Jogadoras da Espanha se apresentam para treinar sob ameaça de sanções
Misa Rodriguez, Olga Carmona (23), Oihane Hernandez, Eva Navarro e Tere Abelleira, que haviam dito anteriormente que não jogariam pela equipe, até que novas mudanças fossem aplicadas pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF), chegaram a um hotel próximo ao aeroporto de Madri.
As cinco foram convocadas pela nova técnica Montse Tomé para a partida da Espanha contra a Suécia, na sexta-feira (22), pela Liga das Nações, apesar de terem assinado uma declaração, na semana passada, pedindo que mais cabeças rolassem na RFEF, além do ex-presidente Luis Rubiales e do ex-técnico Jorge Vilda.
Protagonista de fora da lista
Jenni Hermoso, a jogadora que esteve no centro do escândalo depois que Rubiales agarrou sua cabeça e a beijou nos lábios, acusou, na segunda-feira, a RFEF de tentar dividir e manipular as jogadoras. Ela disse que eles fizeram isso ameaçando-as com consequências legais e econômicas caso se recusassem a jogar.
Caso recusassem a convocação, as jogadoras poderiam enfrentar multas de até 30.000 euros e a suspensão da licença da federação por dois a 15 anos, de acordo com a Lei de Esportes da Espanha.
Duas fontes próximas às jogadoras disseram que esperavam que toda a equipe se apresentasse, tendo em vista a ameaça de sanções.
Perguntada, ao chegar ao hotel, se estava feliz por ter sido convocada, Misa Rodriguez respondeu: "Não."
As jogadoras, incluindo a vencedora da Bola de Ouro Alexia Putellas, na segunda-feira, compartilharam uma declaração que dizia que as jogadoras haviam dito à RFEF que não queriam ser convocadas.
Elas afirmaram que estavam "estudando possíveis consequências legais, a que estavam expostas pela RFEF, ao colocá-las em uma lista para a qual haviam pedido para não serem incluídas".
Hermoso não está na lista de convocadas anunciada pela nova técnica Tomé na segunda-feira, que incluía 15 das 23 jogadoras vencedoras da Copa.
Contra a vontade
Vinte das que estavam na lista de segunda-feira assinaram uma declaração na sexta-feira dizendo que não estavam satisfeitas com a saída de Rubiales e do técnico Vilda e pediram mais demissões na federação.
Hermoso, que, de acordo com Tomé, não foi selecionada para protegê-la, na segunda-feira ofereceu seu apoio às companheiras de equipe "que foram pegas de surpresa e forçadas a reagir a outra situação infeliz causada pelas pessoas que continuam a tomar decisões dentro da RFEF".
Victor Francos, chefe da agência esportiva nacional, disse na segunda-feira que o governo não teria outra opção a não ser aplicar as sanções conforme estipulado na lei.
"Se as jogadoras não comparecerem, o governo deverá aplicar a lei. Lamento dizer isso, mas temos que fazer o que for preciso", disse Francos à estação de rádio SER.
Compromissos
A Espanha fará sua estreia na Liga das Nações Feminina contra a Suécia, em Gotemburgo, na sexta-feira, antes de jogar contra a Suíça, em Córdoba, no dia 26 de setembro. A Liga das Nações determinará quais equipes da Europa se qualificarão para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024.
O governo apoia a pressão dos jogadores por mudanças na RFEF, mas também quer que a Espanha se classifique para os Jogos Olímpicos, disse a porta-voz Isabel Rodriguez em uma coletiva de imprensa na terça-feira.
"Queremos que haja mudanças, que elas sejam rápidas, que a confiança dos jogadores seja restaurada e, o mais importante, o que queremos é vê-los jogar e ganhar", disse Rodriguez.