Tuchel se tornará apenas o terceiro não inglês a assumir o comando dos Três Leões, depois do falecido sueco Sven-Goran Eriksson e do italiano Fabio Capello.
A nomeação, no entanto, causou um frenesi, com muitos críticos na imprensa local questionando a decisão da Federação Inglesa de Futebol (FA) de contratar um técnico estrangeiro.
Tuchel começou a convencer imediatamente a todos em sua apresentação, procurando resolver a falta de títulos recentes da Inglaterra, e mirando a Copa do Mundo de 2026.
É um objetivo ousado, considerando que Tuchel está embarcando em sua primeira incursão na administração internacional, mas seu desempenho no clube sugere que há substância por trás dessa meta.
Histórico comprovado
Tuchel já é um nome bem conhecido na Inglaterra por causa de sua passagem pelo Chelsea, mas seu crédito vai além de Stamford Bridge.
Seu prestígio começou na Alemanha durante seus cinco anos no Mainz, o que lhe rendeu o cargo no Borussia Dortmund em 2015, tendo sido identificado como o melhor substituto para Jurgen Klopp.
Em suas duas temporadas com o Dortmund, ele ganhou a Copa da Alemanha de 2017, o primeiro grande troféu de sua carreira, e teve um aproveitamento de 62,6%, conquistando 67 vitórias em 107 partidas.
Ao ingressar no Paris Saint-Germain em 2018, Tuchel ganhou dois títulos da Ligue 1, uma Copa da França e uma Copa da Liga.
Tuchel deixou o PSG em dezembro de 2020 com o melhor aproveitamento da carreira, 74,8%, e foi logo contratado pelo Chelsea.
Ele engatou uma série invicta de 14 jogos em sua estreia e levou os Blues às finais da Liga dos Campeões e da Copa da Inglaterra, vencendo o todo-poderoso Manchester City na Champions, mas perdendo para o Leicester na decisão da FA Cup.
Tuchel conquistou a primeira taça do Chelsea no Mundial de Clubes da FIFA contra o Palmeiras, na prorrogação, e na temporada seguinte e chegou às finais da Copa da Liga Inglesa e da FA Cup, mas foi derrotado em ambas pelo Liverpool nos pênaltis.
Ao deixar Stamford Bridge em setembro de 2022, Tuchel encerrou seu mandato com uma taxa de vitórias de 60% - a quarta maior de um técnico do Chelsea em 100 jogos.
Tuchel retornou à Alemanha em março de 2023 para comandar o Bayern de Munique após a saída de Julian Nagelsmann e levou o clube ao 11º título da Bundesliga nos últimos jogos da campanha.
No entanto, o Bayern de Tuchel tropeçou e terminou em terceiro lugar uma temporada depois - a pior posição do clube na liga desde 2010.
Na elite da elite
A sala de troféus de Tuchel obviamente fala por si só e, como tal, o fato de ele ter conduzido seus clubes em grandes palcos o coloca ao lado de alguns dos melhores gestores do futebol moderno.
Desde que chegou ao Dortmund em 2015/16, o aproveitamento de Tuchel, de 65,6%, só é superado por Pep Guardiola e Massimo Allegri entre os treinadores que comandaram 200 ou mais jogos nas cinco principais ligas da Europa.
Tuchel venceu 40 das 67 partidas da Liga dos Campeões (59,7%) que disputou. Apenas Guardiola e Louis van Gaal tem números melhores com um mínimo de 50 jogos.
Na Premier League, seu recorde de 55,6% de vitórias é superado por apenas oito treinadores.
Isso o coloca em uma lista que inclui Sir Alex Ferguson, José Mourinho, Arsene Wenger e os já mencionados Guardiola e Klopp.
Controle total
Tuchel sempre intrigou em termos de seu estilo de jogo e de sua flexibilidade quando necessário.
Ele utilizou principalmente defesas com quatro zagueiros durante suas passagens pelo Dortmund e PSG, mas no Chelsea utilizou principalmente uma defesa com três zagueiros.
Mas uma coisa que não será negociável para Tuchel é que seus jogadores tenham a posse de bola para controlar os jogos.
No Chelsea, sua equipe detinha 62,2% da bola em média a cada jogo.
Esse é o segundo maior número de todos os técnicos com um mínimo de 50 jogos, atrás apenas de Guardiola, do City.
As equipes de Tuchel costumam ser bastante estruturadas. Manter a bola pode ser a melhor forma de defesa, e o Chelsea teve um período em que foi extremamente organizado sob o comando de Tuchel, registrando números impressionantes.
Os Blues mantiveram a incrível marca de 18 jogos sem sofrer gols em seus primeiros 24 jogos, e esses são os números que Tuchel tentará reproduzir na Inglaterra.
Reunião com Kane
Um dos jogadores da Inglaterra que pode se beneficiar muito com a contratação de Tuchel é o capitão Harry Kane. Os dois já se conhecem bem.
Kane jogou sob o comando do alemão no Bayern, realizando uma campanha impressionante ao registrar 44 gols em 45 jogos.
Desses tentos, 36 foram marcados em 32 jogos da Bundesliga, o que lhe rendeu uma média de 79 gols por jogo - sua melhor média da carreira.
Entre os jogadores que jogaram pelo menos 2 mil minutos com um técnico na Bundesliga, Kane só é superado por Robert Lewandowski sob o comando de Hansi Flick.
As 12 assistências que Kane registrou na última temporada também não devem passar despercebidas, já que é notório o quanto seu jogo se tornou completo.
Kane emergiu como um dos melhores passadores de bola e, com frequência, joga em profundidade para mostrar sua variedade e alcance.
No entanto, isso nem sempre deu certo para Kane na Inglaterra, especialmente na Euro 2024, quando não havia muitas saídas para ele escolher.
No Bayern, Tuchel apoiou Kane, cercando-o de velocistas e jogadores diretos, e isso é algo que ele pode replicar na Inglaterra.
Há uma abundância de talentos ofensivos à sua disposição, mas é apenas uma questão de Tuchel encaixar as peças e encontrar um equilíbrio.