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Anielle Franco repudia ato contra Vini Jr.: "Histórico da LaLiga é bem racista"

Guilherme Bianchini
Ministra da Igualdade Racial cobrou medidas contra racismo na Espanha
Ministra da Igualdade Racial cobrou medidas contra racismo na EspanhaDivulgação/Ministério da Igualdade Racial
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, fez um pronunciamento nesta segunda-feira (22) para repudiar os atos racistas contra Vinícius Júnior no Campeonato Espanhol. Ela anunciou que o governo brasileiro já entrou em contato com a Espanha para tratar do caso e estabelecer medidas concretas.

"Quero perguntar às autoridades espanholas e ao governo como um todo: qual será o próximo passo? Porque o Vinícius tem sido xingado, ontem (domingo) tomou um mata leão. E a gente vê no Brasil como os casos de racismo se resolvem, infelizmente. Não queremos que isso chegue a uma escala muito maior do que já chegou. Isso é um basta", declarou Anielle Franco. 

Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi vítima de ataques racistas da torcida do Valencia no último domingo (21), no Mestalla, em jogo por LaLiga. O brasileiro se revoltou com os gritos de "mono" (macaco, em espanhol) e acabou expulso após se envolver em uma briga com jogadores do time rival.

"Estamos indo para cima das autoridades, para notificar e oficializar, para que tenha uma resposta. O histórico da LaLiga não é bom, é um histórico bem racista. Ontem (domingo) mesmo o próprio presidente (Javier Tebas) quis colocar o Vini como culpado por ter vivido esse racismo. E a gente está aqui para enfrentar isso em conjunto, com muita seriedade e afinco", afirmou a ministra.

Vinícius apontou para um torcedor que o chamou de macaco
Vinícius apontou para um torcedor que o chamou de macacoAFP

"A gente viu que casos como esse já tinham ocorrido. Obviamente não tão graves, não direcionados e com toda essa repercussão, mas LaLiga não se posiciona. É inadmissível que o próprio presidente culpe o Vinícius."

"Inadmissível"

No início de seu pronunciamento, Anielle Franco prestou solidariedade a Vini Jr. A ministra também disse que entrou em contato com um tio do jogador após o episódio no Mestalla.

"É inadmissível que, em 2023, a gente ainda tenha que estar aqui chamando a imprensa e falando numa coletiva sobre racismo. Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias e a gente estiver à frente desta pasta, a gente vai estar cuidando do povo brasileiro preto, seja aqui ou fora do país", prometeu Anielle.

"Porque se tem alguma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo. E esse mal é um caso que a gente precisa combater na raiz."

Cooperação com a Espanha

Anielle Franco trabalha em parceria com a ministra da Igualdade da Espanha, Irene Montero, para levar a investigação ao Ministério Público espanhol.

"Não dá para a gente ficar só na coisa do 'repudiamos', em uma nota, sem ação concreta. A gente agora vai para cima com o MP de lá, para que eles sejam notificados e investigados, e respondam pelos seus atos", explicou.