Final da Euro é chance para Gareth Southgate ver luz no fim do túnel
"Questionada e insultada, mas a Inglaterra de Southgate está na final, resumiu o Guardian, que disse que chegar a outra final, três anos depois de perder para a Itália nos pênaltis em Wembley, foi um "progresso extraordinário, considerando a história da Inglaterra".
Southgate não é Alf Ramsey, o técnico que levou os Três Leões a vencer a Copa do Mundo de 1996 como anfitriões, mas ele estabilizou a equipe no topo do jogo nos últimos oito anos, com uma classificação para as quartas de final na Copa do Mundo de 2022, uma semifinal na Copa de 2018 e as duas últimas finais de Euro.
Antes de sua chegada ao banco de reservas em 2016, a Inglaterra só havia disputado a final que a coroou campeã mundial, um desempenho negativo em 23 grandes torneios.
O técnico de 53 anos, com pouca experiência no comando, conseguiu construir bases sólidas em um local em ruínas quando a FA lhe confiou o cargo após o fiasco da Euro 2016 com Roy Hodgson e uma transição muito breve com Sam Allardyce.
"Acho que proporcionamos aos nossos torcedores algumas das melhores noites dos últimos 50 anos e estou muito orgulhoso", disse ele na quarta-feira, após a vitória por 2 a 1 sobre a Holanda nas semifinais.
O vento também começou a soprar a favor após a vitória em Dortmund, depois das pesadas críticas durante o torneio na Alemanha.
"Todos nós queremos ser amados, não é mesmo? Bem, quando você está fazendo algo para tornar seu país e você mesmo orgulhosos de serem ingleses e tudo o que você lê são críticas, é difícil", disse o técnico após o jogo.
"Portanto, poder comemorar uma segunda final é muito, muito especial", acrescentou.
Mudanças arriscadas, mas eficazes
O último amistoso antes do torneio, perdido para a Islândia em Wembley, terminou com vaias, dirigidas especialmente ao técnico, incapaz, segundo a torcida, de fazer valer o grande talento de seus jogadores.
Com os Três Leões na Alemanha, as críticas se multiplicaram, especialmente de lendas aposentadas da equipe nacional.
Durante uma fase de grupos inconsistente, Southgate chegou a receber copos de plástico atirados contra ele das arquibancadas.
Abalado, mas não afundado, o técnico tomou suas decisões táticas, com Kobbie Mainoo, de 19 anos, sendo a única grande mudança em seu time titular.
Será que os espectadores e especialistas não estavam pedindo que Jude Bellingham e Harry Kane fossem substituídos depois de suas atuações despercebidas contra a Eslováquia nas oitavas de final? Bem, o primeiro levou o jogo para a prorrogação e o outro selou a vitória.
Nas quartas de final, as mudanças tardias irritaram os torcedores, mas Cole Palmer, Ivan Toney e Trent Alexander-Arnold garantiram a classificação em uma disputa de pênaltis contra a Suíça.
Foi uma disputa de pênaltis que baniu a dolorosa lembrança da derrota na final para a Itália, também nas penalidades.
E na semifinal contra a Holanda, o gol da vitória foi marcado por dois reservas, quando Ollie Watkins marcou, com assistência de Cole Palmer.
"Eu me perguntava quando as mudanças viriam. Elas vieram no momento certo, perfeito", avaliou o ídolo Alan Shearer, muito crítico em relação a Southgate até agora.
No entanto, o técnico sabe que a história se lembrará de seu currículo ainda vazio, apesar de ter conduzido a equipe nacional de volta à disputa pelo título. Essa luz no fim do túnel está em jogo no próximo domingo contra a Espanha, em Berlim, a partir das 16h (horário de Brasília).