Anielle Franco repudia ato contra Vini Jr.: "Histórico da LaLiga é bem racista"
"Quero perguntar às autoridades espanholas e ao governo como um todo: qual será o próximo passo? Porque o Vinícius tem sido xingado, ontem (domingo) tomou um mata leão. E a gente vê no Brasil como os casos de racismo se resolvem, infelizmente. Não queremos que isso chegue a uma escala muito maior do que já chegou. Isso é um basta", declarou Anielle Franco.
Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi vítima de ataques racistas da torcida do Valencia no último domingo (21), no Mestalla, em jogo por LaLiga. O brasileiro se revoltou com os gritos de "mono" (macaco, em espanhol) e acabou expulso após se envolver em uma briga com jogadores do time rival.
"Estamos indo para cima das autoridades, para notificar e oficializar, para que tenha uma resposta. O histórico da LaLiga não é bom, é um histórico bem racista. Ontem (domingo) mesmo o próprio presidente (Javier Tebas) quis colocar o Vini como culpado por ter vivido esse racismo. E a gente está aqui para enfrentar isso em conjunto, com muita seriedade e afinco", afirmou a ministra.
"A gente viu que casos como esse já tinham ocorrido. Obviamente não tão graves, não direcionados e com toda essa repercussão, mas LaLiga não se posiciona. É inadmissível que o próprio presidente culpe o Vinícius."
"Inadmissível"
No início de seu pronunciamento, Anielle Franco prestou solidariedade a Vini Jr. A ministra também disse que entrou em contato com um tio do jogador após o episódio no Mestalla.
"É inadmissível que, em 2023, a gente ainda tenha que estar aqui chamando a imprensa e falando numa coletiva sobre racismo. Enquanto tiver sangue correndo nas minhas veias e a gente estiver à frente desta pasta, a gente vai estar cuidando do povo brasileiro preto, seja aqui ou fora do país", prometeu Anielle.
"Porque se tem alguma coisa que assola a nossa comunidade preta é o racismo. E esse mal é um caso que a gente precisa combater na raiz."
Cooperação com a Espanha
Anielle Franco trabalha em parceria com a ministra da Igualdade da Espanha, Irene Montero, para levar a investigação ao Ministério Público espanhol.
"Não dá para a gente ficar só na coisa do 'repudiamos', em uma nota, sem ação concreta. A gente agora vai para cima com o MP de lá, para que eles sejam notificados e investigados, e respondam pelos seus atos", explicou.