatórias da Eurocopa, se classificando para o torneio como líder de seu grupo, à frente da República Tcheca e Polônia.
Agora envolvido no futebol local há duas décadas, Duka admite que o sucesso da seleção em 2023 era inimaginável há apenas alguns anos.
"Desde o primeiro dia, seria impossível pensar que alcançaríamos os resultados que alcançamos em 2023", disse ele ao Tribalfootball.com. "Acho que este ano de 2023 foi o melhor ano da história para o futebol albanês", acrecentou.
"Ter esse tipo de resultado também em nível administrativo internacional era quase impossível para mim", contou ele, se referindo ao fato de ter sido transformado em vice-presidente da UEFA.
"Eu mentiria se dissesse que, naquela época, pensei que agora seria vice-presidente da UEFA e que a seleção albanesa estaria nesse nível", continuou Duka.
"Mas eu diria que, desde o primeiro dia, trabalhei com devoção, grande paixão e alegria em relação ao meu dever e para melhorar e aprimorar a federação, a estrutura da organização, a infraestrutura e alcançar grandes resultados com a seleção nacional", disse.
Esses "resultados" agora incluem a segunda classificação para a Euro na história do país.
Sylvinho absoluto
Os jogadores do time de Gianni de Biasi de 2016 são considerados heróis nacionais na Albânia, e como serão lembrados os comandados de Sylvinho?
"A única semelhança (entre os dois times) que eu diria é o fato de estarem na Eurocopa", insistiu Duka.
"Não fomos a equipe mais convincente durante as Eliminatórias e não conseguimos vencer a Sérvia e Portugal em nosso país. Devido a esses resultados, precisávamos vencer na Armênia e esse foi um momento muito emocionante para mim", respondeu.
"Nesta edição das Eliminatórias, fomos a equipe mais convincente nos resultados e na forma como jogamos. Fomos superiores a todos os nossos adversários. Como eu disse, conquistamos quatro pontos contra a República Tcheca, quatro pontos contra a Moldávia, quatro pontos contra as Ilhas Faroe e três pontos contra a Polônia. Durante esse período, jogamos muito bem, fizemos belos gols, exceto na última partida", analisou.
Duka admitiu que tem sido um prazer ver a seleção amadurecer com os métodos de Sylvinho e seus auxiliares Pablo Zabaleta e Doriva.
"A Albânia de De Biasi era uma equipe defensiva que usava o contra-ataque e o maximizava muito bem. Em contraste, a Albânia de Sylvinho é diferente. Ela tem uma filosofia de futebol ofensivo. Por exemplo, na Moldávia, apesar do fato de termos empatado no primeiro tempo, tivemos 82% de posse de bola, o que nunca aconteceu na história da Albânia", explicou o presidente.
O mandatário também contou que "foi fantástico" ver a equipe jogando nestas Eliminatórias.
Este sucesso também se deve aos novos talentos albaneses dentro de campo. Com Armando Broja no Chelsea, Kristjan Asllani na Inter de Milão e Nedim Bajrami no Sassuolo, a seleção tem um grupo de jovens jogadores fora da curva na história do país.
Duka credita a aparição destes craques ao trabalho dos técnicos na Albânia e à melhoria dos centros de treinamento, que estão disponíveis agora para Sylvinho.
"Agora estamos em uma condição muito boa, com um ótimo estádio como o Air Albania, com um maravilhoso complexo de treinamento e tudo mais. Mas, no passado, os jogadores da nossa seleção, devido às condições, se sacrificaram muito, tanto durante o período em que fui presidente quanto antes", revelou.
"A mudança da nossa abordagem na federação albanesa e o aumento do nosso nível agora estão sendo reconhecidos", conclui Duka. "Agora, mais da metade do nosso pessoal administrativo faz parte dos órgãos ou comitês administrativos da UEFA."